domingo, 31 de janeiro de 2021

MAIS CITAÇÕES (117)

 
Essa vantagem [dos juros negativos] não está a ser utilizada para promover o investimento público, a principal âncora que numa recessão permite criar emprego, na falta de investimento privado, que se retrai. 

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Portugal tem vindo a reduzir esse valor [do investimento líquido] em todo o período do euro.

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Se for bem usado, o momento excecional em que se pode fazer investimentos com juros negativos é uma oportunidade para renovar infraestruturas, criando emprego agora e poupando gastos futuros.

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Depois será mais caro e a perda de tempo é também um preço para a estupidez.

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O FMI, (…), veio há um par de meses aplaudir esta viragem [defendendo o investimento público].

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Em dezembro, segundo os números oficiais do portal Transparência — SNS, temos no SNS muito menos médicos do que em janeiro de 2020.

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O défice de profissionais no SNS é enorme.

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O primeiro-ministro escolhe negar um problema que diz que não existe, uma vez “alisados” os números.

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Nos próximos três anos poderão sair mais 2800 médicos dos centros de saúde e hospitais. 

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Há mesmo um problema. Torturar ou alisar os números não o resolve.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Qualquer análise séria dos resultados [de Ventura] mostra que uma grande parte destes eleitores vem do campo da direita.

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Mas a aliança social em torno de Ventura é, com adaptações nacionais e temporais, semelhante às que então [anos 30] se formaram. 

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Com atualizações, já ouvia o discurso de Ventura nos cafés quando era criança.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A condição dos trabalhadores húngaros tem sido difícil ao longo dos anos, mas nos últimos meses tem mudado de uma forma muito diferente dos sistemas democráticos.

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[Pela Europa] poucos parecem ter notado que o país [Hungria] se está a transformar numa espécie de colónia industrial para investidores estrangeiros.

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[O Governo húngaro] privou os trabalhadores das fábricas e mesmo os funcionários públicos do seu direito de protesto ou greve.

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A pandemia acabou por ser a ocasião perfeita para Orbán mudar os direitos de milhões de trabalhadores para pior.

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Nos últimos meses de Março e Abril, o Governo decretou a suspensão do Código do Trabalho e cancelou as convenções colectivas em vigor, justificando estas decisões com a necessidade de conter a pandemia.

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Neste momento, cada trabalhador está vinculado à empresa com um contrato individual, que já não é negociável pelos representantes sindicais. 

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Nos últimos anos, houve mais de meio milhão de pessoas (5% da população total) a emigrar da Hungria para a Europa Ocidental, sendo a rápida substituição da mão-de-obra um dos maiores problemas para os investidores estrangeiros.

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Os contratos para as instalações das fábricas são regularmente atribuídos a amigos e familiares do próprio primeiro-ministro. 

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 A “lei de escravidão número um”, que estabelece dez horas extraordinárias obrigatórias por semana, é claramente uma violação da Directiva 2003/88/CE sobre o tempo de trabalho.

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A Hungria de Orbán é o principal cliente da indústria de armamento alemã.

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Agora, os antigos funcionários públicos podem ser despedidos no local e cada um deles está vinculado ao governo através de um contrato individual.

Federico Fubini, “Público” (sem link)

 

O sonho português era o facto de Portugal ser o único país da Europa sem significativa força de extrema-direita.

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A verdade é que, ao longo dos últimos cem anos, a extrema-direita esteve quase cinquenta anos no poder.

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Se algum sonho terminou, foi o da clandestinidade e contenção da extrema-direita. 

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Para que o sonho não seja seguido de pesadelo, é necessário analisar o que ocorreu nas eleições. 

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[O crescimento da extrema-direita] chega a Portugal com algum atraso, e isso pode ser uma vantagem, dado que começam a ser notórios os desastres sociais e políticos a que a extrema-direita conduz os povos quando governa.

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A nova geração de fascistas chega ao poder democraticamente, mas, uma vez no poder, não o exerce democraticamente, nem o abandona democraticamente, se perder as eleições.

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[Outro pilar da extrema-direita é] o aprofundamento repugnante das desigualdades sociais, a erosão das expectativas de vida digna da grande maioria da população, o medo abissal da pobreza abrupta, o abandono das populações do interior, a falta de acesso aos serviços públicos, nomeadamente de saúde.

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[Em Portugal não foi] feito um julgamento das atrocidades e violências do fascismo e do colonialismo nem [se educaram] as novas gerações sobre esse período obscuro da nossa história.

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A relação da extrema-direita com os media convencionais tem seguido o mesmo padrão em todo o mundo: um período inicial de deslumbramento seguido de hostilização e recurso predominante às redes sociais.

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O deslumbramento só começou a vacilar quando os jornalistas passaram a ser insultados como inimigos e houve limpa-pára-brisas partidos.

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Na ausência de alternativas ao neoliberalismo, à injustiça, ao racismo e ao sexismo, as populações vulnerabilizadas tendem a pensar que os seus agressores são os que estão ainda mais vitimizados que eles, sejam eles ciganos ou imigrantes ou populações negras.

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O grande derrotado das eleições foi o PSD. (…) [Rui Rio] Devia saber que, quer na Europa, quer no mundo, da Hungria e da Polónia aos EUA e ao Brasil e à Índia, a extrema-direita não tem soluções para proteger a vida ou melhorar a economia.

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[A extrema-direita] é eficaz a destruir, mas nada pode construir em democracia. Pela simples razão de que a sua solução é a destruição da democracia.

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A luta da esquerda deve ser hoje a de aprofundar as virtudes e neutralizar os vícios.

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)

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