sábado, 19 de novembro de 2022

MAIS CITAÇÕES (207)

 
A chegada de Havelange a presidente da FIFA, em 1974, marca uma nova era para o futebol mundial, com os primeiros patrocínios milionários.

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E com uma relação íntima com a Adidas, que garantiu comissões muito interessantes ao presidente da FIFA.

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Se o desporto é uma simulação lúdica da vida, a derrota de Rous foi a substituição de uma aristocracia colonial racista e eurocêntrica por um capitalismo corrupto global e aberto ao terceiro mundo.

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Com Blatter, a corrupção endémica deixou de ser consequência da degeneração moral que o dinheiro sempre traz para fazer parte da identidade da FIFA.

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A escolha do Catar para organizar o Mundial de 2022 é o justo retrato de uma organização que representa uma indústria onde tudo se vende e se compra, de seres humanos à verdade desportiva.

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O Mundial do Catar representa bem a desumanização mercantil do futebol. 

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O Catar é uma ditadura. Mas isso não é novo. A Itália de Mussolini organizou o Mundial de 1934, Havelange estreou-se oferecendo à ditadura argentina a possibilidade de se branquear enquanto atirava opositores para o Rio de Prata, em 1978.

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A FIFA proibiu que a seleção dinamarquesa exibisse mensagens em defesa dos direitos humanos. 

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O problema do Catar não é estar fechado ao mundo, é comprar o mundo para que ele feche os olhos.

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Não posso ignorar que os estádios onde os adeptos se sentam, os quartos onde os atletas dormem, os campos onde as equipas jogam estão construídos sobre 6500 cadáveres. 

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Que tudo foi feito à custa do sofrimento de milhares de escravos vindos do Sri Lanka, Bangladeche, Nepal, Índia e Paquistão.

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Roubados nos seus salários, escravizados pela ameaça de deportação.

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Não há como naturalizar este crime em nome do entretenimento.

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Por mim, seria um orgulho se a seleção que nunca me representará naquele campo de morte ali não estivesse. 

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E Blatter, humanista de sempre, queria que o Irão também ficasse de fora. Por causa da violação dos direitos humanos.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O tempo mostrou que essas teses catastrofistas [de 1997 sobre o futuro da Segurança social] não tinham cabimento e que algumas amputações de direitos para gerações futuras não deviam ter sido feitas.

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A Segurança Social não está perto da falência, antes mostra inequívoca solidez.

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Nos últimos anos registaram-se saldos excedentários. 

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O sistema ficará em causa se houver cedência à ofensiva neoliberal de individualizar riscos para alimentar negócio.

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Entretanto, todos sabemos que o equilíbrio financeiro de longo prazo está sempre dependente da expansão da atividade económica e da boa distribuição da riqueza.

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O relatório que anunciava uma "antecipação de 13 anos" na pretensa insustentabilidade do sistema é uma peça com objetivos perigosos.

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Direta ou indiretamente a sustentação das pensões é amputada, a proteção reduz-se.

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A Organização Internacional do Trabalho defende, e bem, que todo o trabalho deve estar dentro dos sistemas de proteção social.

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[Se o Governo considerar] que o emprego do futuro é amputado de direitos, individualizado, incerto e mal remunerado, acabarão por nos propor um Sistema de Segurança Social miniaturizado.

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Sempre que é insinuada a insustentabilidade, a Direita retrógrada e o lobby do sistema financeiro agitam os tentáculos: cheira-lhes a amplo campo de negócio.

Carvalho da Silva, JN

 

Portugal tem relações diplomáticas com muitas ditaduras, porque são as relações Estado a Estado cuja natureza não implica um julgamento das suas instituições, dos seus actos internos, do carácter do seu regime político.

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É suposto haver um banimento de qualquer relação entre Estados, quando a própria existência de relações diplomáticas significa a aceitação de circunstâncias particularmente gravosas no âmbito do direito internacional.

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Mas o mais grave é permitir a impregnação vinda de fora para dentro, aceitar restrições e limitações à liberdade, a começar pela liberdade de expressão, para não “irritar” ditaduras e países que violam os direitos humanos.

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A realização do campeonato no Qatar é mais uma das histórias de corrupção em que o futebol abunda, com votos comprados para garantir uma escolha que nunca devia ter sido feita.

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[A questão do Mundial no Qatar é] permitir um apoio e dar uma caução a um país onde a violação dos mais elementares direitos humanos está inscrita na lei.

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[Os que lá vão] põem o futebol acima da democracia, dos direitos humanos, da decência.

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Seja quem for que vá ao Qatar não me venha depois indignar-se com a violência sobre as mulheres, só para dar um exemplo.

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A corrida para ir ao Qatar de toda a hierarquia do Estado, em nome de “Portugal” por causa da selecção, é mais um sinal de como o futebol tem um estatuto de impunidade cívica.

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Este não é o meu Portugal, é outra coisa, é a delegação nacional do Qatar feita por portugueses. Isto vai acabar muito mal.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

No Qatar, a homossexualidade é proibida. As pessoas LGBTQI+ são vítimas de maus tratos, tortura e detenções arbitrárias pelas forças de autoridade.

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Se o Qatar é o que é, a FIFA não é melhor. O Mundial foi atribuído através de luvas pagas aos responsáveis com direito de voto, que já deram origem a vários processos judiciais.

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Na sua infinita hipocrisia, a FIFA afirma que está a trabalhar com organizações locais para promover os direitos dos trabalhadores, mas, quando confrontado com o número de mortes, o seu presidente papagueou a estatística oficial do governo do Qatar.

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De tão preocupada, não responde ao apelo da Amnistia Internacional, que, junto com várias ONG, anda há seis meses a pedir uma compensação para os trabalhadores incapacitados e para as famílias dos mortos.

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A FIFA deverá ganhar seis mil milhões com o campeonato. A AI está a pedir 400 milhões para os mortos e estropiados. E eles não aparecem.

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A Carbon Market Watch, um think-tank ambiental que trabalha, entre outros, para a Comissão Europeia, avisou que a neutralidade carbónica reivindicada pela organização do Qatar 2022 é “rebuscada e espúria”.

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E depois há a jactância dos estádios climatizados. Se argumentos faltassem.

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A sua [de Marcelo, Costa e santos Silva] viagem ao Qatar legitima a lavagem desta monarquia arcaica e repressiva, em nosso nome. Se não têm eles vergonha, pensem na nossa e fiquem em casa.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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