(…)
Vieira da Silva, à época deputado do PS na oposição, arrasou
no Parlamento a medida da direita [que a fixou nos 12 dias] e defendeu a
manutenção do valor da compensação nos 20 dias.
(…)
Durante o período da geringonça (…) o
primeiro-ministro preferiu abrir uma crise política do que mexer na proposta
que, para benefício patronal, tinha ido “além da troika”.
(…)
PS negou-se sempre a tocar noutra regra fundamental (…)
aquela que impede um trabalhador de contestar um despedimento que considere
ilícito se não devolver ao patrão a totalidade da compensação.
(…)
[Esta norma] dá eficácia a milhares de despedimentos, mesmo
quando não cumprem os preceitos da lei e são feitos para substituir
trabalhadores com direitos por precários mais baratos.
(…)
Os trabalhadores inibem-se de se defenderem, mesmo quando
sabem que poderiam, eventualmente, ganhar o processo contra a empresa.
(…)
Num passo ilógico, a lei presume que, se o trabalhador não
devolve a compensação, o despedimento é lícito.
(…)
O tema dos despedimentos voltou à baila com o “acordo de
rendimentos”. Já se sabia que este é de um profundo desequilíbrio a favor dos
patrões.
(…)
Para os patrões fica a certeza de benefícios fiscais e a
possibilidade de deduzirem prejuízos sem qualquer limite temporal.
(…)
O PS apresentou [esta semana] no Parlamento a medida
anunciada pelo governo, os patrões protestaram porque não querem que ela seja
aplicada já e a Ministra veio fazer eco, nos seus exatos termos, do que os
patrões exigiram.
José Soeiro, “Expresso” online
Isto das mulheres, aquilo dos trabalhadores mortos nos
escombros dos estádios [do Qatar], imaginem que até perguntaram pelas leis que
proíbem que se seja LGBT, os dinamarqueses não se calaram.
(…)
Incomodaram, isso sim.
(…)
Macron, que gosta da pose como se sabe, acabou por ter que
dizer que só vai de meia-final para cima.
(…)
Outros países (…) lá tiveram que desgraduar a visita para um
qualquer Secretário de Estado.
(…)
[A Dinamarca] anunciou que nenhum ministro ou membro do
governo, nem sequer o embaixador, se fariam representar no espetáculo.
(…)
Tenho para mim que a rainha [da Dinamarca], quieta lá no seu
palácio, deve ter sido quem conspirou toda esta marosca.
(…)
Por isto, a atitude dos nossos Grandes [governanates] é um
alívio. (…) varrem a temporada de grupos e depois, assim espero,
acotovelar-se-ão todos em cada um dos jogos seguintes.
(…)
O que eles querem mesmo é ir ao balneário cantar o hino
nacional e deixar umas palavras inspiradoras para os alas e para os centrais.
(…)
Cada golo que marcarem, e vão ser chusmas deles, vai ter a
marca de Marcelo, de Augusto e de António.
(…)
Deixem-se disso de milhares de mortos, de mulheres caladas,
de imigrantes explorados, de gays e lésbicas condenados, que ninharias
comparado com a grandeza da bola que desliza no relvado!
Francisco Louçã, “Expresso” online
É que relevar a corrupção, o racismo e o
sexismo da indústria do futebol já era um desporto mais exigente do que o
próprio, mas no Catar, o patamar elevou-se.
(…)
Pedem-nos que ignoremos o desrespeito
pelos direitos humanos, o trabalho escravo e as mortes na construção dos
estádios e o facto desta grande festa do futebol mundial acontecer num país
pouco amigo da democracia.
(…)
É de facto bastante difícil seguir os
conselhos do nosso presidente, esquecendo o assunto e concentrando o discurso
no apoio à seleção.
Tenho simpatia pelo activismo climático por me parecer uma
causa inteiramente justa e racional.
(…)
Quanto
às críticas que lhe são feitas, (…) têm que ser construtivas e justas, o que
nem sempre acontece.
(…)
Se é
difícil apresentar soluções tangíveis para o problema, os activistas devem pelo
menos gerar debate e empatia para a causa.
(…)
Aqui começa o primeiro desafio destas manifestações. “Unir
Contra o Fracasso Climático” parece-me um terrível erro de comunicação.
(…)
Os
jovens activistas precisam de melhor marketing.
Que tal “Unir forças pelo sucesso climático"? Provavelmente iria gerar
mais união e empatia.
(…)
Foi
claro o pedido de reunião com o Ministro da Economia. Mas não terem uma
proposta para além de exigir a sua demissão (mais uma vez, uma proposta
negativa) é decepcionante.
(…)
Até
porque propostas para pôr em frente de um Ministro da Economia sobre os pontos
principais do protesto (fim dos combustíveis fósseis) não faltam.
(…)
O activismo deve ser construtivo e apresentar ideias válidas
– não lhe basta ter uma causa justa.
(…)
O
activista incomoda e não há problema com isso, mas não deve ser humanamente
injusto. Não basta à causa ser justa, há também que proceder com justiça,
tolerância e compaixão.
(…)
Não há nada tão poderoso como uma causa justa cujo tempo
chegou. E esta é a causa do nosso tempo.
Pedro Faria, “Público” (sem link)
O
Ministério da Educação quer atribuir a conselhos locais de directores a
responsabilidade de seleccionar os professores e passar de quatro para cinco
anos os concursos destinados aos dos quadros.
(…)
Aparentemente,
desaparece a natureza nacional dos concursos de colocação, esvai-se a
mobilidade interna e os professores deixam de poder escolher as escolas onde
querem trabalhar.
(…)
Das
metáforas e imprecisões (os professores não são todos obrigados a concorrer de
quatro em quatro anos) com que [Costa] embeleza as suas tiradas cínicas, exala
sempre o mesmo cheiro hipócrita e falso.
(…)
O que está
em causa é substituir a escolha, apesar de tudo ainda livre, do professor, pela
decisão da administração, com todo o correlato surto de iniquidades que daí
advirão.
(…)
O que
está em causa é a imposição de uma engenharia de gestão, que subordina os mais
elementares direitos humanos dos professores e à educação dos alunos, aos mais
mesquinhos interesses da austeridade da página virada.
(…)
O que
está em causa é uma proposta que agravará as desigualdades entre as regiões e
as crianças e tornará ainda mais precária a vida dos professores,
coagindo-os a trabalhar onde não querem.
(…)
Este é
o último prego no caixão que enterrará a carreira e o derradeiro lance para
desregular definitivamente a transparência da provisão pública das necessidades
docentes.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
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