quarta-feira, 22 de junho de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (08)

 
Os nossos liberais, verdadeiro caso de estudo internacional, detêm hoje o pensamento mais resistente à realidade. 

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Face a qualquer dificuldade, há mercado a menos, impostos a mais e a regulação do Estado (…) atrapalha os privados e os seus interesses (…).

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[Por exemplo] Carlos Guimarães Pinto, deputado e um dos ideólogos do partido, defendeu o seguinte no Parlamento: i) não há problema com a excessiva absorção de casas pelo alojamento local nos centros das grandes cidades, há sim um problema de construção privada a menos no país.

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[Tem de haver] uma quota significativa de habitação pública para garantir o acesso a um teto como direito elementar.

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[Para os liberais] há muito interior por povoar e é lá que o Estado pode desenvolver as suas políticas públicas, em vez de importunar a indústria do alojamento local no Porto ou em Lisboa.

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Estas ideias, por mais trendy que se tenham tornado em certos circuitos, são a defesa do status quo e são tudo menos novas. 

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Vingam os mais ricos, os mais fortes, os que tiveram a sorte de herdar recursos.

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Será provavelmente “xenofobia” lutar contra a multinacional que extrai os recursos de um território e se apropria das mais-valias.

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Será “discriminação” lutar contra os fundos de investimento estrangeiros que geram processos especulativos apropriando-se de zonas inteiras das cidades.

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Fora das cabeças liberais e da sua terminologia, contudo, a estes processos tem-se chamado neocolonialismo.

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Embora com outro discurso, os governos não têm feito, na habitação, muito diferente daquilo que a IL diz.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Um dos argumentos com que a direita couraça o seu frenesim em promover o negócio da saúde é que alguns dos proclamados defensores do SNS são os seus melhores aliados.

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Talvez também seja tempo de levar a sério o argumento sobre os cúmplices no desmantelamento do serviço público de saúde. 

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Desde há muitos anos que a batalha política sobre o SNS é essencial na definição futura da democracia para a vida coletiva.

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É portanto a saúde que se disputa. Há duas fortes razões para isso: é o melhor negócio do mundo.

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E é o último reduto da confiança na coisa pública, pelo que a luta pelo seu desmantelamento é um projeto estratégico que pode definir Portugal por gerações. 

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O guião [para a destruição do SNS] é simples, se bem que trabalhoso.

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Limitar o SNS à especialização em altos custos com intervenções complexas em instalações degradadas, empurrando a chamada “classe média” nos casos correntes para o conforto do atendimento simples em hotelaria melhorada.

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[Deixar] aos hospitais públicos o serviço de retaguarda para os pobres.

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Evitar o investimento [público na saúde] é a segunda regra importante. 

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A terceira regra é destruir o sistema. 

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Com mais urgências e com falta de profissionais em várias especialidades, o que é visível no SNS é a sua asfixia.

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A quarta regra para destruir o SNS é (…) a pressão salarial sobre os profissionais mal pagos.

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É um sucesso, já há hospitais em que mais de metade do serviço de urgência é constituído por estes recursos [a tarefeiros].

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A quinta regra, não menos importante, é azucrinar a vida dos profissionais com engodos de “reformas estruturais”.

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A última, que fez furor na campanha eleitoral, foi a promessa de pagamento reforçado a quem fizesse mais de 500 horas extraordinárias por ano [mas é uma fraude].

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Como já percebeu, se este é o guião para destruir o SNS, o seu executante é o governo Costa.

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Para salvar o SNS, será necessário impor uma frente de forças que vença o lobby dos hospitais privados que domina o partido do governo e que é o melhor aliado da privatização da saúde.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Os excelentes resultados globais, apresentados pela desvergonha propagandística de um serviço [do Ministério da Educação] são caricatamente resumidos, por outro serviço, à mediocridade que a soma das partes evidencia.

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A manipulação dos resultados educativos, superestimando o que realmente os alunos aprendem, é absurda e irracional.

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Na Educação há um padrão recorrente nas políticas do Governo: perante os factos problemáticos, não procura soluções; prefere alterar os factos, manipulando os dados, para escamotear a realidade.

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Entre Janeiro e Abril deste ano, a Segurança Social processou menos 45 mil pagamentos relativos a subsídios de educação especial, que se destinam a crianças com dificuldades educativas severas.

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O novo quadro legal da mobilidade por doença faz prever que muitos professores, dramaticamente carentes de beneficiar do regime, vão deixar de preencher os requisitos de índole administrativa e as baixas médicas de longa duração vão aumentar.

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Temos hoje, convenientemente, já se vê, um processo de formação contínua de professores, cuja característica distintiva é torná-los radicalmente cegos para tudo o que se oponha à narrativa da pedagogia religiosa do ministro e dos seus lobitos.

Santana Castilho, “Público” (sem link)


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