sexta-feira, 18 de novembro de 2022

CITAÇÕES

 
Há uns anos, não foram muitos, surgiu uma empresa desconhecida que registou o valor contabilístico de dezenas de milhares de milhões de euros. 

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O seu ativo seria uma invenção de um software maravilhoso, que estava por desenvolver e cujo objetivo era também segredo.

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Os empreendedores reclamavam valer cerca de 20% do PIB, se a memória não me falha.

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Pensariam então que bastava uma promessa para atrair investidores ávidos de foguetes bolsistas.

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Não se ouviu mais falar disto.

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Aprendizes de feiticeiro pululam num mundo em que a informação engana e a especulação ataca e foge.

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[O Governo] namora com os “nómadas digitais”, atraídos pela promessa de impostos risíveis, para que se instalem à beira-mar pela época alta e comprem uma mansãozita. 

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Já houve senhores neste mercado.

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António Champalimaud, venerado como o empresário de maior sucesso da segunda metade do século XX, contou como comprou um banco, o BPSM, com um cheque careca.

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Quando o cheque sem cobertura teve que ser pago, Champalimaud já presidia ao banco.

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Não foi o único génio financeiro. [Basta lembrar Oliveira e Costa ou Berardo mas a lista continua]

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O erro do nosso “PhD” [leia-se Miguel Alves] foi só não ter conseguido ir mais longe com o seu padrinho. A traição foi muito feia.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Está já comprometida a cirurgia do processo de revisão constitucional a desenvolver em 2023.

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O processo ocorre dentro do bloco operatório da extrema-direita.

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O projecto de revisão constitucional do PSD está mais próximo do projecto do CH do que, por exemplo, do da IL.

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[O PS] não pode esquecer que será com este PSD que concertará posições para uma revisão da Constituição.

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Qualquer avanço da comissão de revisão, a criar este ano, estará sempre dependente do acordo entre os dois partidos do bloco central.

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Nada melhor para normalizar a extrema-direita do que fazê-la parte integrante de um processo formal de revisão da CRP. 

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A resistência de alguns deputados ao teor das mudanças é um sinal de que todo este processo nasce por inseminação artificial, fora do tempo e sem consideração dos elevadíssimos custos do contexto. 

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Se António Costa considerar que esta revisão não deve alinhar em alterações ao regular funcionamento das instituições democráticas, será então tempo de abraçar a proposta do BE para que se prescinda da necessidade de referendar a regionalização.

Miguel Guedes, JN

 

O futuro de Portugal depende da capacidade de atrair e integrar imigrantes.

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Recuso encarar a maioria dos imigrantes como corpos de trabalho sem direitos, enquanto se privilegia turismo e imigração de luxo.

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Portugal participa neste processo de seleção social.

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[Foi assim com os vistos gold, é] também assim, agora, com o visto para nómadas digitais.

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O problema surge quando esse regime: i) é mais favorável face a imigrantes ou refugiados; ii) está associado a benefícios fiscais desproporcionais e injustos; e iii) é limitado a cidadãos com rendimentos mais altos.

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Notem como o conceito [de nómadas] digitais é indefinido. [Têm a particularidade] de usufruírem de rendimentos muito superiores à média portuguesa.

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[Não há] razão para tratamento privilegiado.

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Gostaria de ver o meu país a ser mais criterioso quanto a esta ‘nova economia’.

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Mas Portugal segue a tendência de países que, com segurança e um certo exotismo, são baratos para os bolsos dos nómadas. 

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É o expoente máximo do empreendedor atomizado no contexto da economia global financeirizada, marcada pela despolitização do trabalho e do salário. 

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É o avatar perfeito do ultraliberalismo, que o Governo PS tão bem promove.

Mariana Mortágua, “Expresso” (sem link)


A palavra ‘rua’ ganhou uma dimensão que a contrapõe a formas institucionais de luta.

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Está associada às forças de esquerda, na medida em que os movimento populares tradicionalmente são constitutivos daquelas forças. 

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As manifestações de rua são expressões de lutas que podem dar bons trunfos, pois a sua adequada utilização dá força a esses movimentos e funcionam como incentivos a outros sectores.

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Exige ainda um trabalho cuidadoso, para trazer à luta quem não estava disponível, fazendo-o através de reivindicações concretas.

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Não há contradição entre este tipo de luta e a institucional.

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Não é por decreto que se ­criam movimentos de massas para enfrentar a política de cariz neoliberal.

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A avenida do povo que desagua na Assembleia da República não se faz no dia das eleições, é um percurso por mil ruelas e ruas.

Domingos Lopes, “Expresso” (sem link)

 

Alfredo Molano era um homem que sabia que “onde há terras, há guerras” e, mesmo assim, nunca deixou de se esforçar para encontrar os caminhos da paz num país [Colômbia] que tanto conhece de conflitos.

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O poder político, o terrorismo e o narcotráfico minaram e continuam a minar quaisquer perspectivas de pacificação de um território em que a boa notícia da paz negociada entre as FARC e o Governo foi esventrada por Iván Duque, sucessor de Santos, que nunca gostou do acordo.

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A violência voltou a aumentar, como garantia um relatório publicado este ano pela Fundação Ideias para a Paz.

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Na verdade, a guerra, a violência e a insegurança facilitam a vida a quem quer explorar os recursos fora-da-lei.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A sinistra viagem das três mais altas figuras do Estado ao Qatar inspirou-me. Que fique claro: esta viagem não resulta de protocolo nenhum.

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Estima-se que há cerca de dois milhões de trabalhadores imigrantes no Qatar. A legislação laboral que prevalecia até outubro de 2020 era esclavagista, porque inibia os trabalhadores de mudarem de emprego ou de saírem do país sem autorização do empregador.

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A falta de direitos explica o número de mortos e estropiados. Os cálculos do The Guardian apontam para 6500 mortes de trabalhadores migrantes entre 2011 e 2020.

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Pode morrer-se do trabalho sem ser no trabalho.

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A fraca qualidade da informação sobre as causas de morte, que tanto o The Guardian como os autores deste artigo apontam, é em si mesma sinal de que as vidas destas pessoas valem pouco para as autoridades qataris.

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A lei foi alterada, mas a prática não.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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