sexta-feira, 30 de novembro de 2018

29 NOVEMBRO, DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE COM O POVO PALESTINIANO



Não é preciso sermos observadores atentos da causa palestiniana para termos presente que, cada vez menos, a comunicação social dá voz a representantes daquele martirizado povo alvo de uma tentativa de genocídio por parte de Israel. Também se têm tornado raras as imagens da agressão israelita ao povo palestiniano. São factos fáceis de constatar e não uma mera opinião.
Provavelmente, pouca gente sabe que passam 41 anos sobre a data em que as Nações Unidas “anunciaram o dia 29 de Novembro como sendo o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano”. A passagem desta data pelo calendário é pretexto para um artigo de opinião que veio à estampa no “Público” de há dois dias, assinado por Nibal Abuznaid, Embaixador da Palestina em Portugal, e que reproduzimos a seguir.

Com a ocupação israelita dos territórios palestinianos de 1967, surgiu a solidariedade internacional popular com a Palestina, sendo o seu objectivo acabar com essa mesma ocupação. A 2 de Dezembro de 1977, este apoio foi oficializado, quando as Nações Unidas anunciaram o dia 29 de Novembro como sendo o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano.
Desde então até hoje, esta solidariedade ainda não conseguiu acabar com a ocupação, nem sequer contribuir para a liberdade dos palestinianos ou mesmo para o prevalecimento da paz. Muito pelo contrário, se olharmos, por exemplo, para o curto período, desde a última comemoração deste dia no ano passado até agora, muitos foram os acontecimentos que, infelizmente, contribuíram para o agravamento da situação.
Um dos acontecimentos mais drásticos foi quando o Presidente Trump declarou Jerusalém como capital de Israel, mudando a embaixada norte-americana de Telavive para essa cidade, contradizendo as leis internacionais e a solução de dois Estados, acordada pela Comunidade Internacional, que prevê Jerusalém Oriental como capital da Palestina.
Ao longo deste ano, Trump também decidiu cortar o financiamento da UNRWA, agência das Nações Unidas que presta apoio médico, social e educativo a mais de cinco milhões de refugiados palestinianos na Palestina e nos países vizinhos, pondo assim em risco a vida de muitas famílias.
Estas políticas não contribuíram, em nada, para o processo de paz; vieram, isso sim, encorajar Israel a continuar com as suas políticas de ocupação contra os palestinianos e a implementar outras medidas, tal como a aprovação da Lei do Estado-Nação. Esta Lei considera Israel um Estado exclusivamente judeu, aumentando assim a discriminação, em especial contra os árabes com cidadania israelita, sendo de salientar que muitos israelitas que acreditam na paz recusaram esta lei.
Todas estas políticas levaram os palestinianos a perderem a esperança na paz e no seu direito de construir um Estado. Não tiveram alternativa a não ser a recusa desta nova realidade, demonstrando-a com protestos onde muitas vidas se perderam nas mãos do exército israelita, como na Grande Marcha do Regresso, em Gaza, onde mais de 220 palestinianos foram mortos durante os pacíficos protestos. Entre as vítimas desta Marcha houve jornalistas, paramédicos e crianças, que não poderiam, de maneira nenhuma, representar uma ameaça à segurança de Israel. Ultimamente, Gaza voltou a incendiar-se. Regressou a violência, a destruição e o bombardeamento dos dois lados.

O melhor do Público no email

Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
A lista de acontecimentos que feriram a vida do povo palestiniano, apenas no ano que passou, é tão extensa que não cabe num artigo. Este cenário desolador é uma prova clara que, infelizmente, esta solidariedade não foi ainda suficiente para salvar vidas ou para chegar a uma Paz duradoura. Ao longo de todos estes anos de solidariedade, muitas vidas, nos dois lados, se perderam. Embora o número das vítimas palestinianas seja muito superior, acreditamos que todas as vidas humanas são de grande valor.

Ao longo destes anos, Israel exigiu, continuamente, o seu direito a viver em paz. O que, para nós, é uma posição legitima a qualquer povo. Logo, deverá incluir também o povo palestiniano. Acreditamos que a continuação da ocupação, a construção de muros, a confiscação de terras e o aprisionamento de menores não são, de forma alguma, caminhos para a paz. Pelo contrário, a ocupação é a forma mais terrível de terrorismo. Acreditamos também que a segurança só pode prevalecer através do reconhecimento mútuo e da boa vizinhança. Só assim poderão os israelitas viver em paz e os palestinianos viver com a dignidade que lhes é devida na sua terra e no seu Estado Palestiniano, com Jerusalém Oriental como capital.
Apesar de todo este sofrimento, acreditamos que todos os conflitos têm, por mais que durem, um fim. Os conflitos e a paz começam e terminam nas mãos de seres humanos, o conflito palestiniano-israelita não será excepção. A grande diferença nos dois lados desta equação é que a guerra é iniciada pelos cobardes e a paz pelos corajosos. Por isso, não perderemos a esperança e o sonho de, nesta mesma data, no próximo ano, poder celebrar uma paz capaz de dar um futuro melhor às crianças de ambas as partes.

Sem comentários:

Enviar um comentário