Rui Rio faz da “negociação da governação” com o PS a sua aposta eleitoral número um.
(…)
Se
hoje perguntássemos a um e a outro [Rio e Costa] o que é isso de negociar a
governação ambos diriam que é o que é preciso para haver um governo estável e
que isso supõe sempre haver orçamentos aprovados.
(…)
A
resposta inteira é a que diz que o preço que cada um deles pagará ao outro para
ter um governo estável com orçamentos aprovados.
(…)
Desde
2019 foi a estabilidade do governo PS que fez o PSD votar ao seu lado a maioria
das leis mais importantes.
(…)
Estabilidade
assustada em 2015 com a quebra da quietude do arco da governação.
(…)
A “negociação
da governação” foi o que aconteceu nos últimos dois anos e meio.
(…)
É a
intensificação dessa aproximação que Rio quer chamar-lhe “negociação da
governação”.
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Rui
Rio fará depender o aval laranja a um governo rosa da privatização de cuidados
de saúde.
(…)
Claro
que os discursos grandiloquentes de fidelidade ao SNS continuarão.
(…)
É
possível edesejável negociar uma governação que supere a estagnação e as
retrações que os consensos centristas entre PS e PSD perpetuam.
(…)
A
negociação de uma governação que tenha o arrojo de fazer essas escolhas não se
fará para honrar abstrações mas para resolver problemas concretos da vida das
pessoas.
José Manuel Pureza, “Visão” (sem link)
Consagrada na Constituição desde 1976, a regionalização é uma
promessa perene que ciclicamente vem a debate.
(…)
Com
astúcia [Costa] ocultou o tema com avulsas e enviesadas medidas, como a
transferência de competências para as autarquias em formato de municipalização
de serviços.
(…)
[Agora,
o primeiro-ministro afirma] referendo à
regionalização em 2024, com o piedoso argumento de que é tempo de dar voz ao povo.
(…)
[2024] que é para evitar que se realize no decorrer do
mandato do Presidente da República? Acredito que sim.
(…)
Concordo
com o repto lançado de se fazer da campanha para as legislativas o palco do
debate colocando o tema da regionalização na liça eleitoral.
(…)
É legitimo
pensar que a regionalização acarreta controvérsia e que há dúvidas sobre as
vantagens e desvantagens, tanto sobre o modo de funcionamento e produção de
efeitos, quanto pela transparência e/ou conivência de interesses.
(…)
Como
defensor da regionalização, considero que em primeiro lugar é preciso
fortalecer argumentos para coletivamente construir uma sólida proposta capaz de
mobilizar e alargar apoios para engrossar reivindicação e conquistar maioria
social.
(…)
[Há
que] respeitar e aplicar um imperativo consagrado de forma inequívoca na
constituição que os partidos maioritários na AR teimam em não cumprir com o
logro de sucessivos adiamentos.
(…)
Não
basta falar de coesão territorial, é preciso construir essa coesão com uma organização
administrativa sustentada numa base democrática de participação
cidadã, através de um sufrágio universal que legitime os órgãos eleitos.
(…)
Portugal é um dos países mais centralistas da UE e mesmo da
OCDE.
(…)
Falta-nos um poder intermédio de base regional com visão
subnacional que atenue a decalagem entre centralismo e localismo.
(…)
Há
décadas que falamos de potenciação de oportunidades, de valorização do
interior, de correção de assimetrias, enquanto os indicadores dessas pretensões
nos evidenciam um aumento das desigualdades.
(…)
E se construir o erro foi desastroso, mantê-lo é penoso, é um
crime social.
(…)
As discriminações produzidas e alimentadas têm responsáveis.
(…)
[A regionalização] pode contribuir decisivamente para outras
políticas que passem a atender mais à especificidade de cada território.
(…)
Pelo menos a dúvida, dentro de uma certeza: não há efetiva
descentralização sem haver regionalização.
José Maria Cardoso, “Público” (sem link)
O Chile é um dos países mais desiguais do mundo,
aparentemente rico, mas cheio de pobreza nas suas entranhas.
(…)
[No Chile] o 1% mais
rico concentra nas suas mãos 30% da riqueza
(…)
Desde
a primeira volta que muitos, no Chile e fora do Chile, não se cansaram de
alertar para os perigos que aí vinham se os chilenos elegessem (como vieram a
fazer apesar de toda a chantagem) um candidato vindo da esquerda.
(…)
O povo
chileno votou, mas o “mercado”, esse ditador não eleito que se permite
questionar todas as opções que não as suas, da maneira mais antidemocrática
possível, não gostou da opção.
(…)
O
ultraliberalismo atira-nos de crise em crise e, quando lhe apontam o dedo e o
querem frear, começa a ver tudo vermelho como se lhe estivessem a apertar o
pescoço.
(…)
O Exército brasileiro anda a realizar exercícios militares
contra militantes de esquerda e movimentos sociais.
(…)
Quase
quatro décadas passadas sobre o regresso da democracia ao país, as Forças
Especiais do Exército não só continuam a encarar os políticos de esquerda e os
movimentos sociais como inimigos como estão a receber treino específico para os
combater.
(…)
Estas
Forças Especiais do Exército brasileiro são de certa maneira descendentes do
aparelho de perseguição, tortura e assassínio montado pela ditadura militar
para combater políticos de esquerda e activistas sociais.
(…)
[A] abrangência macarthista do termo comunista
permite rotular qualquer pessoa que pretende reformar os mercados financeiros e
os bancos em função das pessoas com um apodo que acciona os alarmes e impede
que se perceba as virtudes do que defendem.
(…)
Um dos
argumentos mais usados na cartilha do autoritarismo é o de trazer a ameaça do
comunismo para se justificar como última linha defensiva contra esse inimigo
invasor de mentalidades.
(…)
Matar em nome do anticomunismo figura em local de relevo na
cartilha do bom autoritário.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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