(…)
A proteção social em Portugal não é demais, é de menos.
(…)
132.461 pessoas inscritas nos centros de emprego não tinham
direito a proteção no desemprego e a estas somam-se as que não estão sequer
inscritas.
(…)
Temos uma baixa cobertura do subsídio de desemprego e temos
valores que são, na maioria dos casos, condenações à pobreza.
(…)
O valor médio [do RSI] por família era de 261 euros (menos de
metade do limiar de pobreza) e o valor médio por beneficiário era de 119,5
euros.
(…)
Até a OCDE, [aconselhava ainda este mês] alargar o acesso aos
subsídios de desemprego e aumentar o nível e a cobertura das prestações de
rendimento mínimo…
(…)
A sugestão de Rui Rio serve para namorar os equívocos
deliberados da extrema-direita.
(…)
[Em 2012 Passos Coelho] tratava o subsídio de desemprego como
uma espécie de favor do Estado e não como um direito dos trabalhadores fundado
nos seus descontos.
(…)
Os resultados, em termos de emprego, nesse período, são bem
conhecidos: a maior vaga migratória e o maior número de desempregados das
últimas décadas.
(…)
Para que o emprego seja atrativo e para que o padrão produtivo
mude, é preciso muito mais [que uma subida do salário mínimo].
(…)
É na contratação coletiva que se definem salários para além do
mínimo, categorias, carreiras, perspetivas.
(…)
[Há uma] grande fatia de jovens que nunca conheceu qualquer
contrato coletivo.
(…)
A percentagem de contratos a prazo permanece estruturalmente a
mesma, com ligeiríssimas variações nas últimas duas décadas.
(…)
O PS chumbou sempre, ao longo deste período [de três anos], a
proposta do Bloco para criar leques salariais nas empresas.
(…)
A recusa de mudanças onde é essencial é um problema.
José Soeiro, “Expresso” Diário
Se
antes [do congresso laranja] Rio era crucificado por [querer viabilizar um
governo PS], os outrora opositores passaram a alinhar pelo mesmo diapasão numa
escolha a que não são alheios os cálculos eleitorais.
(…)
A
ideia de PS e PSD como fiéis depositários da confiança do regime é antiga. É a
soberba de quem se acha dono da democracia.
(…)
É a alternância sem alternativa para o país.
(…)
Os
interesses instalados e o sistema dos negócios são, e sempre foram, a marca do
bloco central e fator de atraso do país.
(…)
O PSD
tem uma estratégia que pode reconquistar influência nas escolhas do país, mesmo
que seja dando a mão ao PS.
(…)
Com um
pé no centrão e a boca no discurso de extrema-direita, ficamos na dúvida qual
estará mais perto do coração de Rui Rio.
(…)
É
verdade que estão em causa escolhas de governo e a vontade de virar as costas à
esquerda para dar a mão ao PSD é o novo caminho que António Costa pretende.
(…)
O voto
útil morreu em 2015 quando as pessoas perceberam que todos os votos contam na
eleição de deputados e que é das maiorias parlamentares que se fazem as
escolhas de governo.
(…)
E o
povo de esquerda já sabe que não há utilidade no voto que coloca o país
dependente das vontades do PSD.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
O que não é acidente é o tormento que vivem os serviços de saúde.
(…)
O Governo desistiu de um SNS que garante a universalidade e a
qualidade do acesso à saúde e dá por certo que o sector privado determinará a
nossa vida.
(…)
O Governo suportado pela ‘geringonça’ repôs os níveis de
financiamento, começou a contratar quadros necessários e promoveu o acesso aos
serviços.
(…)
Para chegarmos à média dos países equivalentes precisaríamos de
mais 30 mil enfermeiros, e muitos dos agora contratados são por meses, além de
terem condições deploráveis.
(…)
Faltam enfermeiros nos serviços, nos centros, nos cuidados
continuados, nos lares. E faltam médicos em todo o lado.
(…)
Como não há carreiras com exclusividade e condições atrativas, os
concursos mal repõem quem se aposenta ou sai para o privado.
(…)
Chegou-se ao fim de dezembro do primeiro ano da pandemia com menos
945 médicos do que em janeiro.
(…)
Só temos hoje mais 18 médicos
no SNS do que tínhamos quando começou a pandemia.
(…)
Na medicina familiar, é o
desastre: há hoje 1.081.136 utentes sem médico de família, mais 56% em dois
anos, mais 230 mil só em 2021.
(…)
Não se constroem os
hospitais prometidos.
(…)
A crise do SNS é uma estratégia
[económica]. Está a resultar.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
Tem estado em
crescendo a campanha promocional de soluções políticas de "centro", a
banha da cobra moderna com poderes curativos para todas as maleitas do país e
dos portugueses.
(…)
O êxito da
solução [PS+esquerda], a confiança e a estabilidade política geradas,
desarmaram os defensores do grande centrão de interesses.
(…)
Viu-se no congresso do PSD que o programa político da Direita
se resume a ganhar o PS para regressar ao que "é normal".
(…)
No PS não faltam encantamentos por este velho concubinato.
(…)
Hoje, nos planos global, europeu e nacional o perigo é a
extrema-direita e o fascismo que atentam contra as liberdades e a democracia,
que espezinham valores humanos.
(…)
Ao longo de décadas, o centro que governava e o centro que
consentia (…) persistiram sintonizados na promoção da matriz económica
de baixos salários e baixo valor acrescentado.
(…)
Os grandes avanços alcançados em democracia (…) foram
conquistados, em regra, em confronto com a Direita.
Negacionistas a negar que o maior número de internados em UCI
são mesmo não vacinados.
(…)
A secura dos números [da pandemia] ficou agora a falar por si.
(…)
Seremos todos reféns do cuidado e, se temor fosse crença, estes
seriam os mais católicos dos natais.
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