sexta-feira, 25 de novembro de 2022

CITAÇÕES

 
Atentos ao fingimento de que o campeonato não decorre num país que despreza direitos humanos, estarmos porventura a ignorar como a FIFA se impõe contra as opiniões públicas, o que não resulta do histriónico sr. Infantino.

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Se me permitem a extrapolação, a facilidade com que o Catar comprou o Mundial também explica por que não vai haver uma comissão de inquérito sobre o caso Costa-Costa. 

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A raiz destes poderes é dinheiro que não se quer mostrar, nem num caso nem no outro.

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A FIFA tem mais membros do que a ONU e receberá 4,5 mil milhões de dólares por estes direitos televisivos.

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É uma sociedade financeira e um poder político que verga Governos.

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Enfunado por esse sucesso, navegou até aqui por entre escândalos sucessivos.

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O que o caso desta semana indica é que o mesmo se terá passado com o Catar [no que diz respeito a suspeitas de corrupção].

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Em 2015, sete executivos da FIFA foram acusados pela justiça norte-americana e detidos na Suíça. 

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[Blatter] só meses mais tarde viria a ser suspenso.

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Entretanto, dos 50 acusados nos EUA por corrupção no futebol 27 já se declararam culpados.

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[Entretanto] a bola roda no relvado, [e] os nossos governantes vão-se fazer filmar nos estádios.

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Separemos então, por um segundo, estes casos de corrupção da chuva de dinheiro em que medram. 

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Olhemos então para as condições que protegem os poderes financeiros das regras da responsabilidade: um bom caso de estudo é o capital angolano em Portugal.

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Abuso, disseram alguns a propósito do telefonema entre o primeiro-ministro e o governador do Banco de Portugal sobre Isabel dos Santos.

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Houve mesmo quem propusesse uma comissão de inquérito. 

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Teve então o PSD um assomo de prudência e evitara a comissão, pois percebeu que, defunta a acareação impossível, ficaria destapado o ninho de vespas.

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Nenhum desses partidos quer as respostas, nem sequer as perguntas que se fariam sobre Isabel dos Santos.

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O facto é que ela nunca foi questio­nada até ao fim do poder do seu pai e à explosão do Luanda Leaks.

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É curioso que agora o ex-governador alegue reservas que nunca impediram esta pesada presença acionista em grande parte da banca portuguesa.

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Proença de Carvalho garantia que “não é por ser filha do Presidente que Isabel dos Santos teve o sucesso que está a ter”.

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A relação era tão estreita que um primeiro-ministro em exercício [de uma coligação de direita em Portugal] esteve no casamento de uma das filhas de Eduardo dos Santos.  

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Dois ex-ministros dos Negócios Estrangeiros foram contratados por interesses angolanos.

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Na Assembleia-Geral da Fundação Eduardo dos Santos estavam todas as grandes empresas de construção.

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Quando Manuel Vicente foi investigado pela justiça portuguesa, o ministro Rui Machete foi a Luanda pedir desculpa.

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Acha mesmo que vai haver algum inquérito que pergunte por onde andou o dinheiro nesta novela?

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

O pontapé de saída para o Mundial nunca será dado num jogo inaugural, por menos bafienta que a cerimónia de abertura se revele ao Mundo.

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O verdadeiro pontapé de saída português só aconteceu frente ao Gana e durou uma eternidade em bocejo e ansiedade.

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Jogámos quase nada mas, enfim, esqueçamos isto.

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A teoria do "agora-não-interessa" formulada pelo presidente da República não foi partilhada pelas autoridades cataris que, rezam as notícias, terão chamado o embaixador português no país.

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O puxão de orelhas diplomático poderia ter o sortilégio de encontrar políticos portugueses em trânsito, obrigando-os a reconsiderar a vontade de assistir ao primeiro jogo da selecção, desse por onde desse. 

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Ainda que, pela presença, [algum político] caucione positivamente as violações dos direitos humanos no emirado, que vão muito para além de uma mera questão de costumes.

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A ideia de que se vai confrontar o anfitrião com as notícias sobre a sua própria tirania são muito auspiciosas, mas ficam reféns de concretização.

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Se já é questionável a realização de visitas oficiais das mais altas autoridades da nação a países ditatoriais, nada consegue defender a necessidade da sua presença no exercício lúdico de torcer por Portugal nas bancadas de um jogo de futebol.

Miguel Guedes, JN

 

É verdadeiramente vergonhoso – e indesculpável – que anualmente nos juntemos para assinalarmos um dia pela Violência Contra as Mulheres.

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Nos primeiros onze meses deste ano foram assassinadas 28 mulheres, ultrapassando as 16 vítimas de todo o ano de 2021.

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Estes números dizem-nos, com toda a arrepiante frieza da morte, que este fenómeno não está a desaparecer – pelo contrário.

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Não existem desculpas para um horror que não tem atenuante possível. 

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Sendo a nossa sociedade voltada para o valor e para o lucro, vários são os estudos que medem os prejuízos económicos das mulheres trabalhadoras vítimas de violência doméstica.

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E na contabilidade do deve e do haver, os empregadores são incentivados a tomar medidas de apoio e auxílio às vítimas.

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Mas nós, enquanto mulheres e sindicalistas, temos obrigação de alertar, também, para os ambientes de trabalho nocivos, onde as trabalhadoras são vítimas de violência e assédio sexual e moral.

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Este é um tipo de violência mais despercebido aos olhos da sociedade, que insidiosamente se infiltra nos locais de trabalho e raramente é denunciado porque as vítimas têm receio de represálias, que muitas vezes terminam em despedimento.

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Apesar da força da legislação, muitas mulheres sofrem de abuso físico e moral no seu local de trabalho, seja pelo empregador, pelo chefe ou pelos colegas.

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São demasiados os exemplos da degradação a que as mulheres são sujeitas, apenas porque são mulheres.

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E nós, mulheres e sindicalistas, temos, mais do que o direito, o dever de lutar para interromper este círculo vicioso que se perpetua apesar da evolução das regras sociais, da lei, da educação.

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Nesta data simbólica, em que se assinala o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, o nosso voto solidário vai, obviamente, para todas as mulheres vítimas.

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Não baixaremos os braços e só descansaremos quando este dia deixar de ter sentido.

Cristina Trony, “Público” (sem link)


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