sexta-feira, 21 de outubro de 2022

CITAÇÕES

 
Pois olhe que esse hábito [de o discurso oficial variar entre o catastrofista e o triunfalista] faz a lei e as últimas semanas deram-nos disto dois exemplos grotescos.

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E pode-se até perguntar como é possível que sejam os mesmíssimos protagonistas a dizer uma coisa e outra, porventura no mesmo discurso.

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Pois olhe que esse hábito faz a lei e as últimas semanas deram-nos disto dois exemplos grotescos.

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O primeiro exemplo é o da devolução de €1000 milhões que cerca de 300 empresas receberam na zona franca da Madeira ao longo de 15 anos.

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A razão para esta decisão é que a legislação europeia, e foi aplaudida pelas autoridades portuguesas.

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estabelece que, para beneficiar de generoso benefício em IRC (…), a empresa tinha de criar emprego. Um posto de trabalho que fosse, não era pedir muito, mas nem isso acontecia.

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João Pedro Martins mostrou que um pequeno apartamento no Funchal tinha 1000 empresas; trabalhadores, nem vê-los. 

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Passarem lucros invisíveis e impostos nulos pelos registos tem efeito zero, ao passo que um posto de trabalho é uma vida.

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As empresas protestaram, o privilégio é sempre um conforto. 

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Como não devia acontecer, o governo regional defendeu-as, preferindo o benefício estratosférico aos salários de quem vive na sua terra e, surpresa ou não, o Terreiro do Paço concordou.

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Falta uma palavra [dos eurodeputados do PS] sobre o seu Governo, que até pressiona o tribunal a falsificar as regras.

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Dizem-nos que precisamos deles [nómadas digitais] (…) para que o país aceite a condição óbvia de que sejam protegidos por uma lei especial que lhes garanta impostos acolhedores.

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Entretanto, a engenharia social do Governo criou duas vias verdes fiscais para estes ‘nómadas’. A primeira já está bem experimentada, é a taxa de 10% de IRS para os “estrangeiros residentes não habituais”.

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Quem quer que tenha rendimento coletável mensal acima de €508 paga uma taxa de 14,5%, mas aquele “residente não-habitual” pagará menos, qualquer que seja a sua pensão ou salário.

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A segunda invenção fiscal é para os criptoespeculadores. 

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Se for criptolucro, não importa, qualquer que seja o valor, paga zero se esperar um ano, uma ninharia se não o fizer.

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Isto não paga como sendo um rendimento — é um privilégio e paga como tal.

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Foi “um burburinho muito grande” [das Associações da Criptoeconomia] com essa extravagância de terem de pagar imposto. 

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

O pior pesadelo para os conservadores britânicos teve um rosto por 45 dias.

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A demissão de Liz Truss, inevitabilidade num Governo com a primeira-ministra mais irresponsável e impreparada de que há memória, foi o último acto de um percurso meteórico de seis semanas.

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Foi preciso mercado e mais Estado para lidar com a hecatombe provocada por tanta fé do "think tank" liberal na lírica mão invisível de Smith.

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Não é só o Reino Unido que mergulha em mais uma crise de sucessão, é o Partido Conservador que trata de tentar escapar à morte.

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Muitos são aqueles que defendem o regresso do ex-primeiro ministro [Boris]. 

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Um contra-senso, regresso ao passado demasiadamente próximo e um tiro no pé que os conservadores certamente evitarão.

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A aposta numa solução de rigor técnico e de aventureirismo-zero é o único caminho que permitirá encurtar distâncias para o Partido Trabalhista de Keir Starmer até às próximas legislativas.

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Poderá ser o povo a declarar a independência do Reino Unido em relação ao Partido Conservador.

Miguel Guedes, JN

 

Havia alguma curiosidade em saber como reagiria publicamente a IL à catastrófica saída de Liz Truss na sequência da sua ainda mais catastrófica desacreditação política.

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Os 45 dias de Liz Truss foram a melhor (no sentido de a mais aproximada) concretização de uma visão política, e económica, neoliberal e das respectivas consequências na economia e nos mercados.

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O colapso de Liz Truss representaria sempre um golpe na credibilidade da IL, mas, e como em política as pessoas se atrevem pelas mais improváveis escapatórias, tínhamos de esperar pela defesa do partido.

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A IL poderia ter dito várias coisas e, por muito que não tivesse razão nas suas alegações, elas seriam sempre discutíveis.

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A análise de uma catástrofe é sempre complexa e nessa complexidade existe a margem necessária para negar ciências exatas como a de estabelecer uma relação causa/efeito entre as políticas em causa e os impactos a que todos assistimos.

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Mas não. Os liberais, que já nos tinham habituado à extrema criatividade através dos seus cartazes, não desiludiram.

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Pode até continuar a defender essas políticas depois de se terem revelado desastrosas, mas, em princípio, não deveria poder descer a este nível de desonestidade. Mas pode.

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[Liz Truss] diminuiu a receita fiscal entre os mais ricos, mas acabou por assustar os próprios mercados financeiros e provocar uma queda acentuada no valor da moeda.

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Mas vamos à análise da IL: Liz Truss aumentou a dívida pública como os socialistas fazem.

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Não é má análise política o que está aqui em causa. É apenas sobrevivência e a mais descarada lata.

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[A IL] encarregou-se em definitivo de mostrar quem é: um grupo de irresponsáveis que acreditam que conseguem confundir os portugueses sobre o que é socialismo e o que é liberalismo.

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O neoliberalismo já tinha dado grandes provas de não funcionar, mas nunca tinha sido tão rápido.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

É conhecido que o sistema alimentar de hoje apresenta fragilidades, pois muito embora a quantidade de alimentos que produzimos anualmente continue a aumentar (mas com enorme impacto ambiental), o número de pessoas que vive sem acesso a alimentos e em insegurança alimentar mantem tendência crescente.

Marta Correia, “Público” (sem link)


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