(…)
De
França vieram muitas das ideias, alguma da cultura e não raras das ambições
mobilizadoras que fizeram as cores do mundo contemporâneo.
(…)
Por
isso, a desagregação do regime francês é tão marcante, à esquerda e à direita.
(…)
As
eleições presidenciais, dentro de três meses, são o espelho dessa crise.
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A
possibilidade de uma convergência [à esquerda] é nula.
(…)
O
puzzle parece indecifrável e, na confusão, favorece Macron.
(…)
A
velha esquerda perdeu a voz popular.
(…)
Ou
Macron triunfa impondo a sua terra queimada ou abre a porta à “orbanização” do
país.
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O
projeto Macron esgotou-se e leva a União Europeia a jogar as suas fichas num
projeto que a vai pôr em causa. A França está a semear o perigo.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A
entrada de leão de uma proposta de um Rendimento Básico Incondicional [RBI],
uma chuva de dinheiro que ia “distribuir “riqueza a nacional”, nos dizeres do
Livre, deu lugar a uma saída de sendeiro.
(…)
Não se
vai voltar a ouvir falar do assunto.
(…)
[É que]
isso implica fazer a conta para pagar essa oferte perpétua de um rendimento
básico.
(…)
[Os
autores da proposta] querem semear a espectativa de se receber dinheiro, mas
recusar-se-ão sempre a dizer quanto.
(…)
Esse é
o seu tabu, pois esse pagamento é uma fantasia.
(…)
Eu
pago para os defensores do RBI proporem estes números [menos de 100 euros] como
remédio para Portugal.
(…)
[Pagar
a toda a gente] é uma opção estranha, além do facto notável de que, mais uma
vez, têm mesmo de fazer as contas e mostrar como se pode pagar a 10 milhões de
pessoas.
(…)
Muitos
liberais estão entusiasmados com a ideia e ela já foi proposta em congressos do
PSD com uma implicação lógica, damos este dinheiro e cortamos despesas do
Estado.
(…)
Em vez
de apoios sociais para quem precisa e de acesso gratuito à saúde para todos,
cortam-se os subsídios e passamos a pagar os serviços público, uma vez que
recebemos a mesada.
(…)
Esta é
a única conta em cima da mesa e é difícil imaginar liberalismo mais agressivo.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Apesar do progresso dos
números da pandemia, a gravidade da doença tem sido contida pela efectividade
do processo de vacinação.
(…)
Um dos pontos fortes do
debate colectivo da "liga dos parlamentares" foi a obsessão do PS e
do CDS com o PAN.
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António Costa continua
apostado em que os portugueses acreditem que poderá ter uma maioria absoluta e
que se faltar o fatal "poucochinho" em política, aparecerão as linhas
verdes do PAN.
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Mas a aproximação do PSD ao
PS aconselhará António Costa a reflectir sobre o passado e acabar com a mentira
insistente numa maioria absoluta que não vai ter.
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Costa, agora perito em
destruir novas pontes, reforça a importância de dar força às pontes que anteriormente
destruiu.
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Se o PS não viabilizar um
governo de Direita [caso o PSD ganhe as eleições], será acusado de entregar o
poder à extrema-direita (que já exigiu ministérios a Rio).
(…)
E serão todos, a derreter
linhas vermelhas para assegurar a governabilidade, entregues aos braços uns dos
outros.
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A democracia tem
propriedades mágicas e só é pena que não se permita desinfectar alguns dos
votos introduzidos.
Por cá, os mesmos que atacam os pouquíssimos
refugiados que recebemos defendem a possibilidade de comprar o direito de
residência através de “vistos gold”.
(…)
A ideologia da meritocracia faz o privilegiado
acreditar que o seu privilégio é um direito merecido e conquistado, do que
só pode resultar que a ausência de privilégio (a pobreza, por exemplo) é
igualmente merecida.
(…)
Se a liberdade é um valor estritamente
individual, e não uma construção coletiva negociada, nada podemos contra este
vírus. Porque ele não depende das defesas individuais, mas do grupo.
Daniel Oliveira,
“Expresso” Diário (sem link)
Ao se afastarem da conceção do
“Estado-providência” (welfare
state), os direitos humanos tornaram-se uma mera utopia.
(…)
A
recente pandemia, além de ter afetado os níveis de qualidade da democracia de
um número significativo de estados, veio ainda exacerbar as desigualdades
sociais existentes (ou latentes), em especial quanto aos direitos à saúde e à
habitação.
(…)
Esta
dissonância chocante entre a retórica dos direitos e a realidade da sua
implantação ameaça seriamente a idoneidade moral e a probidade dos direitos
humanos.
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A
efetiva implementação desses direitos deixa muito a desejar, não diminuindo
drasticamente as situações de pobreza extrema e de exclusão social.
(…)
A
retórica dos direitos humanos é apelativa e pode ser facilmente
instrumentalizada por líderes de estados não democráticos para aparentar uma
saúde democrática que, na realidade, não existe.
(…)
Há ainda muitas insuficiências quanto à
monitorização da implementação dos direitos humanos em geral.
(…)
Importa
reforçar a ideia de a defesa dos direitos humanos não se esgotar na sua mera
positivação em tratados internacionais ou nas constituições dos respetivos
estados.
Catarina Santos Botelho, “Público” (sem link)
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