(…)
O refém Shalit sairia o mais caro de sempre ao
Estado judaico.
(…)
Sinwar
[o cérebro do 7 de Outubro] foi um dos 1000 prisioneiros palestinianos trocados
pelo soldado Shalit em 2011, acordo que hoje parece mirabolante, se pensarmos
em tudo o que Netanyahu não fez para libertar os reféns do 7 de Outubro.
(…)
Os
executores do raide [de 25 junho de 2006] eram militantes da ala militar do
Hamas, dos Comités de Resistência Popular e de um desconhecido Exército do
Islão.
(…)
Mas
anos depois, quando o acordo foi feito, e Shalit trocado pelos 1000, entre os
libertados havia barbas rijas, até grisalhas. Como a de Sinwar, que passara 22
anos na cadeia. Pensem em 22 anos da vossa vida.
(…)
Sinwar
se tornou o Inimigo nº1 de Israel a 7 de Outubro, mas Israel já era o Inimigo
nº1 de Sinwar havia 75 anos.
(…)
Ele herda a resistência ao nascer, e vai
deixá-la em herança muito
mais feroz.
(…)
Os
israelitas que o interrogaram na prisão lembram um homem sem qualquer medo, que
ameaçava os seus carrascos ali mesmo, sendo prisioneiro.
(…)
O que
também ajuda a entender porque não é possível resumir — ou destruir — o Hamas como
um grupo terrorista.
(…)
Esse
mesmo Ocidente que agora se escuda com o Hamas para não ver, e tentar que não se
veja, a sua própria ignomínia.
(…)
O
ferro do Hamas queimou Israel até ao osso. E os líderes ocidentais tapam o seu
próprio crime contínuo com o Hamas.
(…)
Mas o Hamas não é o vosso escudo humano. Sinwar
não é o vosso monstro.
(…)
O Hamas fortaleceu-se por ser incorruptível,
dar a vida à causa e sendo implacável.
(…)
É um
movimento religioso, de resistência nacional, que encara todos os meios como
legítimos para a sua visão da libertação da Palestina
(…)
As eleições de Janeiro de 2006, as únicas a que
o Hamas concorreu, e que ganhou de forma limpa.
(…)
[Sinwar] só foi libertado em 2011.
(…)
Ficará
para a história como o homem que infligiu a Israel o maior golpe de sempre, e
não vai ser fácil substituí-lo.
(…)
O Hamas é uma ideia sem fim de resistência,
enquanto estiver lá o que mantém um povo inteiro refém.
(…)
Não certamente a minha ideia. Não a ideia de
tantos e tantos palestinianos. Mas uma ideia verdadeira para muitos. E
que muitos outros adoptaram porque mais ninguém estava lá, para lutar com eles,
por eles.
(…)
Infelizmente a defesa internacional da
Palestina é reclamada por um regime tão odioso como o Irão (…) pela
derrocada moral das democracias selectivas: as nossas.
(…)
Os
palestinianos perderam o passado há 76 anos, perdem o presente há 76 anos, e,
mais rápido do que tínhamos visto em qualquer guerra, já perderam uma parte do
futuro próximo desde 7 de Outubro.
(…)
Há quem se incomode não com a continuação do
holocausto, mas com o facto de se continuar a falar dele.
(…)
[O assunto] não mudará, enquanto Israel ganhar
a vida à custa da morte da Palestina (ou do Líbano).
Alexandra Lucas
Coelho, “Público” (sem link)
No
tempo presente, o direito à informação é espezinhado, cultiva-se a opacidade, e
está a “normalizar-se” a morte de jornalistas que tentam informar-nos a partir
de teatros de guerra e conflito, que proliferam.
(…)
As redes sociais e novas centrais de manipulação de notícias
ampliam a desinformação e seus impactos no comportamento de cada cidadão, e nas
relações entre povos e países.
(…)
Os média tradicionais (sem dúvida importantes) sofrem a
influência dos outros.
(…)
A volúpia do imediatismo é tentação fatal.
(…)
Em Portugal, o “Plano de Ação do Governo para a Comunicação
Social” surgiu num invólucro com alguns objetivos bonitos. Cheira a publicidade
enganosa.
(…)
O resultado do trabalho de um(a) jornalista - em particular
pelas especificidades da profissão e pelo código deontológico que tem de ser
respeitado - está dependente das condições em que o trabalho é desenvolvido.
(…)
A Comunicação Social está em estado periclitante que ameaça a
democracia.
Com o
crescimento económico a abrandar e a necessidade de encontrar novas formas de
rendimento, o Governo chinês começou a olhar mais seriamente para os seus
multimilionários.
(…)
Numa
primeira fase, trata-se de conversas amigáveis, com propostas de cobrança de 20%
de impostos sobre os ganhos de investimento fora do país e multas em relação a
impostos em atraso.
(…)
Até
agora os alvos foram chineses com pelo menos 10 milhões de dólares (9,2 milhões
de euros) em activos fora do país ou accionistas em empresas cotadas nas bolsas
de Hong Kong e de Nova Iorque.
(…)
Com o
crescimento económico a abrandar
e a galinha dos ovos de ouro do imobiliário em queda, a “reforma dos sistemas
fiscal e tributário” tornou-se fundamental para o Presidente Xi Jinping.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A atribuição do Prémio Nobel da Paz à
organização japonesa Nihon Hidankyo revela, por entre o “som e a fúria” que varre
o mundo, um Comité Nobel ainda capaz de visar o essencial.
(…)
[Este prémio é como que uma] tentativa de
revelar ao auditório mundial, pelas consequências, aquilo que ele não parece
conseguir apreender pelo conhecimento das causas.
(…)
Muitas das pessoas que se encontram em posições
relevantes, nas diferentes etapas do processo de decisão político-militar,
aparentam carecer de conhecimento suficiente para evitar uma catástrofe.
(…)
O risco de vida ou morte que paira sobre
milhões de europeus exige estadistas e não jogadores de poker.
(…)
O facto de a Humanidade ter saído incólume da
Guerra Fria, tem uma componente miraculosa (não antecipável concetualmente),
mas também uma explicação racional.
(…)
A língua comum que permitiu o fim pacífico da
Guerra Fria foi o sistema baseado na consensualização da doutrina da Destruição
Mútua Assegurada.
(…)
Essa linguagem do imperativo da paz, decorrente
do sistema da MAD, não é ainda uma língua morta, mas foi esquecida, quase
totalmente na Europa e parcialmente nos EUA.
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