quarta-feira, 16 de novembro de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (28)

 
A mobilização dos jovens que em Portugal exigem medidas climáticas concretas, como noutros países, tem recebido duas respostas típicas: a condescendência, que giros que são, e a descompostura, afinal não percebem que tudo está no bom caminho.

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O capitalismo sabe resolver o problema e o mercado é o seu profeta.

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Diz ele [António Guterres] que estamos a caminho do abismo e a manter o pé no acelerador.

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[António Guterres é]o único naquelas reuniões a desprezar os discursos e as promessas com que se espera que sejamos entretidos. 

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[António Guterres] tem razões para isso [estar exasperado e zangado] e, já agora, essa é a motivação dos jovens que protestam.

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A dimensão desta mentira pode ser ainda maior do que se supõe.

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93% dessas [duas mil] empresas [mundiais que afirmam compromissos de emissões-zero] não atingirá nunca o objetivo com as suas medidas previstas.

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Uma consultora, a Accenture, registou os casos generalizados de “apresentação desonesta de contabilidade” de emissões, em alguns casos mascarando a promoção de novos investimentos em combustíveis fósseis. 

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Há ainda o caso da contabilização falsificada da redução de emissões por países onde já se generalizou o automóvel elétrico.

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Com tudo isto, chegamos ao único resultado que não é possível disfarçar, o planeta já aqueceu 1,2ºC em relação à média pré-industrial.

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Já não é possível restringir o impacto aos prometidos 1,5ºC, mesmo que houvesse agora um travão total à produção de emissões.

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Afirma a mesma instituição da ONU [IPPC] que seria necessário o triplo do investimento em energias limpas para permitir o travão das emissões.

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Estão instalados na COP27 603 lobistas das empresas mais poluentes, são mais do que os dos dez países mais afetados pelas alterações climáticas.

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Os governos mais poderosos incentivam a corrida ao fóssil, em particular ao gás.

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Espanha e Alemanha retomaram a produção de carvão, e a lista continua.

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O mercado funciona e caminho para o abismo está cheio de consoladores lucros e dividendos.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Temos de reconhecer a nossa incapacidade cognitiva de lidar com a dimensão do problema [das alterações climáticas]. 

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A comunicação social é incapaz de fazer esta comunicação e perde-se na espuma dos dias e em episódios tragicómicos.

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Há algo em comum em todas as abordagens: nunca tocar no problema central, nunca abordar o sistema capitalista construído em cima da energia fóssil que está a transformar todos os territórios do planeta num inferno perigoso.

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Há uma série de escolhas para reiteradamente não se falar de como resolver esta crise.

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Quando o assunto é custo de vida, há o cuidado de não o associar à inflação provocada pelos lucros recorde das empresas petrolíferas, em particular do gás natural.

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O que os governos europeus estão a fazer é, em vez de controlar o gás e promover alternativas ao mesmo, expandir a sua infraestrutura e reforçar a nossa dependência dele.

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Esta é uma resposta essencialmente negacionista das alterações climáticas e de quaisquer compromissos de travar o caos climático.

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Com a crise do custo de vida e com a crise energética, o sistema só pensa em voltar a aumentar emissões, continuar a crescer e abrir as portas a mais energia.

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O capitalismo está a corroer as bases materiais que permitem a existência de civilização humana como a conhecemos.

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Os governos garantem esta indústria e a contínua dependência de fósseis, despejando biliões de euros sobre eles e construindo a sua infraestruturas para mais décadas.

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O capitalismo como um todo é a derradeira crise da Humanidade, mas neste momento o gás é um vector central que tem de ser travado.

João Camargo, “Expresso” online

 

Numa conferência [COP27] inundada por lobbying fóssil, parece que estamos a ser colocados rumo ao colapso e, se assim continuarmos, estaremos perante um aumento de cerca de 2,4 ºC nos próximos 30 anos.
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Dentro das salas de reunião, o tópico de “perdas e danos” está pela primeira vez na agenda.

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Com o falhanço nas medidas de adaptação, chega a necessidade do financiamento para perdas e danos.

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Quando falamos de financiamento para perdas e danos, não estamos apenas a falar de dar dinheiro aos países, mas para onde é que esse dinheiro vai?

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Apesar de óbvio para alguns, uma das mensagens mais importantes a passar nesta Cimeira é a de que não há justiça climática sem direitos humanos.

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Temos feito diversos protestos dentro da Cimeira.

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Durante os protestos, erguem-se as vozes que realmente deveriam estar presentes nos espaços de decisão.

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[No arquipélago asiático, Filipinas] defensores da terra são prisioneiros políticos, activistas estão a ser levados, assediados, mortos.

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Pela primeira vez na história, temos mais refugiados climáticos do que refugiados de guerra.

Bianca Castro, “Público” (sem link)

 

As alterações climáticas são um problema global que requer a cooperação entre todas as nações.

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Em vez de saírem dos combustíveis fósseis e entrarem na energia limpa, muitas nações ricas estão a reinvestir no petróleo e no gás, não conseguindo reduzir as emissões com rapidez suficiente.

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Nenhum continente conseguiu evitar desastres climáticos extremos este ano.

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[Novos projectos de combustíveis fósseis] são lançados como medidas temporárias de abastecimento, mas arriscam-se a causar ao planeta a danos irreversíveis.

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Se a energia renovável fosse a norma, não haveria emergência climática.

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Os países em desenvolvimento, diz um relatório influente, precisam de dois biliões de dólares anuais para reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa e lidar com a ruptura climática.

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Os países ricos representam hoje apenas uma em cada oito pessoas no mundo, mas são responsáveis por metade dos gases com efeito de estufa.

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As nações em desenvolvimento deveriam receber dinheiro suficiente para enfrentar as condições perigosas que pouco fizeram para criar — especialmente quando se aproxima uma recessão global.

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No mínimo, deve ser decretado um imposto sobre os lucros combinados das maiores empresas de petróleo e gás — estimados em quase 100 mil milhões de dólares nos primeiros três meses do ano.

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As Nações Unidas tiveram razão em apelar a que o dinheiro fosse utilizado para apoiar os mais vulneráveis. 

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Uma crise económica reduziu a apetência dos países ricos por fazer despesas e o planeta corre o risco de ficar na dependência dos combustíveis fósseis por uma acção de retaguarda das grandes empresas.

Editorial conjunto de mais de 30 jornais e organizações da comunicação social em mais de 20 países, “Público” (sem link)


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