sexta-feira, 25 de outubro de 2024

CITAÇÕES

 
Imaginem que um jovem da Avenida de Roma fugia a uma operação stop, cometendo uma ilegalidade, e saía de um carro já imobilizado. Com ou sem a faca, acham que lhe dariam tiros para o matar?

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Apesar de Odair Moniz ter cadastro, o perfil que os vizinhos hoje fazem dele contrasta com o da polícia.

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Do outro lado, temos a PSP de Alfragide, que, num caso de agressão e sequestro de seis jovens da Cova da Moura, em 2015, foi acusada pelos tribunais de mentir. 

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Os agressores condenados em tribunal viram os seus processos disciplinares arquivados, continuaram no ativo e alguns até foram promovidos.

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Temo nunca vir a saber, com toda a certeza, o que aconteceu na madrugada da última segunda-feira.

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[A polícia] já mentiu antes e voltou a ser apanhada a fazê-lo agora.

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Quem guarda os que nos guardam, pressionado por uma opi­nião pública facilmente incendiável, tem medo de impor a lei.

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Infelizmente, não é só Ventura que, sem saber o que se passou, condecoraria um polícia por ter morto um homem.

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Estes bairros são a nossa cidade invisível. Ela existe, separada da nossa cidade, mal servida de tudo, exatamente para não ser vista.

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A polícia tem o poder de impor uma espécie de “lei marcial” que trata as populações como coletivamente suspeitas.

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Cresce-se a aprender que é indiferente ser honesto ou criminoso, porque leva tudo pela mesma medida.

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Quando, através do incitamento ao crime nas forças de segurança, o líder parlamentar do Chega diz que “se a polícia atirasse mais a matar, o país estava em ordem”, temos de recordar que nem a polícia aplica sentenças nem elas incluem a pena de morte.

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No nosso ordenamento jurídico, até a fuga por causa de um crime menor é preferível à perda da vida de um cidadão.

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Em democracias, o protesto também não se faz queimando autocarros, provocando vítimas inocentes, apedrejando polícias e criando o caos em bairros já tão maltratados.

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Antes dos piores tumultos, houve, no bairro, uma vigília pacífica. A quantos minutos teve direito, em comparação com as horas de telegénica violência?

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Quando olham para o que aconteceu na esquadra de Alfragide em 2015, verificando que ficou quase tudo na mesma, estas populações sentem que fazem parte da nossa democracia?

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Quando vier alguma coisa semelhante à ordem, é bom não esquecermos que a alternativa ao Estado de direito é a barbárie.

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Para estas populações o Estado de direito tem falhado repetidamente. 

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O grito “sem justiça não há paz” não é uma ameaça. É uma velha constatação de facto. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

As teorias queer são um conjunto de trabalhos académicos que desafiam as normas sociais impostas à sexualidade e ao género.

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O termo “queer” surgiu como uma expressão de abuso, violenta, mobilizada contra pessoas LGBTQIA+, sobretudo homens gays efeminados, em contextos anglo-saxónicos, um termo análogo ao português “paneleiro”.

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O termo passou, no entanto, por um processo de reapropriação – por activistas, organizações e pela academia, que o recuperam como termo de luta.

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A chamada “ideologia de género”, uma denominação com origem no Vaticano (…)  tem vindo a tornar-se um hot topic no debate público.

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Entendendo a “ideologia” como um conjunto de ideias que compõem uma determinada cosmovisão, não me parece de todo mal que a minha [ideologia do género] seja interpretada como apontando para uma sociedade mais igualitária em termos do enquadramento da sexualidade e do género.

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Luís Montenegro, prometeu, relativamente ao curriculum da disciplina obrigatória de Educação para a Cidadania “reforçar o cultivo dos valores constitucionais e libertar esta disciplina das amarras a projectos ideológicos ou de facção”.

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Após estas declarações o espaço público viu-se inundado por uma discussão importantíssima – sobre as vidas de minorias sexuais e de género e, especificamente sobre as vidas de pessoas trans e não-binárias.

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Ao longo das últimas décadas, imenso progresso tem sido feito no campo dos estudos sobre as vidas e experiências de pessoas LGBTQIA+, a nível internacional, mas também em Portugal.

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Se tanto se discute a “ideologia de género” porque é que se sabe tão pouco sobre ela?

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Procurando defender o ponto de vista da minha “facção” – de “ideólogos de género”, claro - o conhecimento sobre sexualidade e género pode ser muito libertador, permitindo saber mais sobre um campo historicamente negligenciado da experiência humana nas sociedades ocidentais.

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É sempre importante repetir que a ideia não é tornar ninguém LGBTQIA+ – porque isso é aliás impossível, mas promover um entendimento mais complexo da sexualidade e género – inclusivo das experiências destas pessoas.

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Face à aproximação do discurso do PM às narrativas anti-género, vale a pena relembrar que pessoas trans e não-binárias representam dos grupos mais violentados e discriminados das nossas sociedades, não só hoje, como ao longo da história.

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Neste debate o que está em causa é a dignidade básica de minorias sexuais e de género, aliás prevista no Artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa e que é agora questionada, mais uma vez, ao mais alto nível.

Pedro Fidalgo, “Público” (sem link)

 

A relação entre a família e a escola é sempre uma construção de balanço e equilíbrio. Se há algo que não pode ser posto em causa é o princípio de que nenhuma delas se substitui à outra.

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Tomarmos a nossa família como padrão é replicar na escola um juízo sobre nós mesmos, nossa conduta e princípios, o que não pode ser tolerável nem admissível numa sociedade livre, plural e inclusiva.

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Eleger a revisão da matéria dada na disciplina de Cidadania como uma prioridade governativa, num momento e contexto em que se procura conter a polarização e desocupar trincheiras, é alinhar com o programa, a retórica e os objectivos da extrema-direita.

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A violência doméstica, como o próprio nome indica, vive-se em casa e talvez essa fosse a grande prioridade.

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Levantar a bandeira das aulas de Cidadania como um dos focos fundamentais de mudança é alimentar a ideia de há um monstro ideológico que cresce visível nas salas de aula, quando o fundamento do que se ensina é respeito e civilização.

Miguel Guedes, JN


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