sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

“SANTA LIBERDADE”

 

De 21 para 22 de janeiro de 1961, Henrique Galvão, acompanhado por elementos do Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação, tomavam de assalto o paquete “Santa Maria” que se encontrava no mar das Caraíbas, numa regular viagem até Miami, com mais de 600 passageiros a bordo.

Ficou conhecida como “Operação Dulcineia” que tinha por objetivo iniciar um golpe de estado capaz de derrubar o regime.

O paquete foi então desviado da sua rota, fazendo apenas uma paragem, em Santa Lúcia, para deixar os feridos. Em Lisboa, Salazar, alegando tratar-se de um ato de pirataria, pedia ajuda aos aliados para ajudarem a localiza-lo. Embarcações norte-americanas e britânicas lançaram-se ao mar, em busca desse navio.

Mas a atitude dos aliados mudou depois do primeiro comunicado oficial vindo do “Santa Maria”, por Henrique Galvão, num telegrama datado de 24 de janeiro, pedindo “não só apoio a todos os governos e povos verdadeiramente livres do mundo livre como também reconhecimento político”, declarando abertas as hostilidades contra “governo tirânico Salazar”.

O “Santa Maria” passou então a chamar-se “Santa Liberdade”, tinha sido avistado no dia 25 de janeiro e, desde então, era sobrevoado regularmente. Os norte-americanos fizeram um apelo pela libertação dos reféns, sugerindo o Brasil como ponto de largada. Galvão fez um compasso de espera, mas no Brasil, não estavam ainda reunidas as condições políticas para que se sentisse seguro. Tal acontecerá apenas com a tomada de posse de Jânio Quadros que, numa mensagem enviada a 1 de fevereiro, garantia a Galvão o asilo político.

No dia seguinte, o paquete atracou no Recife e os passageiros começaram a desembarcar. Chegava ao fim o sequestro do “Santa Maria” que regressaria a Portugal a meio de fevereiro. Da operação resultou um morto entre os tripulantes e Portugal, durante esses dias, tinha sido notícia pelo mundo. (Museu do Aljube, Resistência e Liberdade)


Sem comentários:

Enviar um comentário