(…)
A primeira marcha [LGBT] no Porto nasceu precisamente das
solidariedades que se forjaram na reação ao assassinato da Gisberta.
José Soeiro, “Expresso” Diário
Portugal tem o Plano
Nacional contra a Corrupção 20-24 recentemente aprovado mas, perante a
inoperância, sente-se que, nesta matéria, grande parte do poder político
continua a preferir viver numa jaula confortável.
(…)
Ao falharmos no combate à
corrupção, deixamos os inimigos da democracia a alimentarem-se da sua corrosão,
para a destruir.
(…)
O Estado de direito escapa
à justiça porque esta não conclui.
(…)
A investigação é um
desígnio nobre, sistematicamente preterido por falta de políticas públicas,
capacitação e por ausência de meios do MP e dos órgãos de polícia criminal.
(…)
Este é o quadro a alterar.
A tipificação do enriquecimento ilícito, o fim dos offshore, um sistema de
direito premial que não seja anedótico, a protecção dos denunciantes.
No caso das vacinas, os
estados da UE depositaram todas as fichas na Comissão Europeia, que mostrou não
estar à altura dessa responsabilidade.
(…)
Apesar das respostas à
pandemia confirmarem os sistemas de saúde, do geral dos países da UE, como os
mais avançados do Mundo, a vacinação decorre a um ritmo lento comparado com,
por exemplo, o dos EUA.
(…)
Quanto [à bazuca a] sua
concretização, até agora é só fumaça [apesar da intensa propaganda].
(…)
A União Europeia está num
processo de fragmentação com nuances diversas.
(…)
Numa parte dos países da
UE, como Portugal, os europeístas obsessivos assumem os constrangimentos orçamentais
como uma inevitabilidade.
(…)
Os mecanismos e os tempos
de decisão na UE são lentos porque as divergências se estão a aprofundar e os
consensos são cada vez mais difíceis, porque o sentido do bem comum está a
dissolver-se.
A violação é uma forma brutal de opressão e
dominação, que tem em mulheres e crianças a esmagadora maioria das vítimas.
(…)
Segundo o relatório anual
de segurança interna, o crime de
violação é o oitavo com mais participações no nosso país entre
os crimes associados à criminalidade violenta e grave.
(…)
Quem está no terreno diz que os números ficam
muito aquém da crueldade realmente existente.
(…)
A violação é considerada um crime semipúblico
em Portugal. Isto significa que para haver uma investigação, é preciso que a
vítima faça queixa.
(…)
A violação é principalmente um crime onde há
relações de poder entre o agressor e a vítima, em que é habitual algum tipo de
ascendente que não pode ser ignorado, muitas vezes a coabitação.
(…)
E a ideia de poder deixar cair a queixa a
qualquer momento é propícia às pressões sobre a vítima, muitas das vezes vindas
do contexto social e familiar.
(…)
Se a violação fosse crime público bastava o seu conhecimento pelas autoridades
judiciárias ou policiais para haver uma investigação.
(…)
O mais importante é dar segurança às vítimas,
às que hoje não denunciam porque têm medo, porque não se sentem protegidas.
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Acho que devemos pensar como quebrar a corrente
do caldo cultural patriarcal que subjuga e diminui as mulheres.
Pedro Filipe Soares,
“Público” (sem
link)
[A proposta de um “rendimento básico incondicional] nem é para
toda a gente, nem evita as agruras da vida difícil, nem tem forma de ser
financiada sem um corte nos apoios sociais.
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Se o limiar da pobreza for definido nos Estados Unidos como 60% da
mediana dos rendimentos, esta prestação cobre um terço do seu valor atual.
(…)
Ainda assim, saber como isto seria financiado continua a ser um
mistério.
(…)
Colocada esta escolha na balança [as pessoas têm de optar pela
desistência dos apoios sociais] , não é evidente que tal pagamento, que não é
portanto incondicional, seja vantajoso para muitos dos pobres naquele país.
(…)
Carlos Moedas e Pedro Duarte, que apresentaram a proposta no
último congresso do PSD (…) prometendo assim tudo a todos, um donativo aos
pobres e uma prebenda aos ricos.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A poluição atmosférica, segundo a OMS, provoca sete milhões de
mortes por ano, a que terão de se acrescentar, na conta do automóvel, mais 1,35
milhões de mortos em acidentes e 50 milhões de feridos.
(…)
Em qualquer caso que não haverá redução consistente das emissões
(e das vítimas diretas do tráfego) sem uma redução do automóvel.
(…)
O automóvel condicionou a infraestrutura do transporte, mas também
subordinou a utilização do espaço urbano.
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O congestionamento é uma tragédia para o uso do tempo.
(…)
Não há, portanto, alternativa a reduzir o número de automóveis. E
é pelas grandes cidades que se pode começar.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
[Até há pouco tempo pensava-se] com a quase
certeza de que, com as conquistas sociais e políticas trazidas pela democracia,
a sua emergência jamais seria possível fora dos apertados círculos compostos
por indivíduos saudosos do antigo regime, ressentidos ou automarginalizados.
(…)
Vivemos agora perante a ameaça real de um
partido dessa família política, como o é o Chega, poder vir, se não a ganhar
eleições, pelo menos a influenciar a formação de um futuro governo.
(…)
Desta forma, um partido assente em
valores de natureza racista, xenófoba, tradicionalista e populista, e dotado de
um programa vago, poderá vir a ser o terceiro mais votado, em condições de
participar em coligações de poder alinhadas à direita.
(…)
Nas atuais circunstâncias, [os partidos que
integram a esquerda] jamais conseguirão desenhar uma estratégia e um programa
comum que seja coerente e mobilizador.
(…)
A forma de impedir o retorno da direita ao
poder, com todas as consequências das quais já tivemos um vislumbre na ação
calamitosa e deprimente do governo neoliberal de Passos Coelho, passará assim
por estabelecer uma estratégia de aproximação entre as diversas forças.
Rui Bebiano, “Diário
as beiras"
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