(…)
É a
mesma situação: um país (na altura foi uma cidade) que domina todos os outros,
e que tudo impõe com uma força extraordinária.
(…)
Todos os impérios sobem e caem: o Império
Grego, o Bizantino, o Otomano, e o Americano também cairá.
(…)
As
reflexões sobre a guerra que se alimenta perpetuamente, como na imagem do mundo
como um globo terrestre fragmentado que inspirava Libeskind, tornaram-se
assustadoramente urgentes e próximas.
Catarina Martins, “Público” (sem link)
Aquela dessintonia [oferta
de empregos sem qualquer candidato] resulta, fundamentalmente, das fracas
condições oferecidas e de caraterísticas específicas do nosso sistema de
emprego.
(…)
O IEFP não terá meios para
trabalhar as interrogações que se colocam quando queremos escalpelizar as
razões pelas quais estas ofertas de emprego não são preenchidas.
(…)
Os empregadores falam
genericamente do emprego de que precisam, mas escondem muitas das condições da
oferta.
(…)
Naquele universo [oferta de
24 mil empregos], quantos são empregos "uberistas" ou
"odemiristas"?
(...)
É imprescindível ir fundo
na análise destas ofertas de emprego para se perceber e tratar aquela
dessintonia.
(…)
Não se escamoteia a
disfunção existente entre a oferta de emprego e as formações das pessoas.
(…)
Então, falta mesmo emprego
e uma política económica que o gere.
(…)
[Em muitos empregos] imperam
subjugações duras e não o idílico cenário associado ao conceito de
"colaboradores" com que a propaganda dominante aborda o "emprego
do futuro".
(…)
Os trabalhadores
portugueses, quando tratados com dignidade, integrados em empresas e serviços
bem organizados e com salários decentes, estão sempre disponíveis.
Estamos
em plena campanha eleitoral e o único elemento positivo é o próprio facto de
haver várias dezenas de milhares de pessoas que se candidatam por todo o país.
(…)
Fora
isso, mesmo os grandes candidatos, ou que já ganharam, ou que têm meios e
recursos, ou que têm fortes expectativas de ganhar, não conseguem colocar na
rua um número mínimo de pessoas, fora os funcionários e os profissionais das
campanhas.
(…)
Se olharmos para as janelas, que é um critério
que ajuda a perceber a mobilização, cada vez há mais… nada.
(…)
A democracia precisa do empenho da gente comum
por aquilo em que acredita, precisa de um bom pathos. Não há.
(…)
Com a
treta do Facebook e das redes sociais, lá colocam, por obrigação, uns
simulacros de programas, que online
ninguém lê.
(…)
O elemento racional da actividade política, o
seu carácter argumentativo, fica completamente dominado pelo espectacular.
(…)
Só que a democracia precisa da razão, precisa
de um logos que funcione. Não tem.
(…)
O que
sobra é a radicalização. Em muito momentos da história assistimos a processos
de radicalização, e nunca dão bom resultado.
(…)
Indiferença
conta, medo também, mas acima de tudo porque não tem exemplos daquilo que mais
falta à democracia hoje e está na base da crise de representação: virtude.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Que dois dos principais laboratórios de análises em Portugal
tenham quadruplicado os seus lucros em 2020 (…), parece normal, considerando o
aumento de serviços prestados.
(…)
A primeira pergunta razoável é porque é que 50,7% dos testes foram
feitos no privado ao longo deste mais de ano e meio.
(…)
Mas ao longo de mais de um ano os serviços hospitalares e os
centros de saúde, ou outros dos seus parceiros, como universidades, criaram
capacidade que poderia ter respondido a grande parte da procura. Se não o
fizeram, foi por escolha política.
(…)
A segunda pergunta é porque é que foram permitidos preços tão
altos.
(…)
O que [a pandemia] nos mostrou foi como o poder de mercado, dado
que a oferta está nas mãos de quatro grandes laboratórios, extrai uma renda
apetitosa, sem cuidar sequer de disfarces.
(…)
Só em abril de 2020 é que o Governo impôs um limite de 15% ao
lucro da venda desse tipo de materiais [como álcool-gel e
máscaras].
(…)
No entanto, o Governo nunca fez o mesmo com os testes, limitou-se
a aceitar preços excessivos, sempre acima deste limiar de 15% de lucro.
(…)
Haverá poucas outras atividades que se aproximem deste maná.
(…)
Se o mercado funcionou, foi para sustentar um sistema de
acumulação que aproveitou a doença para enriquecer.
(…)
O mercado beneficiou em todo o lado com a pandemia e da mesma
forma. Deste modo, ao longo deste ano e meio de aflição, a lista de
multimilionários do mundo abrilhantou-se com nove novas entradas.
(…)
A Moderna foi generosamente financiada pelo dinheiro público,
tendo recebido do Governo dos EUA 5750 milhões de dólares.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
É
importante contribuir para desmistificar o marketing, hoje com grande difusão,
incluindo a partir de organizações de defesa do ambiente, sobre os veículos movidos a
electricidade.
(…)
Há que incidir a atenção sobre a forma como é
produzida e armazenada a energia eléctrica.
(…)
Para a produção de energia eléctrica é ainda
hoje muito considerável o peso da queima de combustíveis fósseis.
(…)
Por
esta via, a opção por carro eléctrico tende a ser ambientalmente similar à opção
por novas motorizações a combustíveis fósseis. O montante de investimento é que difere substancialmente.
(…)
A
produção de electricidade por esta via [queima da biomassa] tem tido impacto
devastador na perda de cobertura arbórea em extensas áreas florestais, quer no
Canadá, nos Estados Unidos e na Rússia.
(…)
[Portugal é] o segundo Estado-membro [da UE]
com a maior perda de áreas naturais e semi-naturais registada desde 1992.
(…)
Este é o paradoxo que nos deve preocupar.
Vão-se queimar árvores para movimentar veículos?
(…)
Há, no
entanto, que ter em conta que uma retirada em excesso destes “resíduos” [das
florestas] compromete o fundo de fertilidade dos solos.
(…)
Há,
ainda, que ter em conta que este negócio da queima de biomassa é ruinoso. Para
ser viável carece de significativos apoios públicos.
(…)
A
subsidiação desta indústria energética compromete ainda o emprego nas
indústrias das madeiras e do mobiliário, as que têm maior peso em postos de
trabalho no sector silvo-industrial nacional.
(…)
Assim,
se pensar em adquirir um carro eléctrico, pense duas vezes. Qual o impacto da
sua decisão em termos de conservação dos solos, dos recursos hídricos e da
biodiversidade, mas também no emprego.
Paulo Pimenta de Castro, “Público” (sem link)
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