(…)
Pelo
meu lado quero uma escola de referência da creche até à universidade.
(…)
É
também na educação que é preciso apostar, promovendo a oportunidade que é a
igualdade, a sua diversidade e a articulação das escolas com o sistema
científico.
(…)
Aplaudiria
um Serviço Nacional de Saúde universal e seguro, incluindo os serviços de
cuidados com pessoas dependentes.
(…)
E pode
conceber-se 2030 sem que o salário e a pensão garantam o fim da precariedade e
da pobreza?
(…)
Duvido
que sem a recuperação deste pilar de segurança [os rendimentos] a população
acredita no seu país.
(…)
Seria
fundamental termos em 2030, se não antes, um sistema bancário confiável. Só
temos piorado neste capítulo e os tempos não se afiguram confortáveis.
(…)
Em
2030 as cidades deviam ser diferentes para nelas podermos viver tranquilamente,
o tempo vai escasseando.
(…)
A
ferrovia seria i eixo do sistema de transportes, estaríamos à beira do fim do
petróleo.
(…)
Uma
democracia de maior intensidade, com igualdade entre homens e mulheres e respeito
por todos.
(…)
Talvez
nessa democracia o voto seja aos 16 anos e os jovens não sejam menorizados como
imagens icónicas de uma teia digital.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A
ideia de que a desigualdade é natural e faz parte da nossa vida tem vindo a
instalar-se sorrateiramente, o que é prova do seu sucesso.
(…)
Alguns
tipos de rendimentos, os do capital e até os da especulação, devem ser
beneficiados por uma taxa protetora.
(…)
O
trabalho é cotado como uma corveia [imposto] que exprime a condição degradante.
(…)
Os lucros
com criptomoedas são valorizados como prova de argúcia.
(…)
De
todas as formas, a desigualdade é elogiada como o motor do mundo.
(…)
A
desigualdade, se assim fosse, seria o penhor do progresso.
(…)
O
processo [da desigualdade] desmbocou em crises explosivas, como a de 2008, mas
nada que o parasse.
(…)
Segundo
o relatório deste mês da Oxfam, os dez homens mais ricos do mundo, cuja fortuna
só por si equivale aos rendimentos somados de 3,1 mil milhões dos pobres do
planeta, duplicaram os seus proveitos durante a pandemia que já vitimou quase 6
milhões de pessoas.
(…)
Nunca
na História moderna a desigualdade foi tão imponente e implacável.
(…)
Deixa
de fazer sentido apresentar a sociedade como respeitadora e inclusiva se o
resultado for uma diferença que não tem proporção.
(…)
A
desigualdade, (…) é deste modo, a consequência que se torna causa da crise
civilizacional.
(…)
Este
festim da desigualdade só pode desenraizar a vida democrática.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O que verdadeiramente importa no próximo domingo para o eleitorado que
vota à Esquerda é que a terceira força política pertença ao seu espectro
político.
(…)
O PS de António Costa terá feito a pior
campanha de que há memória.
(…)
O povo português gosta menos do uso
excessivo da soberba do que de maiorias absolutas imaginárias.
(…)
Vitorioso nas eleições legislativas de
2019 com 36%, António Costa sonhou com uma maioria absoluta numa janela
temporal de dois anos.
(…)
Agora, terá de se entender forçosamente à
Esquerda pelos direitos, pela saúde, pela escola pública, pela habitação, pelo
emprego, pelas pensões.
(…)
É evidente que se o Chega ou a Iniciativa
Liberal forem a terceira força política, dificilmente haverá uma maioria de
deputados que permita um Governo de Esquerda.
(…)
No escalonamento relativo dos partidos
nas inúmeras sondagens, o Bloco de Esquerda parece ser o mais bem posicionado
para conseguir essa maioria à Esquerda.
(…)
Só há uma via, reforçar a terceira força.
A Iniciativa Liberal sabe bem quem é que
beneficiaria com o seu programa e os principais beneficiados entendem ainda
melhor a sua mensagem.
(…)
Não há taxa plana em quase nenhum país europeu, e
onde existe está a léguas dos 15% que é para onde defendem [IL] que devemos
caminhar.
(…)
Um partido [IL] que defende o fim de um salário
mínimo nacional, abrindo caminho para uma corrida para o fundo em cada
município, dificilmente está preocupado com os salários.
(…)
A diminuição dos impostos, seja através da taxa
plana, do IRC pago pelas empresas ou da miríade de abruptos cortes fiscais na
construção civil e mercado imobiliário [que a IL defende], levaria à
incapacidade do Estado cumprir as suas funções mínimas e prestar serviços
públicos universais.
(…)
É que os impostos que pagamos financiam a escola
pública e o SNS, sendo instrumentos indispensáveis um dos nossos maiores e mais
persistentes problemas; a desigualdade.
(…)
A progressividade do imposto sobre rendimento é
um pilar básico de justiça fiscal.
(…)
A corporizarão política do egoísmo e interesse
próprio mais direto, com uma secundarização permanente da comunidade, é o mote
do partido [IL] e o seu principal propósito.
(…)
[A IL] é a caricatura de um partido de classe,
nascido como forma de pressão para aceleração da contrarreforma a que
assistimos há décadas para regressar à liberdade sem concessões que a elite
económica sempre reservou para si própria.
Daniel Oliveira, “Expresso”
Diário (sem link)
Há
muito que a fragmentação partidária, o multipartidarismo e os governos de
aliança política eram a nota dominante na esmagadora maioria dos restantes
países europeus.
(…)
Chegámos,
pois, a estas eleições antecipadas com responsabilidades repartidas entre as
várias esquerdas, mas eu diria sobretudo do PS: porque recusou um acordo de
legislatura em 2019, porque passou o tempo a convergir sobretudo com o PSD,
seja ainda pelas fracas concessões que queria fazer às esquerdas radicais.
(…)
Neste
capítulo [dos salários], sublinhe-se que, ao fim de seis anos, Portugal tem o
quarto pior score da
UE, e que os salários públicos perderam 10% do poder de compra desde 2010.
(…)
Mas a palavra de ordem para todos os cenários,
eleitorais e pós-eleitorais em 2022, é mesmo a incerteza.
André Freire, “Público”
(sem link)
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