(…)
A
pandemia tornou tudo mais claro e o primeiro-ministro sente-se agora forçado a
protestar contra regras selvagens que precarizam o trabalho, aliás as mesmas
que protegeu e até agravou nos anos anteriores.
Francisco Louçã, “Expresso” Diário (sem link)
Só por displicência, ingenuidade ou puro
cansaço acumulado, poderiam os EUA prever outro desfecho que não este.
(…)
A gestão unilateral que os EUA fizeram do
processo de retirada das tropas arrastou todos os seus aliados como
carros-vassoura, nenhum deles tido ou achado nas negociações, procedimentos e
"timings" de saída.
(…)
Mas nunca um retirar de tropas pareceu
tanto um bater em retirada.
Sempre
foi assim, o liberalismo é antidemocrático por natureza.
(…)
O asco
do liberalismo em relação à democracia foi sempre uma evidência banal desde que
se definiram as três grandes correntes do nosso tempo, conservadorismo,
liberalismo e “democratismo” (ou “radicalismo”).
(…)
MFB
[Maria de Fátima Bonifácio] explica que a democracia é inviável dado que prenhe
daquelas “maiorias ignaras” que desdenham dos superiores desígnios que só a
elite vislumbra.
(…)
Os
democráticos, igualitaristas, eram a turba revolucionária e os conspiradores
sem pedigree.
(…)
[A
abordagem de MFB] comprova a sua tese, que repete a minha, o que registo com
gosto: ao chegarem ao poder, os liberais provaram quanto abominavam a
democracia.
(…)
MFB,
ao contrário de outros liberais do nosso tempo, mais tímidos, não tem pejo em
reivindicar esta virtude antidemocrática.
(…)
MFB é
mais afirmativa: o liberalismo rejeita a democracia e com orgulho, pois esta é
um perigo, dado que os povos são “cada vez mais difíceis de contentar”.
(…)
Não podia haver um panfleto liberal mais
esclarecedor do que este texto de MFB, a quem agradeço com dedicada vénia.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
Não há crianças pobres, há sim famílias pobres.
(…)
São desempregados sem proteção,
trabalhadores sem um mínimo de segurança no emprego e muitos são precários que
auferem salários baixíssimos.
(…)
O PM persistiu no erro de confundir
políticas que mitigam sofrimento e condicionalismos das crianças, com políticas
estruturais capazes de resolver o problema.
(…)
O combate à "pobreza infantil"
e a melhoria sustentada das condições das crianças exigem mexer em conteúdos
fundamentais da política de rendimentos, desde logo políticas de emprego e
salariais.
(…)
Uma sociedade que dispõe de meios
excecionais para produzir riqueza, que tem condições para prosseguir avanços
tecnológicos, científicos e outros, propiciadores da sua melhor organização e
funcionamento, não pode condescender com a pobreza.
(…)
Alguns dirigentes de confederações
patronais, perante o mais ténue sinal de preocupação do poder político com as
políticas sociais e laborais (…) logo gritam aqui-d"el-rei que estão a
"diabolizar as empresas e os empresários e não olham para a economia".
(…)
Um Estado moderno é um Estado social de
direito democrático, onde a dimensão do social não se separa do económico.
(…)
O "Estado social" é um
compromisso coletivo que o poder político deve evidenciar sempre.
(…)
Não se retiram crianças da pobreza
continuando desprotegidos os estratos sociais e as famílias a que elas
pertencem.
O
jornalismo português veio de 48 anos de censura, o que é um lastro perverso,
que afectou mais de uma geração de jornalistas e os seus leitores.
(…)
Era
também neste contexto [da ditadura] um jornalismo de oposição, que usava os
interstícios da censura para levar aos portugueses informação sobre o seu país
tal como ele era.
(…)
Não havia verdadeiro jornalismo político, porque não havia
liberdade.
(…)
Um
exemplo típico do modo como o jornalismo político português actua,
principalmente o tributário da escola dos “cenários”, foi a redução do
congresso do PS a um drama de “sucessão” que, verdadeiramente, não existiu.
(…)
Como
foi possível gastarem-se horas de rádio e televisão, milhares de palavras online e no papel, sobre um
não-assunto, em Setembro de 2021?
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
A
teoria que julga as pessoas gays,
lésbicas, bissexuais e trans como sendo contra-natura não é nova, mas, tal como
outras noções da História, já foi refutada.
(…)
Em
nome de Jesus Cristo, acredita-se que a Igreja e os ensinamentos bíblicos são
capazes de estruturar alívio, amor e disciplina nas nossas vidas.
(…)
Em
vários pontos do globo, inclusive em Portugal, mantém-se a crença que as terapias
de conversão são eficazes na cura de pessoas homossexuais, bissexuais e trans.
(…)
Outro
relatório divulgado pela organização Southern Poverty Law Center, em 2016,
mostrou que, nos EUA, um em cada três jovens LGBT já tinha sido submetido a
algum tipo de terapia de conversão.
(…)
Estas
práticas nefastas são antiéticas, contraproducentes e totalmente prejudiciais à
saúde, desencadeando comportamentos autodestrutivos e constrangimentos ao
bem-estar físico e mental.
(…)
[A estigmatização das pessoas LGBTI] é uma
forma de opressão e exclusão social que condiciona o acesso a determinadas
esferas da vida que as pessoas cis e heterossexuais tomam por garantidas.
(…)
É
normal a sexualidade humana ter diferentes variações e isso não significa que
sejam provocadas por traumas infantis ou abusos familiares.
Cláudia Vagarinho, “Público” (sem link)
Criador e nutriente dos taliban afegãos na sua primeira versão, o Paquistão
parece mais do que tentado a reconhecer o seu regresso ao poder em Cabul o mais
rápido possível.
(…)
O
vazio no poder afegão é uma ameaça perigosa numa fronteira porosa e a
possibilidade de atentados no Paquistão instala o nervosismo em Islamabad.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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