sábado, 14 de março de 2020

CITAÇÕES


Dias espessos, estes, em que a volatilidade se mistura com o pavor.
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O que faz sentido é reconhecer o medo e a sua razão de ser e ir a essa raiz com toda a eficácia e com toda a competência.
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Termos um Serviço Nacional de Saúde qualificado e democrático foi, na fase de contenção, um recurso de valia inestimável e talvez nunca como agora o país se tenha apercebido dessa valia do SNS como instrumento de defesa da nossa segurança coletiva.
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Nesta hora de emergência, em que o SNS será sujeito a uma pressão certamente excessiva, o país não compreenderá que o envolvimento da medicina privada e social na resposta se faça numa lógica de business as usual.
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Sim, é também agora que a opção pelos de baixo tem sentido e define campos na política.

É com o Serviço Nacional de Saúde que todos contamos: todos os meios existentes devem agora ser colocados ao seu serviço.
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Para que as pessoas possam parar, é preciso que haja condições e que se garantam os seus rendimentos, sob pena de somarmos à crise epidemiológica e sanitária uma crise social.
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Por isso, proteger todos e não deixar ninguém para trás deve ser uma prioridade.
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É imprescindível garantir, a este nível [caso dos recibos verdes], que um limiar mínimo absoluto permita pagar as contas básicas.
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Num momento destes, não pode haver despejos nem cortes de água ou de luz.
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A ortodoxia económica e o fetiche do superavit orçamental devem ser, assim, imediatamente abandonados.
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A obsessão com o cumprimento de metas irracionais estabelecidas nos tratados seria de uma intolerável inconsciência e irresponsabilidade.

Ainda está por medir a dimensão do desafio de roleta que levou o Governo a esperar pela declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde para finalmente encerrar as escolas.

Há que vencer medos e, por outro lado, não permitir que se jogue com a vida das pessoas para gerar crises económicas ou políticas, ou para fazer da sua gestão um aprofundamento das injustiças e desigualdades.
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Continuamos a ter açambarcadores de vários tipos - desde os que açambarcam papel higiénico até aos açambarcadores globais tipo Trump
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Precisamos de investimento e de crédito que salvaguardem o emprego e impeçam a redução dos salários.
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Não se pode adiar mais o financiamento público do sistema de saúde e da proteção social.
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Precisamos de caminhos novos para a especialização da nossa economia, diversificando-a. O afunilamento no turismo é perigoso.
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Há que reconstruir redes locais de fornecimentos diversos e novas formas de lidar com as catedrais do consumo.

A humanidade tem uma longa história de defrontar epidemias e pandemias.
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[O mundo mudou muito] e é nesse mundo que a pandemia da covid-19 se desenvolve e, se não fosse trágico, poder-se-ia dizer que a natureza nos ofereceu um laboratório sobre as doenças, mas também, e sobretudo, sobre os comportamentos humanos, sem paralelo.
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Um dos principais aspectos da actual crise pandémica é a absoluta, contínua, maciça dose de informação, comunicação, desinformação que todos estão a receber, sem sequer poderem parar para pensar.
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[Há a desinformação disseminada pelas chamadas redes sociais] onde proliferam falsas notícias, teorias conspirativas, pseudociência, boatos, tribalismo e populismo.
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Entre a prudência e o medo, o medo é mais poderoso, e o medo moderno, comunicacional, urbano, entre o telemóvel e a Rede, é tão inesperado e tão pouco experienciado nas sociedades sem guerra, que leva à paranoia.
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Para quem não está na primeira linha de risco, é na cabeça que os estragos vão ser maiores.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

Aos profissionais de saúde, é merecido o reconhecimento do seu esforço e a certeza de como serão determinantes para vencermos esta batalha [contra o covid-19].
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A forma leviana como alguns desvalorizaram o impacto do vírus covid-19 mostra bem como nem todos têm estado à altura das responsabilidades que enfrentamos.
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O presidente dos EUA começou por desvalorizar os alertas mundiais [sobre o covid-19] que apresentou como um “novo embuste”.
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Entretanto, foi passando uma mensagem de falsa segurança às pessoas, com custos inequívocos que se contabilizarão no futuro próximo.
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[Outro dos negacionistas foi Bolsonaro mas] a suprema ironia é que um dos seus principais assessores já confirmou ter contraído a covid-19.
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[Políticos como Trump e Bolsonaro] negam ou criam suspeitas sobre a ciência, inimiga figadal das suas narrativas, e transformam o debate no “nós contra eles”.
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Não há qualquer vergonha ou embaraço em tentar aproveitar uma pandemia para benefício político, é assim a extrema-direita.
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A saída desta crise está numa palavra que a extrema-direita detesta: solidariedade.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

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