domingo, 20 de junho de 2021

MAIS CITAÇÕES (135)

 
Os mecanismos do radicalismo hoje em curso à direita do espectro político são bem visíveis em textos de articulistas, nas páginas das redes sociais e nesse espelho das cabeças que são os comentários em caixas de comentários.

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[É] fácil perceber que uma multiplicidade de nomes falsos e pseudónimos pertencem à mesma pessoa, para se criar a ilusão da quantidade.

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Há gente que faz isto como quem respira, verdadeiros militantes das caixas de comentários.

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Muitos dos mecanismos deste tipo não são exclusivos da direita radical, existem também à esquerda, mas a maré tribal que está a subir é a da direita radical, associada ao populismo antidemocrático.

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[Na URSS] a dissidência era considerada uma doença mental.

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A ideia apresentada de forma simplista era esta: como é possível, sem padecer de uma qualquer doença mental, pôr em causa um regime perfeito de sociabilidade política como o socialismo soviético.

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Este argumento soviético é hoje muito usado no mundo do ataque pessoal da direita radical.

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Como não é possível ver a essência corrupta da democracia, descrita como o “sistema”, como é possível não se aceitarem as teses “científicas” sobre a realidade, como, em suma, se pode discordar sobre o mundo do Mal que nos governa sem se ser ou servil ou doente ou as duas coisas?

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É um estilo cada vez mais vulgar, que acompanha a crescente incapacidade de aceitar posições numa conversação democrática, ou sequer admitir que ela possa existir porque isso é aceitar o “sistema”.

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Se retirarmos o psicologismo, e a sua forma superior no argumento da dissidência ou da discordância como doença mental, não sobra quase nada.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Países há que criminalizaram a solidariedade de ONGs que procuram salvar vidas no Mediterrâneo, que demonizam os migrantes, que os devolvem em massa sem sequer haver a oportunidade de apresentarem as suas razões de viagem forçada e de entrada ilegal.

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Continuam a faltar rotas legais e seguras e, por isso, tantas famílias, mesmo com recém-nascidos, pagam a traficantes e arriscam viagens perigosíssimas, deserto e mar fora, a fugir do desespero.

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Continua a faltar a partilha das responsabilidades, como exige a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, no acolhimento a refugiados.

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Não aproveitamos a riqueza e a diversidade cultural, espiritual e a força de trabalho que [os refugiados] nos vêm dar. 

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Podíamos ser nós, em Cabinda, na Venezuela, na Síria ou em qualquer outro lugar a ter de deixar tudo para trás e fugir com a nossa família. Como gostaríamos de ser tratados?

Pedro A. Neto (Amnistia Internacional), “Público” (sem link)

 

As inovações legislativas horripilam muitos catedráticos de Direito e muitas vezes por boas razões.

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Mas sem recurso a métodos heterodoxos será sempre difícil provar crimes de colarinho branco com alguma sofisticação. 

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Vara foi apanhado, mas muitos nunca o foram nem com estas leis o serão.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 


As teses “revisionistas” do Estado Novo, veiculadas na convenção do MEL, deixaram um lastro muito para lá do encontro, com trocas de mimos entre colunistas. 

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A necessidade de retirar alguma carga negativa a uma ditadura de 48 anos, criando a sensação de mera evolução para o desenvolvimento, lamentavelmente interrompida pelo PREC, é política e presente. 

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[O PPD/PSD] apesar de ter herdado boa parte dos quadros da Ação Nacional Popular, que lhe deram implantação local, na sua cúpula estavam alguns dos que, na ala liberal, combateram a ditadura por dentro. 

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A extrema-direita, a que não dávamos esse nome, sempre existiu. 

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No início deste século, a geração que nasceu depois do 25 de Abril chegava à política e parecia estar em condições de superar o passado incómodo [da direita]. Mas as teses revisionistas voltaram em força.

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O problema aritmético que se põe ao PSD põe-se a quase toda a direita europeia: sem os extremistas não chega ao poder. 

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Isso implica, para que a aliança estratégica se faça, uma reconstrução do passado. 

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A mesma direita que usa “comunista” e “socialista” sem qualquer atenção a nuances exige um rigor milimétrico quando fala de regimes autoritários de direita que partilharam estética, valores e um tempo histórico.

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E assim, por milagre, o fascismo nunca existiu.

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[O Estado Novo terá sido] uma coisa morna, sem assassinos, torturadores e censores que atrapalhem as alianças que hão de vir.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Poucos vírus são tão letais para a democracia como a doença infantil do radicalismo.

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Todos aqueles que, em algum momento optam pela prudência do silêncio ou escolhem a moderação, ficam numa terra de ninguém, cada vez mais rarefeita.

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Quando não é letal, o vírus do radicalismo deixa sequelas profundas, difíceis de superar.

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O que é motivo de reflexão é o exercício de tiro ao alvo, com adversários políticos na mira, que a IL promoveu no seu arraial.

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Mas há um lado simbólico incontornável: a ideia de que, hoje, o adversário é um alvo a abater.

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Ora, quem abate adversários políticos, mesmo que em sentido figurativo, rapidamente os transforma de interlocutores em inimigos, promovendo uma incomunicabilidade.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

Suprimir a disseminação do vírus é essencial para reduzir o número de novas variantes, porventura capazes de contornar a imunidade criada pelas vacinas existentes. 

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Absurdamente treze países garantiram para si vacinas suficientes para imunizar todas as pessoas com mais de 65 anos em todo o mundo.

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Para garantir o acesso às vacinas de uma forma global precisamos de líderes que passem das fotografias de circunstância e dos discursos pseudoaltruístas para ações concretas.

Maria Manuel Mota, “Expresso” (sem link)


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