(…)
Domingo passado vimos como Trump e a sua
milícia afiam as facas contra a grande maioria de nós (…) com o apoio de
metade dos Estados Unidos da América.
(…)
E no
dia seguinte, com duas novas leis, o parlamento israelita fez o seu maior
ataque às Nações Unidas, dentro da guerra geral que Israel trava na ONU desde a
fundação.
(…)
Maiorias esmagadoras, que mostram (mais uma
vez) como a degradação de Israel está longe de se resumir a Netanyahu.
(…)
O
mesmo pseudo-parlamento que persegue o jornalismo. E obriga os aliados
internacionais a contorções diárias — ou ao silêncio — para manter o mito de
que Israel é uma democracia.
(…)
A
UNRWA foi, a partir de 1949, o que as Nações Unidas inventaram para lidar com a
Catástrofe palestiniana, a Nakba, quando centenas de milhares tiveram de fugir
das suas casas, depois da fundação de Israel.
(…)
Então, a UNRWA é o que o mundo inventou por ter
abandonado um povo inteiro.
(…)
Uma
tragédia por todas as razões, incluindo o facto de a máquina que garante a
sobrevivência ser ela mesma, por isso, perpetuadora do mal.
(…)
A ajuda da UNRWA desresponsabilizou Israel.
Permitiu ao mundo fechar os olhos aos crimes da ocupação.
(…)
E aos
israelitas fechar ainda mais os olhos aos seus próprios crimes. Pois se alguém
estava a manter os palestinianos vivos o mundo podia seguir como se nada fosse.
(…)
[No 7
de outubro] pela primeira vez muitos jovens no mundo viram o que era a
Palestina do outro lado do muro. E viram o que era Israel, essa construção do
Ocidente, quando tudo lhe é permitido.
(…)
A
UNRWA é a má consciência do Ocidente. Foi muito útil a Israel, perito em dar de
comer à máquina enquanto a vai destruindo.
(…)
A UNRWA só existe porque o mundo nunca fez
justiça aos palestinianos.
(…)
Não é simplesmente possível substituir a UNRWA
agora, ou num futuro próximo.
(…)
Banir a UNRWA de Israel significa bani-la de
Jerusalém Oriental, território que Israel anexou contra todas resoluções
internacionais.
(…)
Milhões de palestinianos deixarão de ter
escola, comida, cuidados médicos.
(…)
Proíbem
o secretário-geral de entrar em Israel. Insultam-no, não lhe atendem as
chamadas. Isto está a acontecer desde 7 de Outubro. Ao mesmo tempo que Israel
continua sentado nas Nações Unidas. A mesma organização que espezinha.
(…)
O que
é que falta para as outras nações tratarem Israel como o estado pária que é?
Para Israel, enfim, aprender o que é um limite?
(…)
Os EUA estão já enterrados até às orelhas, o
que não os impede de continuarem a mandar bombas.
(…)
Kamala
em campanha não tem qualquer visão além do que vinha de Biden, e de antes,
apesar de esta campanha pedir mais visão do que nunca.
(…)
Na
convenção, Kamala desprezou os não-alinhados que lhe pediram algo tão simples
como uma voz palestiniana-americana no palco a falar por Gaza.
(…)
Desprezou os apelos ao embargo de armas.
Desprezou a quantidade de muçulmanos americanos.
(…)
Torço para que Trump, proto-ditador e criminoso
já condenado, perca as eleições e a derrota não seja violenta.
(…)
O facto de Trump ser tão mau não torna melhor a
incapacidade de Kamala.
(…)
[Kamala ficou muito] aquém do que se podia e
deve esperar dela num momento histórico.
Alexandra Lucas Coelho,
“Público” (sem
link)
Em 30 anos, Washington protagonizou todos os
pesadelos que as suas maiores figuras históricas consideravam fundamental
evitar.
(…)
Hoje, nos EUA campeia uma plutocracia obscena
que tudo controla, desde a comunicação social ao sistema político, incluindo as
eleições.
(…)
O presente mostra-nos os EUA como um
persistente obstáculo à cooperação internacional no combate à crise global do
ambiente e clima, do mesmo modo que o seu negócio das armas transformou a
diplomacia e a política externa na continuação da guerra por outros meios.
(…)
Os EUA embarcaram, sem aparente retorno, na
demencial desmesura de um poder, autocentrado, que se julga absoluto.
(…)
O que une quem manda nos EUA e na UE é um
desespero crepuscular, da sua inteira responsabilidade.
(…)
É indecente falar no Ocidente em direitos
humanos, quando a desigualdade doméstica resvala na pobreza, e se alimenta o
genocídio e agressão perpetrados por Israel.
[O Sistema Público de Segurança Social] garante segurança
económica aos reformados e aos trabalhadores no ativo, a quem protege na doença
e no desemprego, e apoia as famílias.
(…)
O Sistema Público de Segurança Social combate as
desigualdades, a pobreza e a exclusão social, e constrói coesão.
(…)
O Sistema de Segurança Social tem saúde financeira. O seu
Fundo de Estabilização ultrapassou, em setembro, os 35 mil milhões de euros.
(…)
O superavit da Segurança Social é o que tem permitido aos
governos não apresentarem défices nas contas públicas.
(…)
A preocupação com a sustentabilidade da Segurança Social deve
ser permanente, mas na dupla dimensão: a financeira (que serve a social) e a
missão social inerente ao compromisso com os cidadãos..
(…)
A posição pública de João Vieira Lopes, presidente da CCP,
defendendo que se debata a descida da taxa social única, (…) mostra
quanto o bolo é apetecível e pode ser roubado aos trabalhadores.
A
natureza está enviando todos os tipos de alertas: tsunâmis, incêndios
florestais, furacões devastadores, chuvas torrenciais, inundações e secas
extremas. Mais do que isso: está cobrando a conta.
(…)
Não
por acaso, um experiente meteorologista norte-americano de Miami, diante de
cenas fortes da chegada de dois furacões que assolaram diferentes estados no
país mais rico do planeta, chorou diante das câmaras.
(…)
Contra dados verdadeiros de cientistas, não há
contestação.
(…)
Ainda há tempo. Podemos rever velhos hábitos de
consumo. Repensar a vida. Reduzir, reciclar e reutilizar.
(…)
Veja o
que pode fazer para ajudar neste movimento global por uma economia mais justa,
inclusiva, solidária e sustentável, sem deixar ninguém para trás.
Sónia Araripe, “Público” (sem link)
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