sexta-feira, 14 de julho de 2023

CITAÇÕES

 
É bem sabido que todos os dogmas se esgotam um dia. 

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Pois estamos a assistir à sofrida agonia de um deles, o de que o Estado não deve ter política industrial, o mercado resolve.

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A União Europeia proibiu as “ajudas de Estado” e impôs uma restrição orçamental para a privatização dos bens públicos.

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Mesmo num país com grande folga orçamental, a Alemanha, a degradação da infraestrutura social é pesada, faltam 60 mil médicos e os hospitais estão como os nossos.

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[Diversos governos financiam] maciçamente projetos nas tecnologias de comunicação, a guerra fria do 5G e da AI, e no armamento, a guerra quente.

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A condução militar dos processos de inovação industrial não é de agora.

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A concentração de recursos neste setor [militar] vai-se agigantar, nada como uma boa guerra prolongada.

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As novas políticas fiscais têm significado mais impostos sobre quem trabalha para pagar mais subsídios a empresas, financiando a sua rentabilidade.

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Uma política industrial é uma oportunidade para a transição energética, como também pode ser uma abertura para o fóssil, e este tem vindo a ganhar.

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Só uma política industrial ambiciosa pode criar emprego com salários qualificados e garantir o bem-estar social, ou criar o sistema de cuidados que são a parte da democracia na economia. 

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A política industrial, se não for o desperdício que se está a anunciar, poderia ser a âncora para a recuperação com emprego e com salários.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Então se o Estado é dono de ações da empresa [TAP]e alguém é o seu representante, essa pessoa não deve receber instruções sobre como votar?

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Mal faria o Estado se, usando o nosso dinheiro, não se responsabilizasse por ele.

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Esta doutrina segundo a qual o Estado é dono, mas uns senhores fazem o que querem com a sua representação, por serem as vozes do mercado, é uma aberração.

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De facto, esta bizarria da independência dos gestores públicos é uma forma de evitar o escrutínio que real­mente importa, sobre o que fazem e como conduzem a empresa. 

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

As comparações [entre possíveis alianças PP-Vox e PSD-Chega] são legitimas, dados os vários aspetos comuns.

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Será que o Vox é o Chega português, ou vice-versa?

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O Vox, tal como o Chega, pertence ao universo da ultradireita – casa da extrema-direita e da direita radical, onde habitam diferentes partidos e organizações.

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O partido de Santiago Abascal é identificado, unanimemente, pela ciência política como habitando o lado radical da ultradireita.

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[O VOX] apresenta as três principais características da direita radical, (muito) resumidas no parágrafo anterior: o nativismo, o autoritarismo e o populismo.

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Mas o Vox tem também particularidades presentes e passadas que fazem do partido um fenómeno diferente do Chega.

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Para além do discurso nativista anti-imigração, o Vox irrompeu na política espanhola enquanto partido nacionalista e unionista, apostando numa lógica punitiva contra o independentismo catalão.

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No contexto do Chega não existe um movimento político adversário tao fraturante a nível nacional, como são os separatismos.

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Se o nacionalismo serve para combater o separatismo, o Vox usa o nativismo como arma contra a imigração.

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O partido espanhol, ao contrário do seu congénere português, é um partido de quadros.

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Ao contrário do Chega, o Vox não é um partido unipessoal.

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E, para além do próprio Vox, existe ainda uma rede de organizações que alimentam a ação política do partido.

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O Vox encontra-se mais preparado para o exercício da conquista e manutenção do poder; é o partido que o Chega gostaria de ser.

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Contudo, esta conclusão não exclui a hipótese de aliança futura entre o espaço do centro-direita e a direita radical em Portugal.

David Pimenta, “Público” (sem link)

 

Perguntar-se-á o eleitor base do PSD se foi para isto que Montenegro assumiu a liderança, se foi para mimetizar comportamentos a reboque da extrema-direita.

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[Há uma] incapacidade de diferenciação prática entre boa parte das posições deste PSD e boa parte das teorias demagogas do partido de André Ventura.

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Todo o processo de reacção do PSD ao cartoon “Carreira de Tiro” na RTP é um manual de desacerto.

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Atacar um cartoonista é atacar o jornalismo livre.

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Há um PSD que, estranhamente porque em autofagia, não perde uma oportunidade para concorrer com a loja de horrores da extrema-direita.

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Quanto tempo mais veremos o maior partido da Oposição em carreira de tiro aos próprios pés?

Miguel Guedes, JN

 

Aproxima-se a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e parece que tudo o que tem que ver com o evento tem o potencial de ser notícia e não por boas razões.

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Os custos astronómicos que têm vindo a público também não ajudam e o transtorno que se antecipa na vida das pessoas também não.

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A mensagem que é atribuída a Jesus Cristo no Novo Testamento é absolutamente digna de ser difundida.

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O bem comum, a partilha e a distribuição da riqueza são a base dos ensinamentos de Cristo. E terá passado à prática.

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Também expulsou comerciantes das imediações de um templo e não terá sido macio nessa diligência.

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E o Vaticano tem sido, ao longo dos séculos, um grande exemplo de má interpretação de um texto. Não perceberam nada.

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Nunca um Papa [como Francisco] pareceu tão alinhado com a doutrina inicial e nunca a Igreja tinha feito um esforço tão assinalável de se aproximar do progressismo.

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Existem duas Igrejas: a do Papa Francisco e uma velha Igreja bafienta e conservadora.

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Neste período de preparação da JMJ ficou bem à vista qual dessas correntes da Igreja prevalece em Portugal [a conservadora].

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Este executivo camarário tem demonstrado um perfeito entendimento, e cumplicidade, com esta lógica obsoleta.

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O último caso é o tratamento que está a ser dado às pessoas sem-abrigo.

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A novidade aqui é a pressa em retirar estas pessoas das ruas a tempo da JMJ.

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A grande virtude deste executivo é a gestão da sua imagem.

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Priorizam a estratégia de comunicação em relação ao trabalho camarário.

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É o que está a acontecer em relação à situação das pessoas sem-abrigo

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A vinda deste Papa a Lisboa deveria ser uma boa notícia para quem vive em tendas nas ruas. 

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Estão destinados a ser obliterados do espaço público e agora com hora marcada.

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Se deixarem de os ver, acreditam que não existem.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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