(…)
Há um nome mais simples e certeiro: xenofobia.
(…)
As
imagens que há poucos meses chocaram o país pela desumanidade com que os
imigrantes eram tratados naquele concelho, a falta de condições de vida e a
miserável exploração, são apenas parte de uma realidade cruel e bárbara que
cava fundo até nas forças de segurança.
(…)
Seres sub-humanos, despidos de dignidade, “animais”, assim
foram considerados os imigrantes pelos sete militares da GNR.
(…)
Aqueles sete bárbaros não são militares, são um gangue que
espalhou o terror nas comunidades de imigrantes em Odemira.
(…)
A insegurança e a fragilidade humana foram exploradas por
estes predadores fardados.
(…)
A
autoridade com que o Estado reconhece às forças de segurança o monopólio da
força legítima é uma responsabilidade não é um brinquedo ou um privilégio.
(…)
É motivo para perguntar quão fundo cavam o racismo e a
xenofobia nas forças de segurança.
(…)
É para
defender os que são bons profissionais e prestam bom serviço ao país que não se
pode transigir com quem não respeita a lei ou o Estado de direito.
(…)
Que se avalie também a atuação das chefias.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Observa-se o envelhecimento da população
por efeito não só do saldo natural negativo (diferença entre nascimentos e
óbitos), mas também de uma enorme dimensão da emigração em década e meia.
(…)
Torna-se evidente que o país precisa,
urgentemente, de uma população ativa mais numerosa e mais jovem.
(…)
Numa perspetiva de curto prazo, aquele
objetivo só é possível com a vinda de imigrantes a quem se garanta trabalho
digno.
(…)
Quanto mais maltratados e mal pagos forem
os imigrantes, mais jovens portugueses emigrarão, mais se enraíza a
precariedade, mais se aprofunda a pobreza.
(…)
São necessárias políticas novas e
solidárias para a imigração.
das condições de trabalho.
(…)
Portugal precisa de políticas que
contrariem o envelhecimento da população.
(…)
Se [o trabalho] for valorizado é uma
alavanca extraordinária para o desenvolvimento das sociedades; se for
instrumento de exploração ilimitada e de desigualdades, afunda-as.
O fugitivo [Rendeiro] não se soube esconder,
o que retira algum encanto à sua competência e mancha as expectativas de que o
mistério estaria para durar.
(…)
A forma lastimável como o
ex-banqueiro foi retratado em pijama no momento da detenção, parecendo um
pormenor particular de quem até pior merecia, é um ataque público aos direitos,
liberdades e garantias do nosso sistema como um todo.
(…)
A contemplação dos escombros de um homem,
ainda que foragido e do qual podemos (porventura, devemos) ter a pior das
opiniões, é perigosíssima. Desde logo, porque o humaniza.
(…)
As declarações de Rui Rio [a propósito da
detenção de Rendeiro] e as inúmeras tentativas de as justificar pelo PSD pecam
pela incapacidade de se reduzirem ao evidente.
[A
OCDE] surpreendeu os seus devotos com a proposta de aumento de impostos em
Portugal.
(…)
Olhando
para a Saúde, propõe mais investimento, sobretudo nos cuidados paliativos e
intensivos e na saúde mental, além de melhores condições para os profissionais.
(…)
Acrescenta
que é preciso melhorar o acesso ao subsídio de desemprego e subir as prestações
sociais, depois de ter registado que Portugal é um dos países que impõem maior
penalização das pensões antecipadas.
(…)
[Critica
o facilitismo] quanto ao branqueamento de capitais por via do imobiliário e
depois, para surpresa de muitos, a proposta de aumentar os impostos sobre a
poluição e sobre o imobiliário (ou sobre a herança).
(…)
[A
OCDE] propõe ajustamentos que sejam reparadores da crise orçamental e das
perturbações sociais que quer impor com a outra mão.
(…)
Uma
das sugestões da OCDE vai precisamente neste sentido sugerido pelo jornal
[Financial Times], de “questionar” os “privilégios dos ricos”, linguagem pouco
comum nestas esferas.
(…)
Vai
ser curioso saber o que se dirá nestas eleições acerca desse imposto e de
medidas para reduzir os “privilégios dos ricos”.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O
crescimento dos preços da energia e a recuperação do consumo reprimido nos
últimos dois anos gerou inflação.
(…)
Já nos
tínhamos desabituado disto nas últimas duas décadas.
(…)
A
resposta, algo desconexa, está prisioneira de uma dúvida, a de saber se este
processo é momentâneo e reversível ou se é permanente.
(…)
Estamos
a ser governados pela ideologia e ela leva-nos para a pior das alternativas.
(…)
[Ela
impõe-nos] um travão quando a recuperação ainda é frágil.
(…)
Uma
das consequências desse travão será a turbulência nos mercados financeiros.
(…)
Ora,
um dos novos fatores que agrava estes riscos é o clima.
(…)
Um
bilião de dólares, [é] uma pequena parcela do que pode ser o efeito de
contaminação [do mercado] pelo perigo climático.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O relatório [do World Inequality Lab publicado recentemente]]
atualiza muitos dos indicadores que já estavam disponíveis na primeira edição.
(…)
Os 10%
mais ricos do mundo ficam com 52% do rendimento mundial (antes de impostos, mas
considerando pensões e subsídios de desemprego), ao passo que a metade mais
pobre tem apenas 8,5%.
(…)
Segundo
o relatório, os 50% mais pobres do mundo têm apenas 2% da riqueza; que é como
quem diz: nada. Já os 10% mais ricos têm 76% da riqueza.
(…)
A
pandemia só veio piorar as coisas. Entre 2019 e 2021, a riqueza dos 0,001% mais
ricos do mundo aumentou 14%.
(…)
Os super-ricos viram o seu património crescer a um ritmo 14
vezes superior ao das restantes pessoas.
(…)
Já a riqueza do grupo mais restrito dos bilionários aumentou
50%.
(…)
Será que estas pessoas assim tão ricas pagam a sua justa
parte de impostos?
Susana Peralta, “Público” (sem link)
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