quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (141)

 
Ninguém escapa ao ar que respira.

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Poluições diversas voam de muito longe até aos nossos pulmões ou da nossa terra para os pulmões dos outros.

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Se o vento não sopra do lado do mar, ou se o calor aperta, ou se os incêndios se ateiam, ou se o tráfego aumenta, o facto de sermos um país vastamente litoral deixa de nos servir de defesa [contra as poluições].

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[Em Portugal] uma percentagem elevada das populações está constrangida a respirar um ar carregado de poluição.

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A Agência Europeia do Ambiente considera a poluição atmosférica como “o maior risco para a saúde humana”.

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Por causa da poluição atmosférica em Portugal, há seis mil mortes prematuras por ano e outros tantos milhares de doenças crónicas que se expandem, afetando cada vez mais as crianças.

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Se a saúde não tem preço, as doenças têm-no. Tanto no que significam como recurso ao SNS como nos níveis de absentismo que provocam.

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O país está atualmente sujeito a pesadas multas interpostas pelo Tribunal de Justiça Europeu (TJUE) por incumprimento da diretiva de qualidade do ar.

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Ora, se o nosso grande problema com a qualidade do ar se encontra sobretudo nas cidades, a causa é fácil de ver: acima de tudo, o tráfego rodoviário.

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A falta de inicia­tivas em dotar o país de transportes públicos eficientes e limpos para limitar o tráfego rodoviário em várias áreas das cidades está-nos a custar saúde e dinheiro ao mesmo tempo.

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A sobrevivência nas cidades vai depender de sermos capazes de nos livrar da necessidade de usar o carro para todo o lado.

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[Numa cidade como Lisboa], para além do estendal de disfunções de mobilidade e de desordenamento do território, acresce o círculo vicioso da expulsão de população para as periferias e o desinvestimento em transporte coletivo limpo.

Luísa Schmedt, “Expresso” (sem link)

 

O centro está tão à direita que isto está prestes a tombar.

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[Quase todos os partidos] empurrados pelos média, são obrigados a posicionar-se sobre os temas que esta [extrema-direita] impõe.

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Só isto explica que, num dos países mais seguros do Mundo e que precisa de imigrantes, estejamos há meses a discutir insegurança e o controlo da imigração. 

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Até na política autárquica é uma evidência que andamos a reboque da sua agenda, com Moedas a surfar na onda da sensação de insegurança. 

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[Recentemente] passámos à discussão da inexistente associação da imigração à criminalidade, para mais recentemente.

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[Andamos] a conjeturar até ao infinito a possível passagem de Ventura à segunda volta das presidenciais.

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Com a polémica das malas roubadas pelo meio, a verdade é que bem ou mal, direta ou indiretamente, só se fala do Chega ou sobre o que o Chega quer que se fale.

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A omnipresença de André Ventura e da sua agenda é superior à presença mediática de qualquer outra figura.

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Nas últimas décadas, o diapasão dos valores e a linha que traçava a mediana do panorama político nacional foram sendo puxados para a direita.

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Houve uma banalização e dessensibilização tal, que o enviesamento extremou-se.

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Estudos mostram que os comentadores de esquerda têm menos representatividade.

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Temo que, estando tudo a orbitar em volta do Chega, isto se agrave irremediavelmente.

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Basta ouvir um discurso de Sá Carneiro para perceber o quão distantes estamos do que outrora chamámos centro-direita.

Capicua, JN

 

"Never again" — “nunca mais”. Esta frase, cunhada após o holocausto, deveria ser um alerta permanente contra a repetição de atrocidades genocidas.

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A realidade é clara: o genocídio dos palestinos é uma ferida aberta, sustentada pelo silêncio cúmplice da comunidade internacional, que mantém uma postura de negação.

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No contexto da Palestina, vemos a sistemática negação da humanidade de um povo inteiro.

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O sionismo tornou-se, paradoxalmente, um movimento que perpetua o sofrimento judaico ao replicar práticas de exclusão e repressão.

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A "nazificação", termo que uso para descrever a normalização de ideologias fascistas, é um processo que não se restringe à Palestina.

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Em Portugal e noutros países da Europa, assistimos ao fortalecimento de partidos fascistas e grupos neonazistas e violentos que ganham força ao explorar o desespero social e político.

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Donald Trump é um símbolo desse avanço fascista global.

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Num gesto inumano e insensível, deporta pessoas imigradas como se de tralha se tratasse e sugere a deportação forçada de todos os habitantes de Gaza.

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O fascismo moderno não hesita em justificar atrocidades em nome de um suposto bem maior.

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Esses líderes [como Musk ou Tramp] e figuras públicas tornam-se cúmplices de uma ideologia que continua a negar a realidade das atrocidades e a reforçar estruturas de opressão.

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A negação da humanidade do outro foi o primeiro passo para a ascensão do genocídio.

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No caso palestiniano, essa desumanização não só é evidente, como também é reforçada por uma inversão da narrativa.

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Qualquer crítica a Israel é imediatamente rotulada como antissemitismo

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Sete milhões de palestinos vivem prisioneiros na Palestina histórica, enquanto outros sete milhões vivem na diáspora, na sua maioria como apátridas.

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Para o mundo, tudo parece ter começado a 7 de outubro de 2023, um acontecimento que, para muitos, “justifica” a atual ofensiva militar em Gaza.

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Essa narrativa seletiva ignora décadas de opressão, limpeza étnica e ocupação.

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[A nazificação] espalha-se nas nossas sociedades, alimentada pela normalização de ideologias extremistas, pelo uso indiscriminado de violência policial e pela indiferença da comunidade internacional.

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É impossível não traçar paralelos com a ascensão do nazismo na década de 1930, quando o mundo também preferiu o silêncio à ação.

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[O genocídio] prospera num ambiente onde as mentiras são aceites e a realidade é negada.

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Se permitirmos que o genocídio na Palestina continue (…) estamos a abrir espaço para o avanço de ideologias fascistas em todo o mundo.

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Estamos diante de uma escolha crucial: ou enfrentamos a nazificação e denunciamos o genocídio onde quer que ele aconteça, ou aceitamos um mundo onde as lições do holocausto são completamente ignoradas.

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O silêncio é cumplicidade. Ninguém se deve calar e aceitar.

Isabel Oliveira, “Público” (sem link)


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