quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (134)

 
Num mundo onde os apelos à transparência e à inclusão ressoam em todos os cantos da sociedade, há um obstáculo rígido que persiste: o acesso ao conhecimento.

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O privilégio de aceder ao conhecimento é uma das divisões mais silenciosas e persistentes da sociedade, escondida à vista de todos.

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A desigualdade no acesso ao conhecimento, tal como a desigualdade de riqueza, é uma divisão abrangente moldada por forças semelhantes, afetando a sociedade de maneiras profundas, mas frequentemente negligenciadas.

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O conhecimento tem sido, há muito, reconhecido como um dos principais motores de mobilidade social, inovação e progresso económico.

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A ideia de Piketty sobre a acumulação de capital e a concentração de riqueza entre poucos pode ser comparada à acumulação de capital intelectual em instituições com recursos.

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A analogia é clara: tal como a riqueza gera riqueza, o conhecimento gera conhecimento. 

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Os gastos com Investigação e Desenvolvimento (I&D) estão fortemente concentrados, com cerca de 10 países a representarem 75% do total global.

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Esta concentração distorce o panorama do conhecimento para regiões com abundância de recursos, particularmente os Estados Unidos e a China, que juntos representam cerca de 50% do investimento global em I&D (Investigação e Desenvolvimento).

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O modelo tradicional de publicação científica, de pagar para ler, há muito que reflete esta desigualdade. 

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Esta barreira financeira restringe o fluxo de informação científica para aqueles que mais dela precisam, reforçando a divisão global na educação, ciência e inovação.

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A publicação em acesso aberto (OA, na sigla em inglês) desafia diretamente este status quo. Ao tornar a investigação acessível a todos, independentemente da localização geográfica ou capacidade financeira, o OA procura democratizar o acesso ao conhecimento. 

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Além disso, o OA permite que cientistas e académicos de todas as partes do mundo, incluindo regiões com poucos recursos, participem na criação e partilha de conhecimento.

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De forma semelhante, a ciência aberta (OS, na sigla em inglês) promove estes ideais, incentivando a transparência, a colaboração e a partilha de dados e métodos além-fronteiras. 

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Esta prática desloca a comunidade científica de um sistema que privilegia a exclusividade para um que sistema que valoriza a inclusão e a equidade.

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Ao considerarmos as lições do trabalho de Piketty, torna-se evidente que a luta contra a desigualdade deve ser travada em múltiplas frentes.

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A desigualdade de riqueza é uma preocupação urgente, mas também o é a distribuição desigual do conhecimento.

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Para a comunidade da ciência, recai sobre nós a responsabilidade de apoiar e advogar pelo acesso aberto. É através destes esforços que podemos contribuir para um mundo mais justo e equitativo, onde o conhecimento, tal como a riqueza, deixa de ser um privilégio de poucos para se tornar um direito de todos.

Rui Duarte, “diário as beiras”

 

Nos últimos anos temos assistido a uma preocupante e crescente saída de enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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Para muitos enfermeiros, o trabalho deixou de ser uma vocação e tornou-se uma fonte de desgaste constante.

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Não existe uma preocupação institucional que promova incentivos claros para o desenvolvimento dos seus profissionais.

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A desmotivação repercute-se nos dados do abandono da profissão. Muitos são aqueles que decidem mudar de área ou emigrar para países onde as condições de trabalho são mais atrativas e Portugal enfrenta um êxodo preocupante de enfermeiros.

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Profissionais qualificados deixam o país em busca de melhores condições de trabalho, reconhecimento e qualidade de vida.

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Em vez de investir na retenção e valorização dos profissionais, as instituições permanecem passivas, comprometendo o futuro da enfermagem no país.

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Esta saída de enfermeiros do SNS tem repercussões graves para os utentes e para o sistema de saúde como um todo.

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Não se trata apenas de proteger os enfermeiros, mas sim assegurar o direito à saúde de todos os portugueses.

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Num momento em que se discute o futuro do SNS, é imperativo lembrar que sem enfermeiros não há cuidados de saúde de excelência.

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Garantir que os enfermeiros se sintam valorizados é, afinal, garantir um sistema de saúde mais humano e eficiente para todos.

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Em última análise, abandonar os enfermeiros é abandonar a saúde e comprometer os pilares do SNS.

Filipa Barata, “Diário de Coimbra” (sem link)

 

Apesar da criação de áreas protegidas e de extensa legislação produzida, as atividades humanas continuam a degradar e a destruir os espaços naturais.

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Em muitas regiões, as áreas protegidas são facilmente convertidas para uso agrícola ou urbano.

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A tentação do lucro imediato supera muitas vezes os benefícios menos tangíveis e de longo prazo da conservação.

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Mesmo em zonas com elevado estatuto de de proteção, uma gestão inadequada compromete os esforços de conservação.

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A exploração ilegal de madeira, a caça furtiva e a falta de fiscalização continuam a ser problemas em múltiplos contextos.

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Com o afastamento do mundo rural tende-se a subvalorizar os serviços dos ecossistemas.

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A educação ambiental e a sensibilização são fundamentais para inverter esta tendência, impondo-se mais literacia ecológica no currículo escolar e experiências diretas na natureza.

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As alterações climáticas amplificam todos estes desafios, afetando os ecossistemas e aumentando a pressão sobre os recursos naturais, como a água e os solos aráveis.

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A proteção dos sumidouros de carbono, como as florestas e a s zonas húmidas, não só preserva a biodiversidade, como também ajuda a regular o clima e a controlar as inundações.

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Os mercados internacionais impulsionam a procura de recursos, e a perda de biodiversidade tem impacto planetário.

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A natureza não é apenas um recurso; é o suporte da vida.

Helena Freitas, “Diário de Coimbra” (sem link)


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