Está
a levantar muita indignação na opinião pública e publicada o pedido de apreciação
pelo Tribunal Constitucional da regra que limitava as pensões vitalícias de
titulares de cargos políticos, por parte de 30 deputados e deputadas do PS (21)
e do PSD (9). Deste grupo faz parte a candidata à Presidência da República, Maria
de Belém assim como apoiantes seus, de Sampaio da Nóvoa e figuras cimeiras do
PSD que apoiam Marcelo Rebelo de Sousa.
Numa
altura em que a (impropriamente designada) classe política se encontra tão mal
vista pela generalidade dos portugueses, é, no mínimo, uma imprudência que este
grupo de 30 deputados tome esta atitude que configura uma perigosa brincadeira
com o fogo, da qual só podemos esperar resultados perversos.
O
que aqui está em causa não tem nada a ver com alguma ilegalidade que tenha sido
cometida mas com princípios morais e de decência. É por respeito a estes
princípios que nenhum deputado do Bloco de Esquerda subscreveria o documento
acima referido, e é pela mesma razão que nenhum deputado ou eurodeputado
bloquista “recebeu alguma vez subsídios de reintegração ou subvenções, mesmoque a isso tivessem direito” como sublinhou esta segunda-feira Catarina Martins
no comício da candidatura presidencial de Marisa Matias, realizado no Porto. Não
estamos perante qualquer regime de protecção social mas de um privilégio que se
pretende exclusivo para os representantes do povo no Parlamento. Enquanto esta
lei iníqua existir, é da mais elementar decência que aos seus potenciais
beneficiários a recusem liminarmente em vez de reclamarem o seu favorecimento.
Nenhum cidadão português, que nesta
altura é obrigado a trabalhar cada vez mais anos para usufruir de uma cada vez
mais escassa e incerta reforma, consegue perceber como os políticos, durante 20
anos, com apenas 8 ou (posteriormente) 12 anos no exercício do cargo de
deputado tiveram direito a uma subvenção vitalícia, tendo por base uma remuneração
elevada que agora lhes volta devolvida, com efeitos retroactivos.
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