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O imobiliário foi rei, em parceria com partidos políticos,
Governos, poderes locais.
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Foi um centro de redistribuição de lucros e apetites. Foi o lado
obscuro da banca. Criou fortunas.
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Agora, regressa ao centro das atenções e pelos piores motivos.
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A subida do preço da habitação tem surpreendido os analistas. Nos
EUA, o aumento em 2020 foi de 11%, o maior dos últimos 15 anos.
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Segundo o Eurostat, na Europa a evolução é desigual: entre 2010 e
2021, o preço subiu 111% no Luxemburgo e 51% em Portugal.
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Em setembro do ano passado, a despesa média de uma família
europeia com gás para aquecimento durante um ano era de €119, em setembro deste
ano já era de €738.
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Tomando como referência o ano de 2015, verifica-se como o salário
médio varia pouco (mais 6% em 2020), ao passo que o preço da habitação dispara
em 45%.
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Sobretudo para quem chega agora à vida adulta, o aluguer está
também pela hora da morte: 61,4% das rendas são mais de €650 e 21% são mais de
€1000.
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O assunto foi tema quente nas eleições de 2019, constituiu mesmo a
mais solene promessa do PS: em 2024, nos 50 anos do 25 de Abril, toda a gente
estaria realojada.
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Escusado será dizer que nada aconteceu nos dois anos seguintes,
não houve orçamento para o inexistente programa de construção ou reabilitação
habitacional.
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Estudos recentes apontam para 35 mil famílias em carência
[habitacional].
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Não há outra forma de condicionar os preços e de orientar
estrategicamente a política de habitação [senão subir a oferta de
habitação pública].
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Energia,
desde logo é preciso pôr um ponto final no desvario do lítio, agora que é claro
que esse é, como o urânio nacional que seria para as “nossas” centrais
nucleares, embora se continuasse a importar quase todo.
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Geotermia
que deveria ter um papel central, para o aquecimento dos nossos edifícios,
juntamente com adequado isolamento térmico e regeneração do edificado.
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Articulado
isso com um programa nacional de levantamento, e mesmo de leilões para a
cobertura do edificado, em todos os municípios, de fotovoltaicos.
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Propomos,
em articulação com o sistema de transportes (…), investir, com a UE no
hidrogénio.
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Em
ligação com a questão energética, e contra a tal “bazuca”, há que dizer “basta,
basta já”, a qualquer novo aeroporto.
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E, claro, electrificar o que falta da nossa
rede ferroviária.
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Taxar
fortemente os “low-cost”
e limitar
o aparcamento de navios de cruzeiro, no quadro de uma qualificação do
turismo, com apostas no cultural, paisagístico e gastronómico.
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Para
tal, sem entrar em competências municipais, estabelecer limites aos alojamentos
locais, limitar novas unidades hoteleiras e sugerir metas de produção agrícola
urbana.
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Outro tema central é a agricultura, a
agro-silvo-pastorícia, a agro-ecologia que deve ter centralidade.
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A agro-silvo-pastorícia,
base de uma correcta agro-ecologia, deve limitar a quantidade de cabeças e
privilegiar raças autóctones, ovinos, caprinos, suínos, bovinos e touros.
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Apoios às produções agro-artesanais (…), assim
como ao sequeiro, articulado com aproveitamentos silvícolas.
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Apoiar sistemas de saúde de maior proximidade,
centros de saúde equipados devidamente.
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Incentivar as redes de cuidados pré
hospitalares e desenvolver lógicas de envolvimento das pessoas.
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Não
podemos esquecer o ambiente e ordenamento do território e nosso sistema de
classificação e protecção da natureza, hoje sobre graves ameaças.
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Só
tudo isso articulado é receita para combater as pavorosas alterações
climáticas, que se não forem detidas transformarão o Terreiro do Paço em S. Marcos
[Veneza].
António Eloy, “Público” (sem link)
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