domingo, 19 de setembro de 2021

MAIS CITAÇÕES (147)

 
Este fanatismo [por uma realidade distorcida] não é forjado pela convicção, mas por uma realidade paralela, tão poderosa como a de todos nós. 

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O efeito da repetição e da partilha de uma mesma realidade distorcida desinibe, dá força, leva à ação.

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Para não ir na voragem da incomunicabilidade, estou a fazer um esforço para compreender a turba ensandecida que aponta megafones para um restaurante e chama “assassino” à segunda figura do Estado, enquanto ele almoça com a sua família. 

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A aplicação exemplar da lei também é uma chamada para a realidade, para que não se convençam que passou a ser normal o que nunca foi.

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Aceitar que, passada a fase aguda, viveremos com mais um vírus entre nós. Tirar as máscaras na rua, depois nos espaços fechados. 

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Prolongar o que não tem de ser prolongado é fabricar negacionistas. 

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As manifestações de ódio, que noutros países perigam a vacinação, são o termostato a funcionar.

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Agora, concentremo-nos em vacinar as populações dos países pobres, de onde podem vir novas variantes.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Com a vacinação a liderar os rankings mundiais, o chalupismo negacionista está bastante circunscrito entre nós.

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É fundamental garantir que quem não se revê no esforço comum, tenha todo o direito a exprimir o seu descontentamento.

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Contudo, nada legitima que se ultrapassem os limites da lei e que se tolere uma escalada de insultos e agressões nas redes sociais, que se transfere sempre para as ruas.

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Há, no momento atual, elementos de descontinuidade que trazem novas ameaças.

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[Com a pandemia] as perturbações emocionais e psicológicas acentuaram-se e, em muitos casos, tornar-se-ão irreversíveis. 

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Em parte, o protesto deve ser tratado como resultante do conjunto de casos clínicos que o formam.

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Depois, as redes sociais, enquanto servem de repositório de frustrações, são instrumentais na disseminação de informação falsa.

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Se sempre existiu um submundo mobilizado pela desinformação, é um erro não reconhecer que há agora instrumentos que são verdadeiras armas de destruição maciça de uma sociedade decente.

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Como sempre acontece, a extrema-direita é particularmente eficaz no modo como instrumentaliza e confere propósito a este tipo de protestos.

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Os chalupas são poucos e a pandemia acabará por passar, mas não desvalorizemos o legado de protesto e as feridas que deixará no tecido democrático.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

O anúncio da construção de um hospital privado em Beja retoma a discussão sobre os papéis do sector público e do sector privado na prestação de cuidados de saúde à população.

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É do conhecimento geral que que a actividade lucrativa da saúde não desistirá de se expandir, sobretudo na área hospitalar,

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Actualmente, o volume de estabelecimentos hospitalares privados e de camas já é superior aos do sector público (114/111 hospitais e 11.281/10.863 camas) (www.jornaleconomico.pt), os meios complementares de diagnóstico e terapêutica também são dominantes nesse sector.

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Será por esta razão que a CIP fez recentemente exigências ao governo para que em sede do Orçamento do Estado para 2022 aumentasse o orçamento da saúde de maneira a fazer face às novas tabelas dos preços praticados aos beneficiários da ADSE.

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No melhor dos casos, como já muitas vezes foi dito, [o SNS ficaria reservado] para aquela faixa da população que não está coberta pela ADSE nem tem acesso a um seguro de saúde.

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Adiar por mais tempo a aprovação [do Estatuto do Serviço Nacional de Saúde], materializando os princípios e orientações da Lei de Bases, é dar um sinal de hesitação quanto ao que fazer.

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O Estatuto perfeito será aquele que dê garantias que as pessoas são cuidadas pelo SNS desde que nascem até que morrem.

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O Estatuto perfeito será aquele cuja abrangência e exaustividade sirva para melhorar a saúde das pessoas, individual e colectivamente consideradas.

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O Estatuto perfeito será aquele que exigirá que do topo à base todos os seus dirigentes partilhem dos valores do SNS, se dediquem exclusivamente a ele, sejam capazes e competentes, tenham o espírito de missão e de serviço à causa pública.

Cipriano Justo, “Público” (sem link)

 

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma das maiores e melhores conquistas da democracia portuguesa porque passou a colocar a saúde como um bem essencial universal, ao alcance de todos, e não como o privilégio daqueles que a podem pagar.

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Mas não nos enganemos: no quotidiano, o que não é público é para quem tem o privilégio de o poder pagar.

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Portugal não tem falta de médicos. O SNS tem falta médicos.

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Concerne aos deveres da ministra da Saúde a preocupação com a falta de condições de trabalho no SNS, que têm levado ao êxodo dos profissionais de saúde para os outros sectores, que dão condições mais dignas.

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A perda dos já especialistas do SNS por falta de cativações é mais evidente desde 2009, com a alteração dos regimes de dedicação exclusiva ao SNS, bem como o crescente apelo para a prática médica fora do SNS.

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É, portanto, clara a urgência na solução que passa por tornar o SNS atractivo.

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primeiro-ministro não deveria contribuir para a desinformação da população em saúde. Mas escolhem-se medidas populistas, que dão votos. 

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Há que projectar a longo alcance os recursos de saúde, humanos e materiais, em Portugal.

Sara Velho Meirinhos, “Público” (sem link)

 

Na Espanha de hoje, como em muitos outros países do mundo dito desenvolvido, a pobreza transformou-se em ser e quase nunca estar.

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Em resultado disso, o fosso cava-se e o país acentua o desenvolvimento a duas velocidades (53% da riqueza está na mão dos 10% mais ricos)

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Mais de um quinto da população espanhola (21%) vive abaixo do limiar da pobreza e o número de pobres cresceu, segundo a Oxfam, 22,9% num ano.

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Como o modelo espanhol de redistribuição e protecção social não consegue responder à situação, muitos grupos sociais estão cada vez mais marginalizados.

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Com o “buraco da desigualdade” gera-se uma “sensação de descontentamento e injustiça social” que leva à revolta.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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