sexta-feira, 1 de novembro de 2024

CITAÇÕES

 
As corporações sempre compraram a democracia americana. 

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Como nos recorda o caso Watergate, sempre houve interferências.

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Musk e Bezos não compraram negócios, compraram poder político para fazer crescer negócios que dependem do Estado. Cumprida a função, abandonarão as carcaças destas marcas.

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Segundo Thomas Piketty, a concentração da riqueza era, nas vésperas da crise financeira de 2008, semelhante a antes de 1929.

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Desde então, as coisas agravaram-se. 1% dos norte-americanos detêm quase um terço da riqueza. 

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Num país de 330 milhões, 130 mil famílias concentram 14% da riqueza. 

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Apesar de relacionadas, pobreza e desigualdade são coisas diferentes.

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Desigualdade económica é desigualdade de poder. Acima de um determinado nível, a democracia torna-se inviável. 

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É o ponto em que estamos: os homens mais ricos do mundo concentram tanto poder que nenhum Estado os consegue limitar.

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A privatização de funções soberanas do Estado, como a defesa e a exploração espacial, oferece-lhes o poder de definir o futuro do mundo e fazer dos Estados seus reféns.

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Assistimos ao ocaso da democracia. O crescimento da extrema-direita é apenas mais uma fase de um processo que se iniciou, paradoxalmente, com o fim do perigo comunista, que obrigava o capitalismo a refrear-se.

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Quer pela concentração de poder, quer pela natureza global deste novo capital, estes déspotas bilionários não precisam das velhas democracias nacionais. 

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Mas precisam dos Estados para continuar a concentrar dinheiro, que é poder.

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Elon Musk disse que era preciso tirar o Estado dos bolsos dos contribuintes.

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Segundo uma investigação de 2021, não pagou impostos federais sobre o rendimento em 2018. Bezos não os pagou em 2007 e 2011; Soros não pagou três anos consecutivos, e Buffett pagou uma taxa de 0,1% entre 2014 e 2018.

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Naqueles bolsos o Estado só entra para deixar dinheiro. 

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A Tesla tem quase o monopólio na rede de carregamento de carros elétricos nos EUA e recebe milhares de milhões em incentivos. A Amazon assinou contratos de dezenas de milhares de milhões com a NSA, o Pentágono, o Departamento de Defesa e a CIA para usar a sua rede na cloud.

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Mas não é o sistema económico que lhes garante o poder que querem fragilizar. É o sistema democrático que protege o povo do poder.

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[Os democratas] permitiram e promoveram esta brutal concentração de riqueza, que é poder.

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Descobrem, tarde demais, que a democracia é inviável se não redistribuirmos uma e outra coisa.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Da semana que passou, apesar das dezenas de especialistas convidados para falar sobre a morte do Odair e os consequentes incidentes, foi Claúdio Gonçalves “Tibunga” – modelo e morador do Bairro do Zambujal – que disse na televisão o mais óbvio e certeiro.

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[Disse Claúdio Gonçalves “Tibunga”] “Quando mataram o meu amigo não quiseram saber, quando começaram a incendiar caixotes começaram a interessar-se”.

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Como profissional que actua sobre desigualdades, pobreza e justiça social, evidentemente que me desagrada a falta de atenção mediática regular a estes assuntos.

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Infelizmente generalizou-se a expressão “Estado de Direito”, adequando-a apenas ao aparelho repressivo. E pondo o ónus sobre aqueles a quem não oferecemos os restantes direitos do Estado: saúde, habitação, cultura, cidadania, educação e emprego.

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Solidificar esses direitos (…) nunca será despesa, mas sempre investimento.

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Aqueles que acham que a semana que passou permitiu uma mais sensibilidade e caminhos de política pública enganam-se.

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À mesma hora a que o Governo se encontrava com um conjunto de associações (…) o Estado despejava cerca de 80 moradores no Monte da Caparica através do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana.

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É este o dia seguinte para quem não os ouve mais, que é o mesmo dia de todos os outros de quem lá vive, até nova explosão.

António Brito Guterres, “Público” (sem link)

 

A proximidade das eleições americanas, a cinco dias de assinarem - distintivamente e com carimbo - boa parte do que será destino, causa e consequência do Mundo nos próximos anos, é motivo para nervosismo global e para algum imobilismo geral até que as definições existam.

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São dias de imobilidade, dias invisíveis, quase vazios, horas nada pequeninas até ao momento do parto americano. Há um Mundo suspenso.

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Desde então [2016], o que ambas as forças políticas disseram aos seus eleitores é que não se importavam de jogar no campo da demagogia e do populismo.

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O aparecimento de um ser humano “normal” [Kamala Harris]na campanha fê-la maior que o recente atentado ao adversário.

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A sorte democrata é mesmo a de ter um opositor assim: um candidato republicano com mais capacidade já teria tomado esta eleição como sua.

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Agora, se [Trump] derrotar Kamala, será a condenação ao “Ground Zero”, epidémico, transmissível, doentio. Tudo suspenso.

Miguel Guedes, JN

 

“Se eu fosse Presidenta da República”, (…) teria agido de forma diferente do Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa [aquando do assassinato de Odair Moniz às mãos da polícia].

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A pena de morte não existe em Portugal. A polícia é uma instituição do Estado. A polícia mentiu, neste caso, de forma reiterada.

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A polícia opera num contexto social marcado por um racismo estrutural profundo e persistente, ao qual ninguém é imune.

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Qualquer viés preconceituoso no desempenho das suas funções pode resultar em graves injustiças, com consequências potencialmente fatais.

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A polícia tem um historial de infiltração de grupos de extrema-direita. A extrema-direita instrumentaliza a polícia para fins políticos.

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A situação criou medo, desamparo e revolta nas populações que se identificaram com Odair Moniz.

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Era precisamente aqui que o Presidente deveria ter assumido um papel fundamental, em vez de se refugiar num silêncio ensurdecedor.

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A função de chefe de Estado implica mais do que uma aparição cosmética, é uma posição em que deve também agir como mediador, como consciência moral do país.

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Ao colocar ao mesmo nível as vozes de ódio da extrema-direita com as que pediram justiça nas manifestações de sábado, sugere uma desresponsabilização preocupante.

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O não posicionamento em relação à morte de Odair Moniz é mais do que uma omissão discursiva, é uma omissão de responsabilidade institucional.

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O Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, possui não apenas autoridade, mas também um capital de simpatia e proximidade da população, o que contrasta fortemente com o seu posicionamento na última semana.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


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