sábado, 15 de outubro de 2022

MAIS CITAÇÕES (202)

 
De facto, em troca de uma chuva de borlas fiscais, ao ponto de as deduções de prejuízos deixarem de ter prazo-limite (…), [os patrões] tiveram de fazer a vaga promessa de um aumento dos salários de 5,1% para o ano que vem, incluindo promoções.

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Mesmo que estes 5,1% chegassem para o objetivo, são indicativos, usando a possibilidade de reduzir o IRC, que só metade das empresas paga, como cenoura.

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Valem nada em comparação com tudo o que de concreto foi conseguido pelas associações patronais. 

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Os patrões não negociaram bem porque não tiveram de negociar.

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A UGT assina os [acordos] todos.

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A UGT acha que a negociação não exige luta e cada acordo é uma prova de vida.

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Um acordo sobre rendimentos assinado à pressa [com os patrões] tem mais de apoio às empresas do que de reforço de rendimentos.

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Na realidade, a queda da dívida pública não teve qualquer mérito do Governo. Resulta do crescimento real da economia, depois da pandemia, e da inflação, depois do começo da guerra, o que levou a um crescimento nominal das receitas do Estado. 

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[O Governo] não permitiu que os salários dos funcionários públicos acompanhassem a inflação e o crescimento da receita.

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Transferiu para eles a dívida do Estado.

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Como Passos, o discurso de Fernando Medina foi centrado na fantasia de que as taxas de juro dependem do nível da nossa dívida.

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Tudo depende de decisões do BCE.

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Perante a recessão na Alemanha e na Europa, não sei para onde irão [as nossas exportações].

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Prever inflações improváveis é a forma de vender cortes (reais) como se fossem aumentos (nominais). 

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Os escalões próximos do salário mínimo são protegidos, porque não aguentariam perder mais.

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Mas o resto dos trabalhadores já foi abandonado à sua sorte.

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No presente a produtividade sobe e os salários reais caem a pique, numa transferência de rendimentos do trabalho para o capital maior do que no tempo de Passos.

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Até junho tivemos um aumento médio dos salários de 3,6% para uma inflação que, na versão otimista, andará pelos 7,4%.

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No Estado, depois de aumentos na Função Pública de 0,9% em 2022, o Governo propõe para 2023 um aumento médio de 3,6%.

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A estabilidade das contas públicas consegue-se à custa da instabilidade das contas das famílias.

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Não é por vir com um laçarote socialista que esta prenda merece menor revolta.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O objetivo [de "aumentar o peso dos salários no PIB de 45% para 48% até 2026"] exige o esforço de uma maratona.

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Este ano, muitas centenas de milhares de trabalhadores, desde logo da AP, vão perder o salário de um mês. Os outros têm perdas significativas, com exceção dos que auferem o SMN.

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O Governo sabe que não há melhoria geral de salários sem contratação coletiva e esta continuará bloqueada.

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O primeiro-ministro, a ministra do Trabalho e todos os que andaram a justificar a não atualização das pensões de acordo com a lei não têm vergonha de terem martelado contas e criado suspeição sobre a Segurança Social?

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As suas [do ministro da Economia] peias ideológicas é que o impedem de ver que nos processos de privatizações, alguns reivindicavam proteção ao capital nacional e à primeira oportunidade venderam as empresas a estrangeiros.

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[O ministro] identifique o rol de benefícios fiscais e outros que estão inscritos no recente Acordo de Concertação e descubra os riscos que os empresários assumiram como contrapartida.

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Os portugueses não são contra as empresas e os empresários, mas têm direito a melhor distribuição da riqueza.

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Se o austeritarismo não resolveu as crises anteriores, não é agora, quando os problemas não resultam nada dos salários e do consumo, que vai resolver.

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Há que ir para a rua exigir rigor e soluções.

Carvalho da Silva, JN

 

Ocupar altos cargos, políticos ou não, normalmente requer a oportunidade de acesso a uma boa educação.

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Não chegar a uma universidade faz com que o indivíduo tenha uma restrição em relação aos inseridos na comunidade académica, das possíveis oportunidades de carreira que poderão seguir.

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Ter representantes de todas as camadas sociais nas mais diversas áreas revela-se importante, visto que só o oprimido é suficientemente capaz de relatar e fazer serem debatidos os graus da sua opressão.

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[Enquadrar alguém como “traiçoeiro”] parece ser uma forma de simplificar o processo para os juízes, ou seja, se o réu é cigano não haverá muito mais a apreciar.

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Não haver presença de uma determinada camada da sociedade em instituições de poder cria uma noção de “nós contra eles”, em que “eles” são inimigos dos bons costumes.

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É preciso reconhecer quem são “eles” em nome de prosseguir uma ideia verdadeira de “nós”, para que as leis e as sentenças sejam feitas por nós e sirvam para nós — a comunidade residente em Portugal, não só a comunidade portuguesa.

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Não parece ser concebível estudar de forma suficiente a ciência jurídica sem tocar de forma mais profunda a ciência que se versa sobre as relações sociais.

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Sejamos nós a ajudar a tirar a “capa da invisibilidade” dos que a portam de forma indesejada, para que eles possam passar a viver entre nós e não apenas sobreviver.

Stefanie Santos, “Público” (sem link)

 

Sei que parte da estratégia de Trump é repetir tantas vezes uma mentira, e com tanta convicção, que ela acaba por tornar-se verdade.

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A quantidade de vídeos de líderes da extrema-direita um pouco por todo o mundo a apoiarem Bolsonaro, uma espécie de “vamos dar as mãos e cantar uma canção”, fez-me sonhar com a união de todos eles. Mas longe daqui.

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Pus-me a pensar se não seria mais fácil, em vez de tentarem tão activamente destruir a terra, irem inaugurar outra e fazerem por lá o que bem entenderem.

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Já existe, na cabeça deles, um outro mundo, um mundo muito próprio, onde coabitam. Resta mudarem-se para lá. Por outras palavras: Fascistas, vão para a vossa Terra! Ela espera por vocês.

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Para quê tentar fazer desta terra “grande outra vez” se podem fazer uma que seja grande desde o começo?

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Convenhamos que a pátria de que falam não é tanto o próprio território, como querem alegar, quanto os ideais que partilham. E esses podem ser implantados em qualquer outro sítio.

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Talvez se apercebessem logo na viagem de que não têm um plano concreto além de odiar, e que isso se torna mais complicado se não tiverem o que odiar.

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Talvez começassem a entrar em pânico ao perceber que não são nada sem os objectos do seu ódio. 

Madalena Sá Fernandes, “Público” (sem link)


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