sexta-feira, 12 de abril de 2024

CITAÇÕES

 
Nos últimos 30 anos, desde que conquistamos as 40 horas, a “flexibilização” só aumentou a intensidade e o tempo de trabalho.

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Libertemos tempo para viver, para conviver, para construir laços sociais e familiares.

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Em nome da família, salário. Ganha-se pouco em Portugal, pior se se for jovem, pior se se for mulher. 

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Onde não há [contrato], sobra apenas insegurança. 

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Em nome da família, casa. Se família é casa, a casa não pode ser tratada como ativo financeiro, bem de luxo, negócio de curto prazo.

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A casa só abriga a família se for protegido o direito a morar com dignidade.

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Por preconceito ideológico e mesquinhez orçamental, tem sido negada à família uma rede pública de creches, como é negada a assistência a quem envelhece, a quem é doente crónico ou deficiente.

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O individualismo liberal rouba a individualidade, substituindo-a por uma existência isolada e sem objetivos partilhados.

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Há muitas decisões a tomar em nome da família. Mas nenhuma delas interessa aos autores da obra “Identidade e Família”, um pequeno grupo de vencidos políticos.

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Negam a existência do machismo, temendo que a liberdade das mulheres ameace as formas de poder que as oprimem na família. 

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Querem prender o génio na lâmpada, abafar o desejo libertado, repor os silêncios violentos, doutrinar as famílias para serem uma só.

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Quando a liberdade e a diversidade são caladas, é o pensamento único que se impõe.

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Em nome da família, deixem as famílias em paz.

Mariana Mortágua, “Expresso”

 

Tenham presente que, em Portugal, aproximadamente 900 mil trabalhadores ganham o salário mínimo nacional (SMN) e que mais de metade dos trabalhadores ganham menos de 1000 euros.

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Aumentar o SMN influencia os restantes salários, sobretudo os mais baixos, o que terá impacto em mais de metade dos trabalhadores portugueses e nas suas famílias.

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É por isso fundamental atentar ao que diz o programa do Governo sobre o aumento do SMN. [O que lé e dito significa] nada.

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Os governos, no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, não devem declarar objetivos, mas, sim, assumir compromissos.

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Este Governo encontrou uma forma de acenar com um valor simpático, sem ficar obrigado ao seu estabelecimento.

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O Governo tem a obrigação de esclarecer as centenas de milhares de trabalhadores que ganham o SMN, tem a obrigação de assumir compromissos, digo indicar valores concretos e datas exatas.

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Ora, se é com base na concretização das alucinadas previsões dos economistas da AD [um crescimento do PIB de 3,5% até 2028 e uma progressão de 4% na legislatura seguinte], bem podem os trabalhadores portugueses ir buscar um banquinho para esperarem sentados pelos aumentos salariais.

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Há também o facto de Miranda Sarmento ter sido contra o aumento do SMN para 705 euros. Estávamos em 2021 e, nessa altura, Miranda Sarmento declarou que o aumento deveria ser “substancialmente menor.”

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A ausência de compromissos no programa do Governo e ao facto de este executivo já ter anunciado uma relação entre crescimento económico e o aumento do SMN – quando sabemos que previram um crescimento económico que não acontecerá –, não augura nada de bom para os que mais precisam.

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Não devemos conformar-nos com os engodos lançados durante as campanhas eleitorais que, no final de contas, não vinculam ninguém.

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Digo-vos que há promessas que deveriam ser escritas na areia.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

O ano passado a quantidade de livros que foram alvo de tentativa de censura naquele país [EUA] subiu 65% em relação a 2022.

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Ao todo, 4240 títulos foram alvo de alguma tentativa de censura em bibliotecas e escolas.

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Entre os alvos principais destas campanhas de pressão estão os livros que discutem a raça, o género e a sexualidade.

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No meio da guerra de cultura que os lados mais reaccionários dos EUA têm levado a cabo contra alguns dos direitos adquiridos das últimas décadas, os livros ocupam um espaço central.

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O uso do argumento da defesa da liberdade de escolher para condicionar a liberdade dos outros de ter escolhas não é visto como contra-senso por estas organizações [como a Moms for Liberty] que ganham força de intervenção numa sociedade polarizada como a norte-americana.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Um grupo de activistas da província angolana da Huíla tinha agendado para este sábado a projecção do documentário How To Start a Revolution, de Ruaridh Arrow, sobre Gene Sharp, um dos maiores especialistas mundiais em revoluções pacíficas.

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O livro de Gene Sharp Da Ditadura à Democracia já fez presos políticos em Angola.

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Passaram um ano na cadeia e só foram libertados, mediante uma amnistia, depois de uma enorme pressão internacional.

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Seria ingénuo pensar que quando os activistas acertaram com a gerência do Novo Hotel do Lobito a ocupação da sala para divulgação de um filme cujo título traduzido é Como Começar uma Revolução, mesmo já depois de tudo estar pago, que o programa podia seguir sem contrariedades.

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O regime de José Eduardo dos Santos acabou, o velho Presidente já morreu (tal como Sharp), mas os condicionalismos à democracia seguem bem vivos na Angola do seu sucessor, João Lourenço.

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E é assim em quase tudo, porque não há espaços independentes e os que existem acabam por se autocensurar para evitar problemas com o MPLA.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Temos assistido ao crescimento de uma narrativa que baseia a defesa do agressor na sua craveira intelectual. 

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Não é pelo facto de serem intelectuais ou pensadores que se pode desculpar o que dizem, escrevem e defendem. 

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A sua craveira intelectual não lhes atribui autoridade, apenas adensa o ar irrespirável nas suas latrinas.

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É aqui que encontramos a compilação de textos da loja de horrores de Passos e Otero, entre outros.

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A “Identidade e família”, versão bolor, trouxe a literatura para o campo do “mainstream” e do “prime time” televisivo.

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 É difícil imaginar um pior momento para pessoas com responsabilidade saírem da sua realidade mata-borrão e assombrarem a vida dos outros com ideias já vendidas ao ocaso da História.

Miguel Guedes, JN


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