quarta-feira, 23 de novembro de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (29)

 
Afinal, a mudança nas compensações por despedimento, que já era mínima, vai ser aplicada como os patrões exigem, isto é, não vale para trás.

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Vieira da Silva, à época deputado do PS na oposição, arrasou no Parlamento a medida da direita [que a fixou nos 12 dias] e defendeu a manutenção do valor da compensação nos 20 dias.

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Durante o período da geringonça (…) o primeiro-ministro preferiu abrir uma crise política do que mexer na proposta que, para benefício patronal, tinha ido “além da troika”.

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PS negou-se sempre a tocar noutra regra fundamental (…) aquela que impede um trabalhador de contestar um despedimento que considere ilícito se não devolver ao patrão a totalidade da compensação.

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[Esta norma] dá eficácia a milhares de despedimentos, mesmo quando não cumprem os preceitos da lei e são feitos para substituir trabalhadores com direitos por precários mais baratos.

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Os trabalhadores inibem-se de se defenderem, mesmo quando sabem que poderiam, eventualmente, ganhar o processo contra a empresa.

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Num passo ilógico, a lei presume que, se o trabalhador não devolve a compensação, o despedimento é lícito.

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O tema dos despedimentos voltou à baila com o “acordo de rendimentos”. Já se sabia que este é de um profundo desequilíbrio a favor dos patrões.

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Para os patrões fica a certeza de benefícios fiscais e a possibilidade de deduzirem prejuízos sem qualquer limite temporal.

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O PS apresentou [esta semana] no Parlamento a medida anunciada pelo governo, os patrões protestaram porque não querem que ela seja aplicada já e a Ministra veio fazer eco, nos seus exatos termos, do que os patrões exigiram.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Isto das mulheres, aquilo dos trabalhadores mortos nos escombros dos estádios [do Qatar], imaginem que até perguntaram pelas leis que proíbem que se seja LGBT, os dinamarqueses não se calaram.

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Incomodaram, isso sim. 

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Macron, que gosta da pose como se sabe, acabou por ter que dizer que só vai de meia-final para cima. 

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Outros países (…) lá tiveram que desgraduar a visita para um qualquer Secretário de Estado.

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[A Dinamarca] anunciou que nenhum ministro ou membro do governo, nem sequer o embaixador, se fariam representar no espetáculo.

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Tenho para mim que a rainha [da Dinamarca], quieta lá no seu palácio, deve ter sido quem conspirou toda esta marosca.

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Por isto, a atitude dos nossos Grandes [governanates] é um alívio. (…) varrem a temporada de grupos e depois, assim espero, acotovelar-se-ão todos em cada um dos jogos seguintes.

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O que eles querem mesmo é ir ao balneário cantar o hino nacional e deixar umas palavras inspiradoras para os alas e para os centrais.

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Cada golo que marcarem, e vão ser chusmas deles, vai ter a marca de Marcelo, de Augusto e de António.

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Deixem-se disso de milhares de mortos, de mulheres caladas, de imigrantes explorados, de gays e lésbicas condenados, que ninharias comparado com a grandeza da bola que desliza no relvado!

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

É que relevar a corrupção, o racismo e o sexismo da indústria do futebol já era um desporto mais exigente do que o próprio, mas no Catar, o patamar elevou-se.

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Pedem-nos que ignoremos o desrespeito pelos direitos humanos, o trabalho escravo e as mortes na construção dos estádios e o facto desta grande festa do futebol mundial acontecer num país pouco amigo da democracia.

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É de facto bastante difícil seguir os conselhos do nosso presidente, esquecendo o assunto e concentrando o discurso no apoio à seleção.

Capicua, JN

 

Tenho simpatia pelo activismo climático por me parecer uma causa inteiramente justa e racional.

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Quanto às críticas que lhe são feitas, (…) têm que ser construtivas e justas, o que nem sempre acontece.

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Se é difícil apresentar soluções tangíveis para o problema, os activistas devem pelo menos gerar debate e empatia para a causa.

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Aqui começa o primeiro desafio destas manifestações. “Unir Contra o Fracasso Climático” parece-me um terrível erro de comunicação. 

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Os jovens activistas precisam de melhor marketing. Que tal “Unir forças pelo sucesso climático"? Provavelmente iria gerar mais união e empatia.

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Foi claro o pedido de reunião com o Ministro da Economia. Mas não terem uma proposta para além de exigir a sua demissão (mais uma vez, uma proposta negativa) é decepcionante.

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Até porque propostas para pôr em frente de um Ministro da Economia sobre os pontos principais do protesto (fim dos combustíveis fósseis) não faltam.

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O activismo deve ser construtivo e apresentar ideias válidas – não lhe basta ter uma causa justa.

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O activista incomoda e não há problema com isso, mas não deve ser humanamente injusto. Não basta à causa ser justa, há também que proceder com justiça, tolerância e compaixão.

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Não há nada tão poderoso como uma causa justa cujo tempo chegou. E esta é a causa do nosso tempo.

Pedro Faria, “Público” (sem link)

 

O Ministério da Educação quer atribuir a conselhos locais de directores a responsabilidade de seleccionar os professores e passar de quatro para cinco anos os concursos destinados aos dos quadros.

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Aparentemente, desaparece a natureza nacional dos concursos de colocação, esvai-se a mobilidade interna e os professores deixam de poder escolher as escolas onde querem trabalhar.

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Das metáforas e imprecisões (os professores não são todos obrigados a concorrer de quatro em quatro anos) com que [Costa] embeleza as suas tiradas cínicas, exala sempre o mesmo cheiro hipócrita e falso.

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O que está em causa é substituir a escolha, apesar de tudo ainda livre, do professor, pela decisão da administração, com todo o correlato surto de iniquidades que daí advirão.

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O que está em causa é a imposição de uma engenharia de gestão, que subordina os mais elementares direitos humanos dos professores e à educação dos alunos, aos mais mesquinhos interesses da austeridade da página virada.

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O que está em causa é uma proposta que agravará as desigualdades entre as regiões e as crianças e tornará ainda mais precária a vida dos professores, coagindo-os a trabalhar onde não querem.

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Este é o último prego no caixão que enterrará a carreira e o derradeiro lance para desregular definitivamente a transparência da provisão pública das necessidades docentes.

Santana Castilho, “Público” (sem link)


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