O JORNALIXO DE ALTA INTENSIDADE
João Miguel Tavares, um cidadão que teve os favores do Primeiro Ministro e
do Presidente da República em duas distintas ocasiões, sabe-se lá porquê,
classifica a ditadura de Salazar e Caetano como uma ditadura de “baixa
intensidade”.
Não, não foi. A ditadura de Salazar e Caetano foi uma ditadura de longa
duração, promoveu uma longa, impiedosa e injusta guerra em África que provocou
muitos milhares de vitimas de ambos os lados, retaliações e massacres inauditos
e por fim o drama da descolonização.
Na Metrópole como era assim chamada, promoveu uma censura férrea, o
completo cerceamento das Liberdades que hoje felizmente usufruímos e colocou
Portugal no plano internacional como uma Nação pária, incomoda até para os seus
aliados.
A par disso, votou Portugal a uma situação económica e social degradante e
bastava saber-se que à data da sua queda o analfabetismo atingia mais de 40% da
população para definir a ditadura como um regime abjecto e sem remissão.
A ditadura tinha todos os mecanismos repressivos em acção e actualizados ;
policia politica, aparelho de censura prévia, forças para- militares, tribunais
de excepção, três campos de concentração ( Tarrafal, Ibo e São Nicolau), a
espaços fazia um simulacro eleitoral, etc. etc.
Comentadores e articulistas como JMT preferem o branqueamento silencioso
dessa nódoa que manchou a História contemporânea da nossa Pátria.
O branqueamento dos crimes da ditadura e da sua natureza contribui mais que
outra qualquer atitude para facilitar a ideia de que afinal a ditadura não era
assim tão má e que a Democracia pouco lhe adianta.
Não vejo forma mais cínica de um lobo vestir a pele de cordeiro. (Rodrigo Sousa Castro)
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