domingo, 5 de setembro de 2021

MAIS CITAÇÕES (145)

 
O que Costa diz não bate certo com o que o Governo propõe [no que diz respeito aos direitos de quem trabalha para as plataformas digitais].

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O Livro Verde [sobre o Futuro do Trabalho] abria assim finalmente a porta para que a lei exigisse de multinacionais como a Uber, a UberEats, a Glovo, entre outras, a assunção das suas responsabilidades enquanto empregadoras.

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Parecia iniciar-se enfim um caminho para garantir direitos básicos aos trabalhadores das plataformas.

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Mas a proposta do Governo, uma das tais 64 para o “Trabalho Digno”, não acolheu a formulação do Livro Verde que o próprio Governo encomendara, cedendo ao lóbi feito por estas multinacionais.

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Mas além de propor manter esse modelo que tem sido tão criticado, o Governo prevê mesmo estendê-lo a toda a realidade do trabalho em plataformas.

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O sinal que o Governo parecia querer dar com o Livro Verde foi assim atropelado pela sua proposta, que descartou as formulações do Livro para insistir num modelo de precarização à medida das multinacionais. 

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O embrulho retórico [de Costa] esconde um conteúdo contrário ao anúncio feito.

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Não são menos reprováveis, no tal documento das 64 medidas, as propostas sobre período experimental a trabalhadores à procura do primeiro emprego.

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[Tinha havido] em período pré-Orçamento, um sinal do PS no Parlamento em sentido contrário às propostas do Governo na concertação social.

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[É agora líquido que] o PS não aceita tocar no alargamento do período experimental e o destino final da proposta aprovada é, como aconteceu no passado, ser chumbada pelo PS, pelo PSD e pelo CDS.

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Mas tem sido assim. O que o Governo tem feito nestes últimos meses no campo do trabalho é muito jogo político e um discurso que procura vender gato por lebre.

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As declarações do Primeiro-Ministro não batem certo com as suas propostas e parecem até destinadas a ocultá-las. 

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É justamente nestas matérias sensíveis que deveria haver, em vez destas cenas, um esforço à esquerda para medidas sérias e consistentes de combate à precariedade.

José Soeiro, “Expresso” Diário

 

Houve, na última crise, a ilusão de que se tinha aprendido com os efeitos da desregulação financeira. 

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A realidade só prova alguma coisa se quem tem o poder de a explicar no espaço público estiver confortável com o que ela prova. 

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Os ideólogos da desregulação que levou ao colapso bancário venceram o debate. A crise financeira passou a ser conhecida como “crise das dívidas soberanas”.

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Com ingenuidade, muitos acham que a pandemia provou a necessidade do Estado social.

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Mas a narrativa do “despesismo socialista” começa a fazer o seu caminho.

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Os mesmos que exigiram mais apoio a empresas e cidadãos cobrarão cada cêntimo gasto.

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A demagogia da direita é ajudada pela do Governo, que embandeirou em arco com o aumento do emprego, como se isso fosse plausível sem o reforço de meios do Estado.

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O objetivo é exigir (…) a transferência das funções sociais do Estado para o privado, “mais competente”.

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A última parte desta narrativa é mais difícil: o ataque ao SNS.

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O objetivo é fazer o caminho que levará à conclusão ensaiada no início da pandemia: o SNS está esgotado, o privado é a resposta. 

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A ‘bazuca’ ajuda o discurso, mas atrapalha a estratégia.

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[O diabo] acabará por vir, porque a austeridade cíclica é da natureza da nossa integração no euro. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O sector da saúde está em brasa há dois dias com a nova tabela da ADSE. O que a polémica tem por detrás é sempre dinheiro.

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[A exclusividade dos médicos] é um excelente objetivo. Que pode resultar num fracasso.

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Sou a favor da dedicação exclusiva dos médicos no Estado, mas discordo do método em curso, por nele ver um aumento de custos provavelmente inútil.

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Os médicos fazem muitas horas extra, pelo que o Estado gasta de um lado para poupar do outro. 

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Os privados vão continuar a precisar de médicos, pelo que vão continuar a contratar ao público, pagando mais do que hoje.

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O país não ganhará mais horas totais de trabalho médico.

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O problema do SNS é também uma questão de gestão.

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Já para o ministro das Finanças, a exclusividade dos médicos pode ser a explosividade do Orçamento. 

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A economia resistiu relativamente bem à pandemia, mas agravando desigualdades e muito à custa do Estado.

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A saúde não tem preço mas tem custos. Sem boas medidas e boa gestão é dinheiro atirado pela janela.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

Não é necessário estar muito atento para perscrutar insinuações de que sobre nós paira uma ameaça aos fundamentos de uma democracia pluralista e liberal.

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A democracia portuguesa terá certamente muitas fragilidades, mas assumir que o poder político está empenhado em transformá-la numa outra coisa é fantasioso e, em si, perigoso.

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Uma resposta óbvia prende-se com o longo período de afastamento da direita do poder executivo.

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A direita social sente uma orfandade que se traduz em incompreensão sobre os motivos profundos da sua incapacidade para alcançar vitórias eleitorais.

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A direita escolheu transferir a responsabilidade dos seus falhanços para uma suposta degradação das qualidades democráticas do regime. 

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Que Carlos Moedas, (…) também não tenha resistido ao discurso do medo é mesmo motivo para preocupação.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

O Alentejo pode estar prestes não só a ficar irreconhecível como a transformar-se num autêntico caso de estudo de frouxidão governativa, administrativa e tecnofuncional sob a mais crónica e determinante entorse ambiental do país: o desordenamento do território.

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A paisagem não é uma espécie de suplemento ornamental para a promoção turística. Ela situa-se no plano básico da segurança do país — garante boa água, solo arável, biodiversidade e cultura.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)


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