domingo, 17 de janeiro de 2021

MAIS CITAÇÕES (115)

 
A proposta económica mais liberal de entre quem se candidata à presidência, a do dr. Ventura, conseguiu escapar entre os pingos da chuva de todos os debates e entrevistas sem nunca explicar como pretende tratar aquela metade do país “que não trabalha e vive à conta da outra metade”.

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Refiro-me antes a quem recebe uma pensão. Havia, em 2019, 2,9 milhões de pensões pagas em Portugal, e essas pessoas perceberão que, quando se refere aos “subsidiodependentes” e “coitadinhos de Abril”, o dr. Ventura quer tirar o pão a muitas delas.

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Num debate recente com o primeiro-ministro, o dr. Ventura explicou a sua ideia: é tudo simples, quer acabar com as pensões não contributivas. 

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No total, são 1,7 milhões de mulheres e homens, cujas pensões seriam mutiladas pela vertigem venturista.

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[Que essa proposta] atinja o princípio da solidariedade em que se devem basear as comunidades sociais será unicamente uma confirmação do fanatismo liberal.

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O dr. Ventura devia ter cuidado com as pessoas de bem — é que elas podem lembrar-se dele.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Não há razão nenhuma para que o acesso às redes sociais não implique a obrigação de uma identificação de quem o faz, mesmo que depois use um nome falso, ou pseudónimo.

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Tenho consciência de que as coisas são mais complicadas do que estas descrições, mas, mesmo assim, há pouca vontade de ir contra os crimes cometidos.

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Um dos aspectos mais relevantes é responsabilizar as grandes empresas tecnológicas que controlam as redes sociais pelo que nelas é colocado.

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Tudo que disse sobre crimes “lá dentro” aplica-se a Trump e aos seus apoiantes, que de há muito podiam e deviam ser responsabilizados por muito do que escrevem nas redes sociais.

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Quando Trump faz uma convocatória para 6 de Janeiro em que apela aos seus seguidores para serem “wild”, selvagens, é difícil considerar que isto cabe no âmbito da liberdade de expressão, porque tudo isto tem precedentes e contexto e vem de quem vem.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

O Bem, para André Ventura, é a canalização das energias primárias contra os outros numa espécie de guerra santa para legitimar a violência contra os excomungados no plano social, para ir laminando por camadas os diversos inimigos até ficarem só os eleitos da ditadura do Bem.

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A “guerra” anunciada em cartazes por todo o país é contra os mais fracos e desprotegidos para os eliminar por constituírem um insucesso e darem prejuízo.

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A sociedade dividida entre os puros e os impuros com a ideia subjacente de que os puros têm o direito de se livrarem dos impuros – ciganos, judeus, migrantes, refugiados, pobres e marginalizados e outros.

Domingos Lopes, “Público” (sem link)

 

Sejamos sérios: quem vota nos populistas gosta deles, do que eles dizem, pensam e fazem. 

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Por cá, as alarvidades medievais e anti-humanistas que Ventura propala, só têm impacto porque há muitos que pensam como ele.

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As pessoas que votam nos populistas estão mais próximas do pensamento por eles verbalizado, do que de todas as outras alternativas.

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Na verdade, o populismo só existe porque há muitas pessoas que se identificam com os valores e discursos defendidos pelos seus protagonistas.

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 A globalização é, em certo sentido, irreversível (embora transformável), mas que a democracia e o humanismo são as estruturas indispensáveis a uma vida civilizada, e que as devemos consolidar, nunca abandonar.

Gabriel Leite Mota, “Público” (sem link)

 

[Marcelo] não concorre, passeia-se.

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Depois de uma inesperada segurança tática nos debates, Ana Gomes falhou o tiro com Marcelo, fazendo tudo o que não podia fazer, e não voltou a corrigir a mira. 

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Por medo de eleições, o PCP prepara-se para ser o seguro de vida de um PS sem nenhum projeto em que os comunistas se revejam.

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Ventura é o repositório de todas as coisas insensatas e insensíveis que muitas pessoas pensam sem dizer ou dizem sem pensar.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Espiar jornalistas para descobrir as suas fontes não é atacar jornalistas e fontes, é atacá-lo a si. 

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Uma notícia não interessa porque é escrita, interessa porque é lida, como um ato ilícito pode não ganhar existência se ninguém souber que ele aconteceu. 

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Arrancar a língua às fontes não é só desdentar as bocas dos jornalistas, é arrancar-lhe os olhos a si.

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Muitas fontes correm riscos profissionais e pessoais, mas sem fontes não há informação e sem fontes anónimas faltariam denúncias que iniciam investigações.

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[Os jornalistas] são os primeiros responsáveis pela defesa da liberdade de que dispõem, o que implica serem investigadores mas não juízes. 

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É essa também a nossa função numa democracia: informá-lo sobre o que outros não querem que se saiba, se tiver interesse público.

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Não falta quem queira usar o poder para limitar o contrapoder.

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Política, Justiça e jornalismo são instituições democráticas em permanente tensão. O que garante o equilíbrio é a lei. 

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

Não demorará muito a assistirmos a desacordos entre uma Procuradoria Europeia cada vez mais poderosa e Ministérios Públicos nacionais mais frágeis, fustigados pela opinião pública do Norte da Europa.

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A competição entre diferentes legitimidades para escolher o procurador português foi uma nota de rodapé, comparado com o que discutiremos no futuro.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)


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