domingo, 27 de setembro de 2015

RESPOSTAS DO BLOCO AO QUESTIONÁRIO APRESENTADO PELA APRe!


Ainda em altura de pré-campanha eleitoral e na sequência de reuniões com diferentes partidos políticos, a APRe! apresentou-lhes um questionário, comprometendo-se a “dar conhecimento integral das respostas aos seus associados”.
No que diz respeito ao Bloco, a resposta ao questionário, assinada pela Coordenadora, Catarina Martins, foi a seguinte:

PONTO 1 – AS PENSÕES
Relativamente às pensões, o Bloco de Esquerda (BE) considera que as pensões constituem um direito inalienável e que, portanto, as medidas adoptadas por este Governo configuram um roubo, contribuem para pôr em causa a coesão social, ofendem as pessoas e a sua dignidade e minam a democracia. Assim, o BE
1. não admite qualquer tipo de redução ou corte nas pensões em pagamento;
2. defende a reposição integral das pensões no curto prazo bem como a sua actualização acabando com o congelamento actual;
3. defende a reposição das tabelas de retenção e das taxas/escalões do IRS em vigor antes das imposições da Troika bem como a abolição da sobretaxa do IRS.

PONTO 2 – IDADE E TIPO DE REFORMA
O BE defende o direito à reforma sem penalização a quem trabalhou e descontou 40 anos ou a quem atinja os 65 anos de idade e lutará pela convergência do rendimento dos reformados e pensionistas, inferior ao salário mínimo, para um valor equivalente a este através de vários mecanismos de protecção social. Assim, o BE:
1. não tem uma posição sobre esta questão por não ter sido ainda discutida;
2. está absolutamente de acordo com a isenção em sede de IRS do “complemento por dependência”.

PONTO 3 – PARTICIPAÇÃO E CONTROLO NO FINANCIAMENTO DA S. SOCIAL
O BE entende que os reformados, como os trabalhadores em geral, têm o direito de estar representados nos órgãos onde se decide sobre a vida deles. Assim, o BE:
1. concorda plenamente com a participação de representantes dos reformados em todos os órgãos referidos;
2. está disponível para estudar a possibilidade de apresentar essa iniciativa, isolado ou em conjunto com outras forças políticas.

PONTO 4 – SUSTENTABILIDADE DA SEGURANÇA SOCIAL E DOS REGIMES DE PENSÕES
Embora o sistema de Segurança Social como o conhecemos não esteja falido (o “Ageing Report 2015” da Comissão Europeia reafirma a sustentabilidade do sistema de pensões português pelo menos até 2060) é tempo de considerar as alterações que se verificam na sociedade com a evolução tecnológica, com os modos de produção e a criação de valor. Estas transformações aconselham a adopção de um outro modelo de financiamento que garanta a distribuição correcta do esforço de financiamento da segurança social. Assim, o BE:
1. considera que é inadiável a adopção de soluções diversificadas das fontes de financiamento e propõe a criação de uma taxa sobre o Valor Acrescentado das grandes empresas para financiamento solidário da segurança social e de reforço do Fundo de Estabilização da Segurança Social (FESS), excluindo expressamente as PME dado que a fragilidade da economia portuguesa aconselha a que não se aumentem os custos para estas empresas;
2. defende o actual modelo de Segurança Social;
3. esclarece que a discussão interna sobre este assunto ainda não está concluída;
4. defende o sistema público de pensões e não pretende propor a sua substituição.

PONTO 5 – OUTRAS MEDIDAS DE APOIO AOS IDOSOS
O BE entende que a defesa dos idosos passa pela luta contra a exclusão e isolamento humano e social, pela erradicação da pobreza, pela devolução de condições de vida digna. Assim, o BE compromete-se a lutar nas seguintes frentes:
1. pelo direito à habitação com a revisão da lei das rendas, nomeadamente alargando o período de transição de 5 para 15 anos e criando um regime de subsídio de renda que permita ao inquilino continuar na habitação terminado o período de transição; com a atribuição de um subsídio de habitação para proteger famílias em situação de carência face à queda abrupta e involuntária dos rendimentos do trabalho e/ou pensões; em articulação com as autarquias, a adopção de medidas que permitam a mobilidade e o apoio domiciliário, incluindo serviços de saúde, combatendo o isolamento social dos idosos; com a generalização a todo o território nacional de medidas tendentes a reduzir o custo da energia, da água e das taxas de lixo e saneamento para agregados familiares carenciados;
2. pelo direito à saúde com garantia de um médico de família/assistente a todos ospensionistas e reformados e/ou maiores de 65 anos; com prioridade aos pensionistas e reformados e/ou maiores de 65 anos e às pessoas com doenças crónicas nas listas de utentes das USFS e se não houver médicos suficientes que lhes seja atribuído um enfermeiro de referência; com horários de atendimento nas Unidade de Saúde das 8 às 20, com prolongamento em alturas de maior necessidade (gripe, epidemias, frio, calor....), garantindo uma medicina de maior proximidade e garantia de linhas directas de telefone nas unidades de saúde, atendidas por enfermeiros; com abolição das taxas moderadoras no caso de doenças crónicas ou maiores de 65 anos; com dedução de despesas associadas à prestação de cuidados, à adaptação do domicilio, ao apoio de segunda pessoa, sempre que haja necessidade comprovada, e custos de deslocações para tratamentos médicos a pessoas com doenças crónicas.
3. pelo direito à inserção social com novas políticas de transportes e de programas sociais em que sejam garantidos e/ou introduzidos descontos de 50% em bilhetes simples e/ou passes sociais para pensionistas e reformados e/ou maiores de 65 anos nos transportes ferroviários, rodoviários e fluviais, sejam urbanos, suburbanos ou de longo curso; em que seja criada legislação que garanta um desconto de 50% a pensionistas e reformados e/ou maiores de 65 anos na entrada em todos os espaços culturais geridos pela administração central, regional ou local e empresas públicas ou municipais; com a apresentação de uma proposta de lei para criação de um gabinete de apoio à população sénior em cada freguesia ou união de freguesias com competências de acompanhamento e intervenção.

PONTO 6 – MEDIDAS POLÍTICAS SOCIAIS GERAIS
A questão da natalidade e da demografia são muito importantes mas o BE não defende que a sustentabilidade da Segurança Social esteja em causa pelos baixos níveis daquelas. Assim, o BE:
1.considera que políticas de promoção da natalidade são centrais mas nenhuma será eficaz sem emprego e sem salário dignos. É urgente criar emprego que permita estancar a sangria da emigração e também o regresso de emigrantes e a atracção de imigrantes. 

Sem comentários:

Enviar um comentário