sábado, 22 de julho de 2023

MAIS CITAÇÕES (241)

 
A obsessão orçamental é um dos mais bem sucedidos empreendimentos neoliberais. 

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 Tornou-se senso comum, isento de motivação ideológica.

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O texto [do recente artigo de Fernando Medina no “Expresso] começa com um equívoco lateral mas pouco inocente.

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O ministro acusa de dogmatismo quem critica a folga orçamental.

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Ora, esta folga é o sistemático incumprimento, por excesso, das metas definidas pelo Governo.

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Não por acaso económico ou incompetência política, mas por estratégia manipulatória

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Para terminar, a ideia pequenina de que o país não pode ter prioridades e aspirações para lá da aceleração do pagamento da dívida.

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Com base nestes mandamentos, Medina assegura que pode haver negociações com professores, desde que a despesa estrutural não aumente. 

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Nenhuma destas [leia-se “das”] contenções é um ato de coragem, bom senso ou honestidade orçamental. 

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A “poupança” em investimentos essenciais regressa mais tarde como despesa adicional.

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Quanto teríamos poupado em tarefeiros, contratação de serviços e aluguer de material com investimento atempado na saúde e na ferrovia?

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Quanto será desperdiçado em fundos europeus devido ao depauperamento sistemático do Estado em quadros técnicos capazes de processá-los e geri-los?

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O Portugal do passinho-menor-que-a-perna ficará sempre atrasado, porque as condições de crescimento não passam no garrote da contenção orçamental. 

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O próprio [Medina] reconhece a desvalorização dos salários face à inflação e que o país empobrece.

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Se aplicarmos o excedente em políticas públicas, o que nos espera é a punição de Bruxelas e Frankfurt.

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Percebe-se a sequência de lugares-comuns e preconceitos neoliberais da pena do ministro. 

Mariana Mortágua, “Expresso” (sem link)

 

Como qualquer pessoa normal, choquei-me quando vi o vídeo em que uma influencer descrevia a sua técnica para resolver as birras da filha: enfiava-a em água fria. 

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Tudo o que dizemos, escrevemos e exibimos ficará para sempre dito, escrito e exibido.

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Num país que convive em silêncio com a violência quotidiana sobre mulheres, velhos e crianças, a fúria viral dá a ilusão de civismo.

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O meu incómodo passou para a assustadora fúria viral a que todos se entregavam, que se assemelha à cobardia agressiva dos linchamentos. 

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O abuso desta mãe é uma história infelizmente banal que se deve resolver por intervenção especializada.

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Uma coisa é certa: a exibição do caso a milhões de pessoas não faz parte da estratégia aconselhada.

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Apesar da militância digital nas redes contrastar com a inércia cívica dos portugueses (…), quero acreditar que as coisas estão a mudar.

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Que a convicção de que uma palmada no momento certo ajuda a educar está a cair em desuso.

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Pelo menos em alguns meios, até já vivemos o oposto, que é a incapacidade de muitos pais perceberem que a palavra “não” é sinal de cuidado e afeto e que a superproteção é uma forma de negligência.

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Nestas coisas, não devemos acrescentar espalhafato ao problema que queremos ajudar a resolver.

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A diferença em relação a tantas outras histórias, é que esta mãe não se limita a maltratar a sua filha, mas divulga-o de forma “didática” aos seus seguidores.

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Infelizmente, só a estupidez é viral. Da promoção da indignidade à sua correção justiceira.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

[Durante a II Guerra Mundial] a palavra ersatz acabou por designar os produtos de substituição, de um modo geral de pior qualidade do que o original.

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Antes de aparecer uma ideia, aparece um lugar-comum, um divertimento, um produto de propaganda moderna a que chamamos marketing, uma rapidez verbal que funciona bem com a redução do vocabulário circulante e com a ausência do pensar.

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Ao pensar-se pouco e ao falar-se guturalmente, com um “saber” resultado dos fragmentos virais oriundos das redes sociais, as pessoas tornam-se fáceis produtos para a manipulação.

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E não tenham ilusões de que há especialistas nessa manipulação.

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Como não há quase nenhum escrutínio destes processos, usados por serviços secretos, por agências de comunicação, ao serviço de governos ou de empresas, as pessoas são facilmente manipuladas em toda a sua vida.

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[A liberdade] é ainda mais posta em causa quando se torna fácil enganar-nos e, no fundo, mandar em nós.

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Por exemplo, ainda ninguém me explicou qual é o trade-off que um jornalista ou editor de um jornal faz para publicar as notícias que chegam por via de uma agência de comunicação, sem qualquer critério jornalístico.

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Estes processos são facilitados pela crescente substituição da comunicação social como fonte de informação pelo sistema das redes sociais onde também actuam manipuladores profissionais.

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[Olhem] para a crescente impregnação da antigamente chamada comunicação social “de referência” pelo “tabloidismo”.

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[O grande motivo é] ganhar dinheiro, por boas e más razões.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

A Arábia Saudita está em transformação. Porque precisa de limpar a imagem internacional, porque precisa de pensar num futuro sem petróleo, porque sonha em tornar-se um actor geopolítico central daqui a umas décadas.

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Segundo os números do último censo publicados no final de Maio, [ 63% da sua população tem menos de 30 anos ] e a Casa de Saud teme que a mesma comece a questionar a monarquia, se não lhe for dado algum ópio.

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O futebol é, por isso, também uma arma política apontada às democracias ocidentais.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Tudo o que a FIFA decide tem que ver com política.

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No entanto, Gianni Infantino, o presidente do organismo que manda no futebol internacional, passa o tempo a dizer-nos que não quer a modalidade misturada com a política.

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Na semana em que começa o Mundial Feminino de Futebol na Nova Zelândia e Austrália, Infantino voltou a infantilizar o seu discurso, respondendo a questões como a disparidade nos salários dos homens e das mulheres no futebol.

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Em Doha, Infantino debitara aquela colecção de palavras tão hipócritas face a tudo o que se estava a passar com a organização do Mundial, que se transformaram instantaneamente em manancial para humoristas.

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Neste mundial feminino a FIFA] continuou a proibir a braçadeira One Love em defesa dos direitos LGBT+.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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