sábado, 29 de julho de 2023

MAIS CITAÇÕES (242)

 
Alex O’Keefe, o redator da equipa de argumentistas que deu cor à trama [da série “The Bear”, teve de escrever a sua parte do episódio final da temporada numa biblioteca pública.

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Quando foi receber o prestigiado prémio da Writers Guild of America, tinha saldo negativo na conta. 

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Familiares e amigos arranjaram-lhe o smoking, mas o laço teve de ser comprado a crédito.

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O glamour da televisão tem como motor uma mão de obra precária que dificilmente consegue pagar as contas ao fim do mês. 

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Quanto mais o seu trabalho é reconhecido e culturalmente influente, pior são as suas condições de vida. 

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Uma série típica nos canais tradicionais tinha 20 a 22 episódios, o streaming aposta em temporadas de oito a dez.

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O resultado para quem os faz [os filmes] foi uma redução de 40 para 20 semanas de tempo médio de trabalho em casa série, num meio onde se é pago à peça.

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E se dantes recebiam por cada reposição nas televisões, agora, com o streaming, recebem apenas uma vez. 

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Foi para reverter a degradação das condições contratuais e salariais que os argumentistas entraram numa greve a que se juntaram os atores e que vai durar meses.

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O vencimento [dos argumentistas] caiu em 23% no mesmo período [há uma década].

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Quase 90% dos atores recebem menos de 26 mil dólares por ano, o mínimo para ter direito a seguro de saúde.

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Como em todo o lado, dinheiro não falta. 

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Há é quem, aproveitando este momento disruptivos, fique com grande parte do bolo.

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A intenção de reduzir os direitos e o rendimento distribuído aos criadores intelectuais, (…), não podia ser mais clara.

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Os mesmos estúdios que movem montanhas para proteger os seus direitos sobre propriedade intelectual querem retirar direito de identidade e imagem a quem está na origem da propriedade intelectual que tão zelosamente defendem.

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Hollywood transformou-se numa parte da gig economy, em que todos são tratados como estafetas da Uber. 

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[Se nada fizermos, avanços tecnológicos podem servir] para concentrar ainda mais a riqueza.

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Não é a tecnologia que nos escraviza, é a relação de poder que lhe é prévia.

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A greve em Hollywood é, como em qualquer fábrica, sobre essa relação de poder.

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É a capacidade de resistir e mover a balança do poder [que determinam as perdas ou ganhos de quem vive do seu trabalho]. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR, entre janeiro e novembro de 2022 ocorreram 22 femicídios em Portugal, todos em relações de intimidade e levados a cabo por homens.

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Cerca de metade das situações era do conhecimento de familiares e vizinhos.

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Até março deste ano, morreram três mulheres, às quais poderão somar-se mais algumas no 2º trimestre.

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As Estruturas de Apoio à Vítima são essenciais na identificação de situações, na mitigação do impacto das dinâmicas abusivas e na criação de oportunidades de mudança.

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Ainda assim, o fenómeno de violência doméstica é complexo.

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Desde julho de 2021, foram atendidas 311 pessoas no Espaço Vida e 68 tiveram apoio psicológico no SAIV [Serviço de Apoio e Informação à Vítima] da CESPU [Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário]. 

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Ainda somos uma sociedade pouco mobilizada e que desconhece que a violência é um crime público. 

Alexandra Serra, “Expresso” (sem link)

 

Na Europa a que pertencemos por geografia e por outros compromissos coletivos, vemos as democracias enfraquecerem perigosamente

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O eurocentrismo e o ocidentalismo têm negado dignidade e direitos iguais a todos os povos. 

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Os resultados [das eleições do último domingo em Espanha] foram uma grande vitória da democracia.

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Reforçou-se a responsabilidade da Esquerda.

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Na Europa há uma real onda neofascista que cavalga a grande velocidade.

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A extrema-direita e forças fascistas estão instaladas nos parlamentos e governos de grande número de países da EU.

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Pressupor que a “ganância” dos trabalhadores e dos pensionistas (quando reivindicam melhores salários e pensões) é simétrica da ganância dos detentores de fortunas escandalosas feitas do dia para a noite é negar a igualdade, a solidariedade, a justiça. 

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[Os povos de Espanha] não querem a ultradireita no governo. 

Carvalho da Silva, JN

 

Numa decisão com a importância da venda da TAP importa entender a lógica do que irá acontecer depois.

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É muito importante para o país o chamado “Hub de Lisboa”.

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Hub é a plataforma giratória de voos, e centro de conexão.

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Nenhum hub pertence a um aeroporto ou cidade, mas sim às companhias aéreas.

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Lisboa não tem nenhum hub. Quem tem hub é a TAP que faz do aeroporto Humberto Delgado um centro de ligações entre continentes.

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Lisboa é o hub da TAP e só haverá um hub em Lisboa enquanto a TAP (…) decidir que é em Lisboa que pretende manter ou instalar a base da sua rede.

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[Se o comprador for uma companhia aérea europeia] será consequente a deslocação do hub da TAP [para dora de Portugal].

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Portanto, com a venda da TAP ficamos sem TAP e com um aeroporto secundário.

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Acabarão os voos diretos de e para a áfrica, América Latina e América do Norte.

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Em termos de tráfico aéreo, Portugal deixa de ter importância internacional.

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[Quando se espera lucro efetivo] na TAP é que é que se pretende destruir o prestígio Nacional que a TAP representa?

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Mantendo a TAP nacionalizada, ela terá o seu hub em Lisboa e há indicadores económicos fortes da sua viabilização.

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Ainda tem a TAP a criar riqueza em Portugal, a criar emprego em Portugal, a exportar por Portugal, a alimentar a receita fiscal dos portugueses.

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A gestão da TAP tem é que perceber o que é uma empresa pública e para que é que o povo português precisa de uma empresa pública.

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Aquilo que se passa hoje na Altice Portuga, antiga PT, está a acontecer porque houve um crime principal, que abriu caminho para todos os outros. Esse crime foi o da privatização da PT.

Celestino Flórido Quaresma, “Diário de Coimbra”, (sem link)


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