domingo, 29 de dezembro de 2024

A 'HESITAÇÃO DEMOCRÁTICA' É O ACONTECIMENTO INTERNACIONAL DO ANO PARA A REDAÇÃO DO EXPRESSO

 

Em todo o mundo eleitores de mais de 60 nações expressaram nas urnas a sua frustração com os partidos tradicionais.

A 'hesitação democrática' é o acontecimento internacional do ano para a redação do Expresso: https://expresso.pt/.../2024-12-26-o-acontecimento...


FRASE DO DIA (2367)

 
Sem o contributo dos imigrantes, a economia paralisaria e o nosso modelo social não funcionaria

Fabian Figueiredo, Esquerda.net


DESACATOS INÉDITOS NA GRANDE LISBOA É O ACONTECIMENTO NACIONAL DO ANO SEGUNDO O “EXPRESSO”

 

A indignação pela morte de Odair Moniz levou a dias de desacatos inéditos na Grande Lisboa. Este é o acontecimento nacional do ano, na escolha da redação do Expresso

https://expresso.pt/.../2024-12-26-acontecimento-nacional...


CUMPRIR DIREITOS HUMANOS, LABORAIS E EMISSÕES POLUENTES, É COISA QUE NÃO FAZ PARTE DA AGENDA DO GOVERNO DO QATAR

 

Via “Expresso” Economia


EM 2024, OS ISRAELITAS ASSASSINARAM 201 JORNALISTAS PALESTINIANOS

 

No mesmo ano. a imprensa mainstream referiu não mais que três deles.

Via PBI Story


A INCANSÁVEL LUTA DO PAPA PELA PAZ

 

Via “Diário de Coimbra”


sábado, 28 de dezembro de 2024

MAIS CITAÇÕES (313)

 
No dia 19 de Dezembro de 2023 acordei em Jenin (norte da Cisjordânia), após mais uma invasão israelita. As ruas estavam rebentadas de fresco, crateras e montanhas de lama, jorros de esgoto.

(…)

Jenin é um bastião da resistência palestiniana, chamam-lhe A Pequena Gaza.

(…)

Mas esse 19 de Dezembro foi também o dia em que um homem, por sorte médico, teve de amputar a perna da sua sobrinha sem anestesia, em cima da mesa da cozinha.

(…)

Um ano depois, já não me lembrava ao certo onde estava. Fui verificar agora, quando vi a data dessa amputação no mais exaustivo relatório que um indivíduo fez desde 7 de Outubro.

(…)

[Esse relatório] chama-se Bearing Witness to the Israel-Gaza War e é um trabalho escrito e compilado pelo israelita Lee Mordechai, historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, doutorado em Princeton.

(…)

Em Março de 2024, o documento tornou-se viral no ex-Twitter em hebraico. Mordechai ampliou o alcance: para seja quem for que queira saber.

(…)

Viu milhares de imagens horríveis. Não as mostra no texto, dá os links.

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Considera o ataque do Hamas e outros grupos a 7 de Outubro uma atrocidade. Tal como considera a resposta de Israel um genocídio, e no fim explica porquê.

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Quem acompanha os incontáveis testemunhos que eles [palestinianos] nos têm dado do seu próprio holocausto, sobretudo pelo Instagram, vai reconhecer centenas de momentos no relatório de Mordechai.

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Idem para quem segue as agências e tribunais da ONU, a Human Rights Watch, a Amnistia Internacional e muitas outras organizações, incluindo israelitas. Uma sucessão de horrores e recordes.

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Sofrimento contínuo e atroz de centenas de milhares de mutilados, queimados, doentes.

(…)

Mas talvez a parte mais singular do relatório, pelo próprio facto de [Mordechai] ser israelita e falar hebraico, seja o que ele expõe sobre Israel, o ponto a que chegou a desumanização dos palestinianos.

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Diz Mordechai: a desumanização dos palestinianos é o que permite este horror.

(…)

Resumo: a grande maioria dos israelitas que não quer saber a verdade (as muitas verdades além da propaganda).

(…)

Aliás, uma das últimas actualizações de Mordechai diz respeito à limpeza étnica do norte de Gaza, nestas últimas semanas de 2024, depois de uma líder dos colonos ter ido a Gaza, escoltada pelos soldados.

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Há instruções escritas para esta limpeza étnica? Para o genocídio? Que se saiba, não. O que só convém às lideranças, como diz Mordechai, acautelando futuros julgamentos.

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Milhões foram gastos em propaganda para destruir críticos de Israel (incluindo a ONU), comprar vozes pró-Israel, multiplicar histórias falsas.

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Como eram falsos os 40 bebés decapitados do 7 de Outubro, ou as violações em massa do Hamas.

(…)

Esta crónica sai um ano, dois meses e vinte e um dias depois disso [7 de outubro], e é o que continuo a achar, [Israel acabou] mas hoje de forma mais detalhada.

(…)

O que quero dizer é que a ideia de Israel acabou.

(…)

Israel é hoje um estado pária para qualquer pessoa que queira realmente saber o que aconteceu desde 7 de Outubro.

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Os jovens do mundo que acordaram para Israel/Palestina a 7 de Outubro não entendem como foi possível um país ser fundado à custa de um povo.

(…)

Muito menos como é possível um povo ser exterminado nos nossos telemóveis, com a ajuda dos nossos governantes. Porque é que um único país no mundo faz o que quer na ONU, incluindo cortar-lhe as pernas, banir o secretário-geral. Porque é que um povo parece valer mais do que qualquer outro. E porque é que os palestinianos valem menos do que Israel, a América ou a culpa da Europa. Numa palavra: racismo (étnico, religioso, cultural).

(…)

[Israel funda-se na mentira] na destruição de outro povo. Na mentira de que era uma terra sem povo para um povo sem terra.

(…)

O Hamas derrotou Israel no dia 7 de Outubro. Com um massacre contra civis, na sua maior parte, tal como milícias sionistas pré-Israel foram terroristas, e muitos outros movimentos recorreram ao terrorismo sem se resumirem a isso.

(…)

Eu já não tinha ilusões sobre o Hamas. Simplesmente é um erro resumi-lo como terrorista.

(…)

A sociedade israelita viveu o maior trauma de sempre a 7 de Outubro. E a gente que hoje a lidera viu nisso uma grande oportunidade para concluir a Nakba de 1948, a Naksa de 1967.

(…)

Os israelitas não vão recuperar como país do que fizeram, do que viram, e do que não fizeram e não quiseram ver.

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[Israel é] uma sociedade doente, cada vez mais incapaz de reconhecer o outro, os outros.

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Israel perdeu o mundo.

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Não há futuro num Estado fundado na desumanização de outros. O começo de Israel já era o fim de Israel.

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O 7 de Outubro gerou a desumanização definitiva. O futuro é da Palestina ou não será.

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Agora Gaza é o mundo.

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Daqui a um mês, a 27 de Janeiro de 2025, Netanyahu não irá aos 80 anos da libertação de Auschwitz porque tem medo de ser preso por crimes contra a Humanidade.

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Auschwitz não merece o homem que desde 7 de Outubro preside a Auschwitz-agora-em-directo. Uma criança morta por hora.

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A verdade mais difícil está por escrever porque, ao mesmo tempo que o horror nunca foi exposto como desde 7 de Outubro, ainda falta muito.

(…)

Esse horror não seria possível sem as bombas e os milhões dos EUA. Biden é um criminoso de guerra. Como Scholz, Ursula, a maior parte da UE (com três ou quatro países a fazerem a diferença).

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O mundo que permite que se extermine um povo em nome de Deus, e ainda se considera religioso.

(…)

Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, primeiro-ministro Luís Montenegro, ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel, restantes ministros: vão continuar a ser cúmplices de um genocídio?

(…)

E que vão fazer quando os vossos filhos ou netos vos perguntarem que fizeram contra isto?

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)


PATRIMÓNIO DAS 10 MAIORES FORTUNAS PORTUGUESAS…

 

Metade dos 46 mil milhões de euros de património dos 50 milionários portugueses estão concentrados nos dez primeiros lugares. Cinco famílias estão na liderança.

Saiba mais em https://jornaleconomico.sapo.pt/.../maiores-fortunas.../


HÁ MAIS DE 770 MIL SEM-ABRIGO NOS ESTADOS UNIDOS

 

Segundo “The Wall Street Journal”, trata-se do número mais elevado desde 2007, quando os EUA começaram a publicar dados comparativos

Saiba mais dados sobre este problema - e as suas razões: http://expresso.pt/.../2024-12-28-ultimas-noticias-de...


BRASIL ATINGE A MENOR TAXA DE DESEMPREGO DA SUA HISTÓRIA

 

Desemprego cai novamente e chega ao menor nível da história. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE. A taxa de desemprego ficou em 6,1% no trimestre encerrado em novembro de 2024, a menor desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2012.

Com o resultado, o Brasil alcançou queda de desemprego a cada trimestre analisado, de janeiro até novembro. No trimestre de janeiro, fevereiro e março, a taxa era de 7,9%.

Houve queda de 0,5 ponto percentual do desemprego quando comparado com o trimestre de junho a agosto de 2024 e queda de 1,4% comparando com o mesmo trimestre móvel de 2023.

via: EBC, Gleisi Hoffmann, Lula.


OBSERVADO EM BELFAST, IRLANDA DO NORTE

 

Na Faixa pode ler-se: “Se eu tenho de morrer, tu tens de viver para contar a minha história”

Via Islamic Knowledge1

Mais Aqui


NÚMEROS DO GENOCÍDIO LEVADO A CABO POR ISRAEL EM GAZA SÃO ALARMANTES

 

Imagem via “Diário de Coimbra”


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

CITAÇÕES

 
Depois da imagem [de uma longuíssima rua do centro de Lisboa com imigrantes, até perder de vista, com as mãos encostadas à parede], os porta-vozes formais e informais do Governo passaram dias a mostrar-nos que, no passado, também houve operações no Martim Moniz.

(…)

Só que uma operação supostamente preparada durante meses, mas que o Governo dissera ter sido calendarizada por instrução sua, resultou em duas facas apreendidas.

(…)

Mas, acima de tudo, fingiu-se não perceber que aquela imagem só se tornou política porque o Governo andou, durante mês e meio, a fazer política com operações policiais.

(…)

A operação foi marcada para o preciso momento em que se debatiam, no parlamento, restrições de acesso de estrangeiros ao SNS.

(…)

Uma lei que também respondeu a uma agenda partidária.

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E quando se fazia uma operação na Cova da Moura, relacionada com os tumultos.

(…)

Uma investigação em que o Governo se envolveu publicamente, com primeiro-ministro e ministros a anunciarem detenções de suspeitos.

(…)

Foi o Governo que montou o cenário que torna aquela fotografia [ com imigrantes, até perder de vista, com as mãos encostadas à parede] assassina. 

(…)

Depois de um mês de instrumentalização política da polícia, a imagem de uma rua inteira de inocentes encostados à parede seria inevitavelmente política.

(…)

E a súbita tentativa de despolitizar o que andou a politizar, para tirar carga política àquela imagem, mostra que o Governo ainda acredita que pode nadar nas águas da extrema-direita e manter-se seco.

(…)

Como mostra o Barómetro da Imigração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, as perceções sobre a imigração resultam de fortes distorções da realidade.

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Pensam, em média, que os imigrantes correspondem a 30% da população residente (andam entre os 10% e 12%).

(…)

Querem diminuir o número de pessoas vindas do subcontinente indiano, apesar de não corresponderem a mais de 9% dos imigrantes.

(…)

Segundo o barómetro, estas opiniões são mais determinadas por convicções políticas prévias do que pela experiência vivida.

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Quem acabasse de aterrar em Portugal e visse os telejornais não acreditaria que vivemos num dos países mais seguros do mundo e com menos imigrantes do que a média europeia. 

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Tudo parece invertido. 

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Porque um Governo de gente sem convicções aconselhada por agências de comunicação e concentrada na competição com o Chega se dedica a agravar esta absurda paranoia securitária e xenófoba. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O discurso de Natal de Luís Montenegro não demonstra virtude por ignorar olimpicamente a realidade ou por abandonar a adesão ao argumento profundamente falacioso que associa imigração, violência e parasitismo. 

(…)

Bastaria que traçasse como claras, de uma vez, as linhas que separam a sua argumentação da extrema-direita, a mesma que sempre aparece, como abutre à carne viva, quando sente que o PSD lhe dá a mão e lhe suaviza argumentos.

(…)

[A retórica tóxica da extrema-direita] encontra bases sólidas nas medidas recentemente tomadas pelos partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, ao excluírem do direito à saúde os imigrantes que estejam em vias de regularização.

(…)

Com quase dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza, dos quais 300 mil são crianças, com a s dificuldades sentidas no SNS e na educação.

(…)

Exigia-se a Montenegro algo mais do que um discurso hábil. Este não é um Natal como os outros.

(…)

Este era o momento para traçar distâncias e colocar o PSD na rota dos valores que sempre advogou.

Miguel Guedes, JN


Nunca a realidade impediu a extrema-direita de oferecer soluções erradas para problemas reais.

(…)

A Alternativa para a Alemanha (AfD) vem propor políticas que se mostraram ineficazes em muitos lados para travar a crise demográfica que o país atravessa.

(…)

Em 2023, pela primeira vez, desde 1960, o número de nascimentos na UE foi inferior a quatro milhões, na Alemanha desceu abaixo dos 700 mil (692.989), uma queda de 7%.

(…)

Entre a diminuição real dos salários e acentuar das exigências profissionais, o aumento do custo de vida, a falta de acesso a habitação, a crise da saúde pública (…) os casais escolhem ter filhos mais tarde.

(…)

E os incentivos aos casais para terem mais filhos, como o que propõe a AfD, revelaram-se ineficazes em quase todo o lado.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Na sua habitual conferência de imprensa do Ano Novo, o raïs (chefe) da maioritariamente muçulmana República do Tartaristão, na Rússia, mostrou-se preocupado com a baixa natalidade no território.

(…)

Há uma década nasciam 56 mil novos tártaros, número que baixou para os actuais 36 mil, uma queda acentuada apesar de todos os incentivos financeiros dados pela república aos casais.

(…)

É por isso que pretende transformar o Tartaristão numa república da natalidade, um governo de encontros, tudo em prol do futuro.

(…)

No Tartaristão, os tártaros são 53% dos 4 milhões de habitantes, os russos 30%, entre 70 nacionalidades diferentes, duas línguas oficiais (…) e duas religiões maioritárias.

(…)

É provável que para Minnikhanov a taxa de natalidade seja o menor dos seus problemas daqui a uns anos.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


ENCOSTAR À PAREDE PARA ESCONDER O QUÊ?

 

No Linhas Vermelhas SIC Notícias da última segunda-feira e que recupero a propósito da manifestação que entretanto soube estar convocada para 11 de janeiro. Lá nos encontramos. Catarina Martins


QUANDO HÁ QUEM CONSIDERE A FIGURA DO ANO EM PORTUGAL UM TREINADOR DE FUTEBOL…

 

João Vieira Pereira, diretor do Expresso, comenta a escolha de Ruben Amorim como figura nacional do ano para o jornal

https://expresso.pt/.../2024-12-26-nao-nao-foi-ruben.-foi...


FABIAN DESMENTE MAIS UMA MENTIRA DO CHEGA CONTRA O BLOCO

 

O Chega faz política através da mentira. São muitas as falsidades da extrema-direita, mas não nos calaremos. Sempre que o Chega quiser impor a mentira terá de enfrentar a nossa oposição. Fabian Figueiredo


BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS CONTRA A LIMITAÇÃO DO ACESSO DE ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES AO SNS

 

Imagem via JN


EM MÉDIA, QUASE TRINTA PESSOAS MORRERAM POR DIA AO TENTAREM CHEGAR À COSTA ESPANHOLA, ESTE ANO

 

Um total de 10.457 pessoas morreram este ano na tentativa de chegar à costa espanhola, numa média de quase 30 por dia e num aumento de 58% em relação ao ano passado, segundo o balanço da organização Caminando Fronteras. Este é um número recorde desde que esta organização não governamental começou a investigar os desaparecimentos de migrantes no mar a caminho de Espanha.

Segundo a ONG, o número reflete um “notável aumento de mortes nos últimos dois anos”, já que em 2023 os 6.618 óbitos foram quase o triplo das mortes registadas no ano anterior. A rota atlântica para as ilhas Canárias “continua a ser a mais letal a nível mundial”, com 9.757 vítimas, ou seja, 93% do total. As restantes mortes ocorreram na rota da Argélia (517), no Estreito (110) e na rota de Alborán (72). Via Agência Lusa


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

PRESENTES PARA O GOVERNO

 

A entrar no espírito natalício, perguntámos aos deputados do Bloco que presentes davam ao Governo.

As respostas? No ponto.


ACONTECIMENTO INTERNACIONAL QUE MARCA O ANO DE 2024, PARA DANIEL OLIVEIRA

 

Para Daniel Oliveira, os ataques de Israel em Gaza são o acontecimento internacional que marca o ano de 2024

Saiba porquê: https://expresso.pt/.../2024-12-23-acontecimento...


QUANDO O GOVERNO FICA PARECIDO COM A EXTREMA-DIREITA…

 

"A extrema-direita é perigosa quando o poder fica parecido com ela" "Este é o governo mais perigoso da nossa Democracia Constitucional." Daniel Oliveira

Mais Aqui


CITAÇÕES À QUARTA (135)

 
O mercado de créditos de carbono, como o Mercado Voluntário de Carbono que recentemente o Governo aprovou, é um sistema de compensação que “supostamente” permite reduzir a pegada carbónica.

(…)

Muitos países fazem depender a sua meta de neutralidade carbónica da compensação de carbono e da capacidade de absorção das suas florestas, que compensam as emissões que não conseguem reduzir.

(…)

Empresas, instituições e cidadãos pagam pela plantação de árvores que irão absorver carbono da atmosfera em quantidade equivalente às emissões que desejam compensar (offsets).

(…)

Será que há, de facto, uma redução de emissões com o sistema de compensação? Não, não há.

(…)

O máximo que se consegue, caso as árvores sejam mesmo plantadas e não morram, não sequem ou não ardam, é uma neutralização parcial das emissões, compensadas pela captura adicional de carbono atmosférico.

(…)

Mas as emissões não diminuem.

(…)

Pelo contrário, as emissões tendem a aumentar.

(…)

O sistema de compensação dá a sensação de que o problema fica resolvido.

(…)

Salvo quando as notícias nos lembram de que as alterações climáticas continuam aí e cada vez mais intensas.

(…)

O dióxido de carbono na atmosfera não pára de aumentar, tal como a temperatura média global, que as catástrofes climáticas continuam a aumentar com consequências cada vez mais graves.

(…)

A analogia atrás referida sobre o significado real do sistema de compensação de carbono relata uma situação hipotética em que alguém nos paga para sermos vegetarianos, de forma a poder comer mais carne de vaca.

(…)

O excesso de emissões associado à produção de carne bovina que come é compensado pela redução das emissões associadas à nossa dieta vegetariana.

(…)

A esta analogia extraordinária podemos acrescentar outras [como por exemplo]: o meu amigo paga-me para eu andar de transportes públicos e fazer férias em parques de campismo, para ele poder viajar de avião e ir de férias às Caraíbas, a Bali, às Seicheles e ir visitar o Machu Picchu.

(…)

O meu amigo é muito amigo do ambiente, pois com todas as medidas de compensação de carbono consegue a sua neutralidade carbónica, já que as compensações anulam as suas emissões.

(…)

Como não uso nenhum sistema de compensação de carbono, eu sou o emissor-poluidor e ele é verde, ele é sustentável e grande amigo do ambiente.

(…)

Contudo, na prática, eu já vou um a dois dias por semana de bicicleta de casa para o trabalho (…) já viajo o mínimo de avião (…) já sou quase vegetariano (…) compro muito pouca roupa e até aceito roupa usada (…)  sou pouco consumista (…) reparo tudo o que me é possível reparar e envio tudo o resto para reciclar (…) até tomo banho de água fria da Primavera ao Outono.

(…)

Se já faço tudo isto e tenciono fazer ainda mais para reduzir a minha pegada de carbono, porque é que o meu amigo me quer pagar? Não precisa, eu faço-o na mesma.

(…)

Não deveria ele fazer esforço idêntico? E assim, juntos emitiríamos muito menos.

(…)

Na prática, com o seu método de redução da pegada de carbono, através das compensações e depois das contas bem-feitas, o resultado não dá “resto zero”.

(…)

Na prática, e mesmo com este grande esforço, não consigo reduzir abaixo das 3,2 toneladas anuais de dióxido de carbono (minha estimativa)

(…)

Mesmo assim, [será] muito superior às actuais emissões anuais per capita de Guiné-Bissau, de 140 quilos ao ano.

(…)

Se fizesse como o meu amigo, eu compraria créditos de carbono, pagaria compensações no mercado voluntário de carbono e, por fim, conseguiria a minha neutralidade antes de 2050, com muito menor esforço e sem me preocupar. E a sustentabilidade do planeta, como ficaria?

(…)

Há um grande número de empresas à espera deste mercado de carbono.

(…)

Governos e multinacionais estão a fazer pressão para que se dependa cada vez mais deste “negócio” das compensações de carbono e menos da redução efectiva de emissões.

Carlos Antunes, “Público” (sem link)

 

Quais são os municípios em que se esgotaram os terrenos destinados à construção de habitação e nos quais existe falta de habitação para responder quer às necessidades de realojamento das famílias, em situação de indignidade habitacional, quer à procura de arrendamento acessível?

(…)

Nos municípios sujeitos a maior pressão urbanística e/ou com maior aumento dos preços da habitação, quais são os que já esgotaram os solos disponíveis para habitação situados nos seus perímetros urbanos?

(…)

Como consequência da aplicação da Nova Lei de Solos em 2014, protelada através de sucessivas alterações legislativas, quantos milhares de hectares de solos urbanizáveis passaram a rústicos e em que municípios?

(…)

Que experiência internacional valida a tese de que a liberalização do processo de classificação do uso do solo concorre para uma efectiva diminuição do preço do solo urbano e do preço final da habitação?

(…)

Como já aqui referi, a propósito da intenção liberalizadora presente no Mais Habitação, em Portugal não há falta de terrenos para a construção de habitação que justifique uma decisão política desta natureza.

(…)

Quantas centenas de milhares de habitantes é ainda possível alojar, na situação actual, dentro dos seus perímetros urbanos?

(…)

Se analisarmos as Estratégias Locais de Habitação aprovadas em todos os concelhos da AML, verificamos que foram identificadas 37.381 famílias a viver em situação indigna nos 18 concelhos.

(…)

Na AML há terrenos urbanos suficientes para alojar dignamente todas as famílias necessitadas e para construir todas as habitações necessárias para regular o mercado de arrendamento. Falta apenas vontade política.

(…)

Por que razão, em muitos dos municípios nos quais se regista um aumento continuado dos preços da habitação, o investimento público em habitação foi nulo nas últimas duas décadas?

(…)

Actuando numa lógica que concorre para a manutenção dos preços especulativos e que ignora as respostas necessárias – e possíveis, caso existisse vontade política – às necessidades das pessoas, das famílias e das empresas.

(…)

A actual estratégia de neutralização da Lei de Solos favorece os interesses do sistema financeiro e dos especuladores, atraindo o capital estrangeiro, seja de que origem for.

(…)

[O que agora se propõe] torna todo o território do país potencialmente urbanizável.

(…)

O álibi das necessidades habitacionais é apenas isso, um álibi.

(…)

Quantos milhares de fogos irão ser construídos com esta nova lei que antes não poderiam ser e onde? O Governo não sabe.

(…)

Na verdade, ao concretizar esta alteração o Governo devolve ao urbanismo o seu imenso poder corruptor, praticado com esplendor antes da crise do imobiliário, com as consequências de todos conhecidas.

(…)

Vamos ter a segunda edição dos “Donos disto Tudo” e da sua próspera corte de vassalos, desta vez com uma relevante “expressão territorial”.

(…)

Como país somos incapazes de criar riqueza para todos.

(…)

Mas criar ricos e muito ricos é mesmo a nossa especialidade.

José Carlos Guinote, “Público” (sem link)