Quando as mulheres grávidas têm dificuldades em ser atendidas e fazer
ecografias obstétricas de 2º e 3º trimestre, o Governo equaciona introduzir
taxas moderadoras. Esta política para o SNS é grave e perigosa. (José Gusmão)
quarta-feira, 30 de novembro de 2022
PODE ESTAR A CAMINHO MAIS UMA POLÍTICA GRAVE E PERIGOSA PARA O SNS
O CHAMADO INSTRUMENTO DE APOIO TÉCNICO (IST)
Hoje,
Elisa Ferreira foi à Comissão de Economia falar do chamado Instrumento de Apoio
Técnico (IST). Falei do passado negro do "apoio técnico" e dos
problemas levantados pela conjuntura atual à execução dos Planos de
Recuperação. As respostas da Comissária foram positivas, mas continua a ser
necessário conhecer melhor a atividade destas equipas "técnicas" e
também saber o que irá mudar com a revisão das regras de governação económica a
este respeito. (José Gusmão)
O MERCADO DO CARBONO FOI CRIADO COM UM ARGUMENTO: ENCARECER EMISSÕES E DESINCENTIVAR A POLUIÇÃO
Mas não só os preços foram muito baixos por muito tempo, como as empresas
tiveram lucros especulativos com a troca de licenças que receberam
gratuitamente. E a UE prepara-se para emitir mais.
Não é o primeiro estudo que é feito sobre este assunto: no ano passado, a
análise dos dados entre 2008 e 2019 já dava uma ideia da dimensão dos lucros.
Em Portugal, as empresas terão ganho quase mil milhões de euros com licenças
que receberam gratuitamente. (José Gusmão)
https://amp.theguardian.com/.../big-polluters-given...
https://www.jornaldenegocios.pt/.../mercado-do-carbono...
terça-feira, 29 de novembro de 2022
COISAS QUE IMPORTA NÃO ESQUECER: DIREITOS LABORAIS E JUSTIÇA CLIMÁTICA
No rescaldo da black friday, cyber monday e demais celebrações, coisas que
importa não esquecer: direitos laborais e justiça climática. (José
Gusmão)
DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE COM O POVO PALESTINIANO
A Palestina um dia será livre.
Contribuir para essa libertação é o compromisso que o Bloco de Esquerda
reafirma neste Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano.
#freepalestine #palestinavencera
FRASE DO DIA (1964)
Francisco Louçã, “Expresso” online
ATAQUE À DEMOCRACIA
Fiz
duas perguntas ao Comissário Dombrovskis sobre a futura reforma do Quadro de
Governação Económica. A Comissão suaviza o que já não é cumprido há mais de uma
década para conseguir o que realmente quer: sanções para os países que não
cumpram a agenda não sufragada da Comissão, incluindo em áreas de competência
nacional. A proposta de novas regras não é só repressiva, recessiva e enviesada
contra tudo o que é público. É um ataque à democracia. (José
Gusmão)
segunda-feira, 28 de novembro de 2022
O SUFOCO COM OS EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS JÁ SE ESTÁ A SENTIR
Quando daqui a uns meses o incumprimento se materializar em massa, vamos
ver se os gastos públicos não vão ser chamados a salvar a banca. E vamos ver
quem responde por esta insanidade. (José Gusmão)
https://www.esquerda.net/.../banco-de-portugal.../84058
https://expresso.pt/.../2022-11-28-Lagarde-BCE-esta-a...
PORTUGAL É DOS PAÍSES QUE MENOS INVESTE EM INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Em 2020, Portugal investiu 0,36% do PIB em investigação e desenvolvimento,
menos de metade da média da União Europeia. Ao mesmo tempo, tem o maior
benefício fiscal da Europa para empresas que dizem investir nestas áreas. São
500 milhões de euros anuais em que uma parte é pura fraude.
Mariana Mortágua
FRASE DO DIA (1963)
Daniel Oliveira, “Expresso” online
PORTUGAL TEM UM PROBLEMA COM O JOGO SOCIAL
Portugal tem um consumo de jogos sociais (jogos de azar, como as
raspadinhas) muito acima do dobro da média europeia, que causa danos sociais,
económicos e a nível da saúde mental.
domingo, 27 de novembro de 2022
O QUE SE ESTÁ A PASSAR NA UCRÂNIA É UMA LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL
É preciso exigir, em nome da paz, a retirada
imediata das tropas russas do território ucraniano e a procura de um processo
diplomático que permita que sejam os ucranianos a decidir sobre o futuro do seu
país. (Via Bloco de Esquerda Açores)
FRASE DO DIA (1962)
Francisco Ferreira e Carolina Silva, “Público”
PS USA DISCURSO DA DIREITA PARA NÃO CUMPRIR COM OS DIREITOS DOS PENSIONISTAS
Foi por imposição dos partidos da esquerda ao Partido Socialista que as
pensões foram descongeladas em 2016, 2017, 2018 e 2019. Assim que teve maioria
absoluta, a primeira coisa que o PS faz é rasgar com a lei da atualização das
pensões.
QUE RELAÇÃO DE PARENTESCO TÊM AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA COM OS AGRESSORES?
Qual o
grau de parentesco das vítimas de violência doméstica com os agressores?
Quantos são condenados? E em que zonas do país há mais denúncias? Conheça os
dados nesta infografia Fronteiras XXI. (via FFMS)
MODELO DA CIÊNCIA TEM SIDO MARCADO PELA PRECARIEDADE
O Governo acha que o país pode crescer com um modelo precário na Ciência o
que resulta em "Ciência barata".
sábado, 26 de novembro de 2022
MAIS CITAÇÕES (208)
(…)
As
vantagens económicas e financeiras de partida; acesso a bens culturais desde
muito cedo; uma educação melhor; uma rede de contactos entre os privilegiados.
(…)
A
esmagadora maioria dos “vencedores” não são Cristiano Ronaldo.
(…)
A
ideologia meritocrática acredita que o sucesso resulta, em quase tudo, de ações
individuais, mesmo em situações grotescamente desniveladas.
(…)
[Segundo
a ideologia meritocrática] se vivemos em sociedades onde todos têm acesso a
mecanismos de promoção social, como escolaridade universal e apoios sociais, o
falhanço na ascensão social só pode ser individual.
(…)
Michael
Sandel explica como esta convicção alimenta um ressentimento que corrói a
democracia e dá força à revolta populista.
(…)
O mito
do “sonho americano”, a mais fantasiosa mentira meritocrática, mostra que ela é
tão mais necessária quanto mais falsa se revela.
(…)
Como
lembra Sandel, apenas um em cada 20 norte-americanos que nascem entre os 20%
mais pobres chegam aos 20% mais ricos.
(…)
No
índex da mobilidade social do Fórum Económico Mundial, os primeiros quatro
lugares são de países escandinavos, mais igualitários e com menos lances de
escada para subir.
(…)
Os EUA
estão no 27º, três posições abaixo de Portugal.
(…)
Há
mais jovens oriundos das famílias dos 1% mais ricos nas universidades da Ivy
League [EUA] do que dos 50% com menores rendimentos.
(…)
Um
estudo de Shira Greenberg, (…), concluiu que o rendimento e educação dos pais
do empreendedor são os fatores mais importantes para iniciar uma startup.
(…)
É o
empurrão do berço, mais do que mérito próprio, que faz a diferença.
(…)
Há
muito que o acesso a essas instituições [leia-se universidades mais
prestigiadas] é facilitado para os filhos dos seus principais doadores.
(…)
A
crença no mérito é vital para defender uma estratificação cada vez mais
violenta.
(…)
A
ilusão do mérito é o aparato moral que justifica o privilégio.
(…)
Quando,
[em pleno período da pandemia] tirando médicos e enfermeiros, os empregos mais
qualificados ficaram em casa e os trabalhadores pior remunerados e menos
valorizados eram os heróis da “linha da frente”.
(…)
Os
mesmos que passaram as últimas décadas a perder rendimentos e prestígio.
(…)
A
proposta de Sandel para combater o ressentimento que está a destruir a
democracia é revalorizar os trabalhos menos considerados
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Há sempre possibilidade de abrir caminhos
à esperança, ao futuro. Os movimentos dos jovens contra as causas das
alterações climáticas e ambientais provam-no.
(…)
Aos mais velhos compete tentar ser
jovens, ou seja, assumir o futuro como presente contínuo.
(…)
Parece-me muito positivo termos visto
recentemente alguns milhares de jovens, em escolas secundárias e universidades,
darem sinais de não quererem sucumbir à despolitização egoísta, nem ao
consumismo desenfreado, nem à desesperança que lhes é incutida.
(…)
A catástrofe ecológica é produzida por um
sistema tão injusto quanto predador e o discurso político está distante das
políticas praticadas.
(…)
É nos anos de formação que se forjam
convicções e compromissos de ação.
(…)
A ação, de todos, tem de ser militante,
organizada, persistente, determinadamente ofensiva.
(…)
É muito importante que os jovens estejam
despertando para essas causas específicas, situem-se elas no plano das
liberdades e direitos de cidadania, das igualdades ou do ambiente e ecologia.
(…)
A construção de uma alternativa ecológica
exigirá que se (…) coloque o trabalho com direitos e o combate às precariedades
no centro da ação.
Quando
uma ideia inverificável ganha força suficiente para ser partilhada por muitos e
se transforma ao ponto de ser impermeável ao ridículo, é preciso ter cuidado
porque muito fanatismo religioso começou assim.
(…)
[O bolsonarismo mais empedernido] assemelha-se
cada vez mais a uma seita impenetrável à realidade dos factos e que assumiu
como verdadeiro o segundo nome próprio de Bolsonaro: Messias.
(…)
[Os discípulos de Bolsonaro] têm
falado para manter viva a chama dos seguidores que em alguns estados continuam
a bloquear estradas e a exigir a reversão dos
resultados ou a intervenção militar.
(…)
[Como o general Braga Neto, candidato a “vice” de Bolsonaro
que] veio alentar
os peões do jogo antidemocrático que permanecem na rua: “Não percam a fé. É só
o que eu posso dizer.”
António Rodrigues, “Público” (sem link)
São
Teotónio é uma freguesia do concelho de Odemira, Portugal, mas podia ser um
qualquer outro local do mundo onde ser imigrante é ser parte de um mundo do
trabalho altamente segmentado onde milhões de trabalhadores são explorados.
(…)
Os
construtores do mundo, os agricultores do mundo, as costureiras do mundo, os
pescadores do mundo vêm todos dos mesmos sítios: do Bairro dos Pobres e da
Aldeia dos que nada têm.
(…)
Os
trabalhadores que construíram o Qatar não são padrão FIFA, mas deviam
ser. Os seus direitos são os nossos direitos e deveriam ser respeitados
plenamente.
(…)
Quando
a FIFA censura braçadeiras, declarações dos
jogadores, protestos nos estádios, liberdade de expressão, o que está a fazer é
a tornar o mundo pior.
(…)
Cabe a cada um de nós fazer cumprir estes princípios [da
Declaração Mundial dos Direitos Humanos], no dia a dia, todos os dias.
(…)
A
hipocrisia de gritar contra a FIFA ou contra o Qatar e calar o que se passa em
São Teotónio impede-nos de perceber o mundo em que vivemos.
(…)
Nada
deve impedir que os nossos governantes visitem São Teotónio e nos mostrem que
as histórias de exploração laboral, sobreocupação das casas, racismo e
xenofobia fazem parte de um passado a que não voltaremos.
(…)
São Teotónio e o Qatar são duas moedas com a mesma face.
Pedro Góis, “Público” (sem link)
O nosso debate orçamental é uma versão condensada e pouco
democrática, porque opaca, do que devia ser.
(…)
E não vai melhorar, porque a Lei de Enquadramento Orçamental
foi entretanto ferida de morte pela alteração de
abril.
(…)
A cacofonia orçamental fica assim consagrada na lei que foi
criada para a combater.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
GOVERNO QUER ENTREGAR A EMPRESAS PRIVADAS O DINHEIRO QUE RECUSOU AOS MÉDICOS E ENFERMEIROS
Ficou provado que é o SNS que dá a resposta necessária à população, mas o
PS escolhe o caminho da direita e abre a porta à privatização de uma das
maiores conquistas da nossa democracia.
MAIS DE 10% DOS TRABALHADORES TEM RENDIMENTOS ABAIXO DO LIMIAR DO RISCO DE POBREZA
Portugal passou o 8º para 6º país da UE com maior % dos trabalhadores com
rendimentos abaixo do limiar de risco de pobreza. Isto significa que mais de 1
em cada 10 dos trabalhadores portugueses recebe menos do que 6.653€ brutos por
ano.
https://www.pordata.pt/.../Taxa+de+risco+de+pobreza+da...
25 DE NOVEMBRO - DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
A violência
nas relações de intimidade não se fica apenas pelos atos de violência física
que geralmente associamos à violência doméstica.
Gestos de
violência ou controlo psicológico, sexual ou social também são uma forma de
violência e mais comuns em contextos de namoro. Tal como na violência doméstica
e sexual, as mulheres e raparigas são as principais vítimas.
Todos
os dias são dias de luta pela eliminação da violência contra as mulheres.
sexta-feira, 25 de novembro de 2022
25 DE NOVEMBRO, DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
O 25 de Novembro foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU)
como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. E, em
Portugal, tem sido assinalado como um dia de alerta e de luta pelos direitos
das mulheres.
É um dia de luto, de homenagem a todas as mulheres vítimas de violência,
particularizando as 28 mulheres assassinadas no nosso país de 1 de janeiro a 15
de novembro de 2022, segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas (UMAR).
Das 28 mulheres que foram mortas, 22 foram vítimas de femicídio em contexto de
relações de intimidade, em 55% dos casos existia violência prévia contra a
vítima e em 7 já havia sido apresentada queixa às autoridades, em 5 casos as
vítimas já tinham sido ameaçadas de morte pelos homicidas e, em todos os casos,
a violência de que eram vítimas era do conhecimento de terceiros.
O 25
de novembro é igualmente um dia de luta, de responsabilização coletiva e de
mobilização contra os motivos estruturais que levam a que, todos os anos, perto
de 30 mulheres continuem a ser mortas devido à violência de género.
Mais Aqui
CITAÇÕES
(…)
Se me
permitem a extrapolação, a facilidade com que o Catar comprou o Mundial também
explica por que não vai haver uma comissão de inquérito sobre o caso
Costa-Costa.
(…)
A raiz
destes poderes é dinheiro que não se quer mostrar, nem num caso nem no outro.
(…)
A FIFA
tem mais membros do que a ONU e receberá 4,5 mil milhões de dólares por estes
direitos televisivos.
(…)
É uma
sociedade financeira e um poder político que verga Governos.
(…)
Enfunado
por esse sucesso, navegou até aqui por entre escândalos sucessivos.
(…)
O que
o caso desta semana indica é que o mesmo se terá passado com o Catar [no que
diz respeito a suspeitas de corrupção].
(…)
Em
2015, sete executivos da FIFA foram acusados pela justiça norte-americana e
detidos na Suíça.
(…)
[Blatter]
só meses mais tarde viria a ser suspenso.
(…)
Entretanto,
dos 50 acusados nos EUA por corrupção no futebol 27 já se declararam culpados.
(…)
[Entretanto]
a bola roda no relvado, [e] os nossos governantes vão-se fazer filmar nos
estádios.
(…)
Separemos
então, por um segundo, estes casos de corrupção da chuva de dinheiro em que
medram.
(…)
Olhemos
então para as condições que protegem os poderes financeiros das regras da
responsabilidade: um bom caso de estudo é o capital angolano em Portugal.
(…)
Abuso,
disseram alguns a propósito do telefonema entre o primeiro-ministro e o
governador do Banco de Portugal sobre Isabel dos Santos.
(…)
Houve
mesmo quem propusesse uma comissão de inquérito.
(…)
Teve
então o PSD um assomo de prudência e evitara a comissão, pois percebeu que,
defunta a acareação impossível, ficaria destapado o ninho de vespas.
(…)
Nenhum
desses partidos quer as respostas, nem sequer as perguntas que se fariam sobre
Isabel dos Santos.
(…)
O
facto é que ela nunca foi questionada até ao fim do poder do seu pai e à
explosão do Luanda Leaks.
(…)
É
curioso que agora o ex-governador alegue reservas que nunca impediram esta
pesada presença acionista em grande parte da banca portuguesa.
(…)
Proença
de Carvalho garantia que “não é por ser filha do Presidente que Isabel dos
Santos teve o sucesso que está a ter”.
(…)
A
relação era tão estreita que um primeiro-ministro em exercício [de uma
coligação de direita em Portugal] esteve no casamento de uma das filhas de
Eduardo dos Santos.
(…)
Dois
ex-ministros dos Negócios Estrangeiros foram contratados por interesses
angolanos.
(…)
Na
Assembleia-Geral da Fundação Eduardo dos Santos estavam todas as grandes
empresas de construção.
(…)
Quando
Manuel Vicente foi investigado pela justiça portuguesa, o ministro Rui Machete
foi a Luanda pedir desculpa.
(…)
Acha
mesmo que vai haver algum inquérito que pergunte por onde andou o dinheiro
nesta novela?
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O pontapé de saída para o Mundial nunca será dado num jogo inaugural, por
menos bafienta que a cerimónia de abertura se revele ao Mundo.
(…)
O verdadeiro pontapé de saída português
só aconteceu frente ao Gana e durou uma eternidade em bocejo e ansiedade.
(…)
Jogámos quase nada mas, enfim, esqueçamos
isto.
(…)
A teoria do
"agora-não-interessa" formulada pelo presidente da República não foi
partilhada pelas autoridades cataris que, rezam as notícias, terão chamado o
embaixador português no país.
(…)
O puxão de orelhas diplomático poderia
ter o sortilégio de encontrar políticos portugueses em trânsito, obrigando-os a
reconsiderar a vontade de assistir ao primeiro jogo da selecção, desse por onde
desse.
(…)
Ainda que, pela presença, [algum
político] caucione positivamente as violações dos direitos humanos no emirado,
que vão muito para além de uma mera questão de costumes.
(…)
A ideia de que se vai confrontar o
anfitrião com as notícias sobre a sua própria tirania são muito auspiciosas,
mas ficam reféns de concretização.
(…)
Se já é questionável a realização de
visitas oficiais das mais altas autoridades da nação a países ditatoriais, nada
consegue defender a necessidade da sua presença no exercício lúdico de torcer
por Portugal nas bancadas de um jogo de futebol.
É verdadeiramente vergonhoso – e indesculpável – que
anualmente nos juntemos para assinalarmos um dia pela Violência Contra as
Mulheres.
(…)
Nos primeiros onze meses deste ano foram assassinadas 28
mulheres, ultrapassando as 16 vítimas de todo o ano de 2021.
(…)
Estes números dizem-nos, com toda a arrepiante frieza da
morte, que este fenómeno não está a desaparecer – pelo contrário.
(…)
Não existem desculpas para um horror que não tem atenuante
possível.
(…)
Sendo
a nossa sociedade voltada para o valor e para o lucro, vários são os estudos
que medem os prejuízos económicos das mulheres trabalhadoras vítimas de
violência doméstica.
(…)
E na
contabilidade do deve e do haver, os empregadores são incentivados a tomar
medidas de apoio e auxílio às vítimas.
(…)
Mas
nós, enquanto mulheres e sindicalistas, temos obrigação de alertar, também,
para os ambientes de trabalho nocivos, onde as trabalhadoras são vítimas de
violência e assédio sexual e moral.
(…)
Este é
um tipo de violência mais despercebido aos olhos da sociedade, que
insidiosamente se infiltra nos locais de trabalho e raramente é denunciado
porque as vítimas têm receio de represálias, que muitas vezes terminam em
despedimento.
(…)
Apesar
da força da legislação, muitas mulheres sofrem de abuso físico e moral no seu
local de trabalho, seja pelo empregador, pelo chefe ou pelos colegas.
(…)
São demasiados os exemplos da degradação a que as mulheres
são sujeitas, apenas porque são mulheres.
(…)
E nós,
mulheres e sindicalistas, temos, mais do que o direito, o dever de lutar para
interromper este círculo vicioso que se perpetua apesar da evolução das regras
sociais, da lei, da educação.
(…)
Nesta
data simbólica, em que se assinala o Dia Internacional pela Eliminação da
Violência contra as Mulheres, o nosso voto solidário vai, obviamente, para
todas as mulheres vítimas.
(…)
Não
baixaremos os braços e só descansaremos quando este dia deixar de ter sentido.
Cristina Trony, “Público” (sem link)