sábado, 13 de abril de 2024

MAIS CITAÇÕES (278)

 
Passos Coelho saiu mais uma vez de casa num final de tarde, desta vez para ir abençoar a direita ultramontana e a sua agenda conservadora.

(…)

Passos tende a ser apresentado, de tempos a tempos, como reserva moral da direita portuguesa.

(…)

Mas não nos enganemos. Não é uma guerra cultural que temos pela frente no ciclo político que por agora se inicia.

(…)

Essa tentativa de criar um conflito sobre identidades e família é, pelo menos por agora, totalmente artificial e minoritária.

(…)

O país avançou e modernizou-se. É a própria direita que prova que essa mudança é pacífica e bem-vinda na sociedade portuguesa.

(…)

Na verdade, os dramas das mulheres portuguesas estão na discriminação salarial; nos horários e turnos que dificultam a vida familiar; nos salários baixos; e na violência cobarde que persiste exatamente nos modelos de “família tradicional”.

(…)

Há falta de professores; as escolas ainda degradadas; os apoios escolares para melhorar resultados; e a inquietação de saber se haverá residências universitárias, caso os filhos tenham de ir estudar para outra cidade.

(…)

A nova identidade salazarenta de Passos Coelho é apenas um exercício oportunismo político. É um político em busca de um papel e de uma agenda para o seu próprio protagonismo.

(…)

No novo quadro político, o que está em debate são as questões do trabalho, dos rendimentos e dos apoios à iniciativa privada.

(…)

Dados recentes do Eurostat mostram que Portugal é hoje o segundo país da União Europeia com maior número de contratos laborais precários, e sabemos que permanece há décadas no fundo da tabela europeia dos níveis salariais.

(…)

O que interessa saber é se o PSD se vai apoiar na extrema-direita para reforçar uma legislação laboral que promove essa precariedade e manter os entraves à contratação colectiva. Saber se tenciona travar a subida do salário mínimo. 

(…)

[Importante é] saber se o dinheiro dos contribuintes será encaminhado não para os serviços públicos, mas para o sector privado da saúde ou da educação. Saber se se avança com a privatização parcial da segurança social; se o IRS das famílias vai pagar as rendas galopantes dos senhorios; e se o orçamento das obras públicas – e o novo aeroporto – vão servir para assegurar lucros fáceis sem necessidade de investimento, inovação ou competitividade.

(…)

Mas o ciclo que temos pela frente é sobre desigualdade social. É uma disputa sobre a distribuição de rendimentos e da riqueza criada na economia: ou vai para aumentar os salários ou vai para assegurar rentabilidades sem risco. 

Ana Drago, “Diáriode Notícias”

 

A Administração da empresa [EDP] mantém um braço de ferro com os trabalhadores e seus sindicatos, agindo de forma arbitrária, ignorando os direitos laborais e ofendendo a dignidade dos seus trabalhadores.

(…)

Temos uma Constituição da República (CR), com princípios e regras que não podem ser violados, mesmo para além dos “portões” das empresas.

(…)

O direito à negociação coletiva é um direito constitucional bem definido. 

(…)

O unilateralismo patronal, que está na “moda”, nega a democracia. 

(…)

A Administração rompeu a negociação com os sindicatos e impôs, através de um ato de gestão, um aumento salarial de 3%, quando a empresa teve, em 2023, um resultado líquido de 1300 milhões de euros

(…)

Os seus seis administradores aumentaram-se em 15% e têm retribuições escandalosas.

(…)

São bem pagos os que roubam os trabalhadores! O seu mérito é não terem escrúpulos.

(…)

A EDP é uma empresa estratégica para a economia nacional. 

(…)

Os processos negociais serviam muitas vezes de referência positiva para o mundo do trabalho. 

(…)

Em 2013 a Administração da EDP liderada por António Mexia iniciou um vasto ataque à contratação coletiva e uma rutura geracional quanto aos direitos laborais. 

(…)

[O rosto da intransigência negocial da EDP tem sido] o atual secretário de Estado do Trabalho, Adriano Moreira. 

(…)

É muito positivo que os jovens estejam a intervir em força no conflito em curso.

Carvalho da Silva, JN

 

O meu cérebro de cientista fascina-se com a verdade.

(…)

É o querer saber porque é que a verdade existe e o que fazer com ela que me atrai ao fenómeno religioso e à fé católica.

(…)

Assim, e à primeira vista, o congresso dos jovens da Família do Coração Imaculado de Maria, intitulado “Homens e Mulheres de Verdade!” podia parecer-me interessante.

(…)

Os problemas começam na forma como os organizadores do evento decidiram abordar este tema.

(…)

Ora a auto-rejeição proposta pelos organizadores deste evento vai precisamente no sentido contrário ao ensinamento magisterial.

(…)

Ao convidarem uma psicóloga adepta das chamadas “terapias” de conversão sexual e alguém que se apresenta como “ex-gay” deixam implícito que uma mudança de orientação sexual não só é possível como desejável.

(…)

Um estudo com mais de 30000 jovens LGBT+ mostrou que a sujeição a estas práticas duplica o risco de suicídio, que é uma das maiores causas de morte em adolescentes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
(…)

Como mulher feliz, orgulhosamente católica e gay, entristece-me e envergonha-me ver certos sectores da Igreja Católica a insistir nestas práticas criminosas e destrutivas, verdadeiros atentados à dignidade da pessoa humana.

(…)

Viver em verdade implica expressar a minha identidade em todas as suas dimensões (das mais banais às mais politizadas), de forma livre e em paz.

Maria Portela, “Público” (sem link)

 

O livro “Identidade e Família” juntou a nata do ultraconservadorismo. 

(…)

As pessoas que ali se juntaram não vieram das profundezas da extrema-direita.

(…)

Apesar de Passos se ter mostrado confortável com a presença de André Ventura (o que é central na leitura política do evento), isso não o retira do seu espaço político. 

(…)

Ele é uma figura central para o PSD, federação heterogénea das direitas que sempre se moveu ao sabor da maré.

(…)

Não há, na atual liderança, um compromisso com o combate à radicalização da direita

(…)

Montenegro fez a opção tática de tentar tirar ao PS a liderança da oposição por via da chantagem. Mas não há sinais de aproximação ao centro. Pelo contrário.

(…)

A não ser a opção de pôr toda a pressão da governabilidade sobre o PS, deixando o Chega de mãos livres, nada coloca Montenegro no terreno da resistência à radicalização da direita.

(…)

A vaga ultraconservadora a que assistimos é assunto sério, tem especial impacto nos jovens e marcará o futuro da política e da direita.

(…)

No aborto, na eutanásia, no casamento entre pessoas do mesmo sexo, o PSD esteve quase sempre do lado da resistência à emancipação individual.

(…)

O facto de um dos principais protagonistas desta ofensiva ultraconservadora [Passos Coelho] ser quem se distinguiu como jovem promessa liberal mostra como o vento mudou.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário