domingo, 25 de outubro de 2015

OCUPAÇÃO ISRAELITA DO TERRITÓRIO PALESTINIANO NÃO É UM DADO ADQUIRIDO


A ocupação ilegal por parte de Israel dos territórios palestinianos não pode passar despercebida aos olhos do mundo já que é uma situação que não sendo resolvida com um mínimo de equidade conduzirá a uma fonte de conflitos permanentes, com derramamento de sangue pelas duas partes em disputa, em especial dos palestinianos, sem dúvida, o elo mais fraco.
É importante que se repita até à exaustão, se possível, que Israel ocupa territórios que não lhe pertencem e que, por esse motivo, já foi alvo de várias Resoluções da ONU, nunca cumpridas pelo estado sionista, sob a protecção norte-americana. Trata-se de uma situação que se banalizou de tal maneira que passou a ser considerada como que um dado adquirido. Os maus da fita, os palestinianos que vêem a sua terra indevidamente ocupada, são apelidados de “terroristas”, enquanto os ocupantes pretendem apresentar-se como vítimas. Um mundo ao contrário no Médio Oriente, como em muitas partes da Terra.
É, pois, de elementar justiça que se denuncie ao máximo a realidade do conflito Israel-palestiniano para que não aconteça sermos colocados perante uma mentira que à força de ser repetida indefinidamente se transforme em verdade. É exactamente esse o objectivo que se pretende atingir com a divulgação do seguinte texto da autoria do Embaixador da Palestina, Hikmat Ajjuri, que transcrevemos do Expresso de ontem.
Barack Obama, ao discursar na universidade do Cairo, motivou moralmente os palestinianos. O líder mais poderoso do mundo, por fim diagnosticava corretamente o “drama” da Terra Santa, que, se não pode ser considerado o coração do mundo, pode, pelo menos, ser considerada o coração do Médio Oriente, tal é a sua influência na estabilidade da região.
Apontou os colonatos, nos territórios palestinianos, como o obstáculo central ao alcance da paz naquela região. Rabin, o falecido primeiro-ministro israelita – único líder visionário na história de Israel – disse, em 1976, que Israel seria um estado de apartheid se continuasse a ocupar o território palestiniano, apelidando os colonatos na terra palestiniana, de “cancro”.
Tal como na medicina, um tratamento só é eficaz quando o diagnóstico feito é o correto. Se Rabin ou o Presidente Obama tivessem feito o tratamento adequado a este tipo de cancro, ou, pelo menos, tivessem congelado a expansão dos colonatos, teriam salvo milhares de vidas inocentes na Terra Santa e teria sido colocada a infraestrutura-base para a fundação do Estado da Pelestina ao lado do Estado de Israel. Nada disto aconteceu pois, por um lado, Rabin foi assassinado por um terrorista judeu, que quis evitar qualquer hipótese de congelamento da expansão de colonatos, e por outro, o Presidente Obama cedeu à política interna ditada pelo lóbi sionista.
No Conselho de Segurança, em muitas das suas Resoluções, apelou-se a Israel para que cessasse a criação de colonatos, internacionalmente considerados ilegais. Mas, apesar de todos os apelos, Israel continua a sua construção ilegal, com impunidade garantida pelos vetos dos Estados Unidos e do vergonhoso silêncio do mundo, corroborado também pelo silêncio de Obama no seu discurso da 70ª Assembleia Geral da ONU em setembro deste ano, ignorando totalmente as injustiças e o sofrimento dos palestinianos. Atitude contraditória com o espírito de um Prémio Nobel.
Esta postura em conjunto com o flagrante desafio israelita à legitimidade internacional envia uma mensagem desmoralizadora aos palestinianos, que vivem sob a ocupação israelita, a mais longa e opressiva da História. Inevitavelmente, os palestinianos interpretaram esta injustiça como uma traição. Tornando-se assim questionáveis as suas aspirações em alcançar os objetivos de liberdade do cativeiro e escravidão desta monstruosa ocupação israelita por meios não-violentos.
Até agora, a legítima liderança palestiniana é clara em dizer que fará tudo o que lhe for possível para não militarizar esta revolta palestiniana. Mas, ao mesmo tempo, como é que alguém pode conter esta revolta quando Israel, o poder ocupante faz de tudo para que a Terra Santa se transforma num cemitério de esperança para os palestinianos. Qualquer tentativa de alguém, inclusive da impotente Administração norte-americana, para sustentar o insustentável statu quo, em vez de encontrar o estado omisso da Palestina ao lado de Israel, só irá conduzir a mais sofrimento a todos os habitantes da Terra Santa. Uma maçã caiu e Newton descobriu a lei da gravidade, dezenas de milhares de habitantes inocentes da Terra santa caíram até hoje, e ainda ninguém descobriu a lei da humanidade.

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