O recurso aos privados na reação à pandemia era inevitável, mas registe-se
que se optou por negociar em estado de necessidade em vez de proteger o
interesse público através da requisição, como as circunstâncias exigiam. O
resultado são custos muito superiores aos praticados por outras entidades em
Portugal ou privados noutros países.
Não haveria forma de, com algum investimento ao longo deste ano e meio, ter
dotado o estado de capacidade instalada para executar uma parte substancial
destes exames? Foi sequer ponderado ou tentado? Como foi determinado o preço,
que os laboratórios garantiram ser quase o preço de custo e o mínimo que permitisse
a viabilidade económica da prestação do serviço?
Se assim fosse, como poderiam ter resultado em lucros históricos 4 vezes
superior ao normal? É aceitável que numa pandemia sejam gerados lucros privados
desta magnitude, essencialmente à conta de recursos públicos? A grande lição
desta pandemia é a de que precisamos de investir no SNS, dotá-lo dos recursos
humanos e técnicos necessários para não deixar a nossa saúde nas mãos desta
gente. (José Gusmão)
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