domingo, 19 de dezembro de 2021

MAIS CITAÇÕES (160)

 
A imagem de João Rendeiro de pijama não tem interesse noticioso para lá da humilhação do visado. 

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Apesar da detenção de Rendeiro, da prisão domiciliária de Manuel Pinho e da acusação no caso das PPP rodoviárias, esta não foi uma semana de vitórias para a justiça portuguesa. 

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No primeiro pedido de extradição [de Rendeiro] o Ministério Público esqueceu-se de indicar que ele não é apenas arguido, mas um condenado a pena de prisão em última instância. 

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Pouco tempo depois da humilhante fuga de Rendeiro, mas nove anos passados do início do processo da EDP, o MP pediu a prisão preventiva de Manuel Pinho, que é apenas arguido, por risco de fuga.

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Só que depois da fuga de Rendeiro a pressão pública mudou e os atores judiciais reagem, antes de tudo, ao ambien­te externo ao processo.

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Quanto à acusação no caso das PPP rodoviárias, ela acontece depois de o inquérito ter sido aberto há quase uma década, ser amplamente noticiado há mais de sete anos e os envolvidos só terem sido constituídos arguidos no ano passado. 

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E assim se degrada a credibilidade da justiça, criando um sentimento difuso de impunidade.

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É saber até quando continuaremos a satisfazer-nos com a suspeita pública, que pode durar uma década de vazamento de peças processuais na imprensa.

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Quando exigiremos menos foguetório e mais resultados no combate aos crimes de colarinho branco?

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Passado o Natal, a campanha eleitoral transformar-se-á num longo e fastidioso conjunto de frente a frentes.

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Não estaremos através de um mecanismo de parlamentarização do espaço mediático a empobrecer a campanha?

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Mesmo se partirmos da Lei, em lado algum está escrito que todos têm de debater individualmente com todos.

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Com tanto debate, a campanha será um debate sobre os debates, o que é a definição de uma campanha pobre.

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Qual era a alternativa? Menos debates, decididos com critérios jornalísticos transparentes e claros, que garantissem a participação de todos, de acordo com a lei. 

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

O caso da transição energética no nosso país é crucial para analisar se existe, de facto, energia para todos.

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Segundo o Observatório da União Europeia para a Pobreza Energética, mais de 50 milhões de famílias europeias vivem em pobreza energética.

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Portugal aparece no fundo da mesma [tabela], em 25.º lugar, como um dos países com maior nível de pobreza energética da Europa.

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Portugal [está] em segundo lugar, só atrás de Malta, [no ranking do excesso de mortalidade no Inverno em 30 países europeus] com um acréscimo médio de 28% nas mortes ocorridas entre Dezembro e Março face às que têm lugar nos meses mais quentes.

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Importa falar sobre o controlo público da energia no nosso país.

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O sector energético está dominado por interesses privados que colocam a vontade lucrativa face às reais necessidades das populações.

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O que este cenário tem demonstrado não é uma adaptação rápida e estrutural às urgências que a crise climática impõe.

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Temos vindo a reduzir ligeiramente as nossas dependências de combustíveis fósseis.

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É preciso tocar onde dói, nomeadamente nos monopólios de energia que têm vindo a ser inúmeras vezes denunciados por activistas.

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A menos que haja reduções nas emissões de gases de efeito estufa imediatas, rápidas e em larga escala, o aquecimento global ultrapassará os 1,5ºC.

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[Há que] terminar com a ideia insustentável e fantasiosa de que é possível manter um desenvolvimento infinito sobre recursos finitos.

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O movimento social está forte nas ruas e em permanente oposição com a lógica de que é demasiado difícil garantir a nossa subsistência.

Andreia Galvão, “Público” (sem link)

 

Segundo o Relatório Mundial sobre Migração (Organização Internacional das Migrações), em 2020, havia no mundo cerca de 281 milhões de migrantes internacionais, o que significa que 3,6% da população mundial residia noutro país que não o de origem.

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Todos os países, ainda que com intensidades distintas, são afetados pelas migrações internacionais.

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Segundo o Observatório da Emigração, estima-se que em 2020 tenham saído do país 68209 portugueses.

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De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, em 2020, entraram em Portugal 71747 novos estrangeiros.

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Nesse ano residiam em Portugal 662 mil cidadãos estrangeiros, o que representa aproximadamente 6,4% da população residente.

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[Em 2015] mais de um milhão de pessoas ultrapassaram as fronteiras externas da Europa de Schegen e caminharam em direção a Berlim.

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Também em 2018, uma caravana de milhares de migrantes sul-americanos atravessou sucessivos países em direção aos EUA.

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Num contexto de globalização, onde tudo flui quase sem constrangimentos, nomeadamente o dinheiro, as matérias, a informação e as pessoas, algumas pessoas são limitadas nas possibilidades de migrar.

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Resulta assim paradoxal que os Estados, (…) reivindiquem o controlar das suas fronteiras sobre os mais vulneráveis.

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A odisseia de chegar ao “condomínio fechado” europeu fez com que a travessia da fronteira líquida do Mediterrâneo a convertesse na mais dramática das fronteiras, com 22941 mortes de migrantes em oito anos.

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O número de pessoas em mobilidade é crescente.

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O caráter estruturante das migrações requer que, para além das respostas políticas e jurídicas, sejam dadas também respostas sociais e éticas aos homens e mulheres migrantes, bem como às sociedades de acolhimento, num compromisso coletivo de integração.

Carlos Nolasco, “Público” (sem link)

 

Todas as matérias que dizem respeito à polis, à sociedade humana, aos homens e às mulheres, colectivamente ou em grupo, são naturalmente políticas.

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A produção política do “consenso” [durante a ditadura] foi a grande obra da censura que subsiste nos dias de hoje.

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Vem isto a propósito da polémica da questão das vacinas, acentuada pela decisão de vacinar as crianças.

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Sim, a questão das vacinas é política e deve ser discutida politicamente.

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As medidas tomadas não são exclusivamente técnicas nem científicas, comportam uma dimensão de decisão que é naturalmente política. 

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O movimento antivacinas dos nossos dias é bastante diferente de movimentos semelhantes no passado, comunica intimamente com o negacionismo e com um discurso político de extrema-direita, que são de hoje e não de ontem.

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É a permeabilidade da direita radical aos aspectos políticos do negacionismo que o torna preocupante.

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No caso português, a direita radical foi buscar aos movimentos antivacinas e negacionistas pretextos para atacar as decisões governamentais sobre a vacinação das crianças.

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É por isso que é um erro da comunicação social, e da agenda política que ela condiciona, o menosprezo pela perigosidade destes movimentos.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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