(…)
[Para Trump] há uma excelente parcela de terra à beira-mar e
o acesso às rotas para norte e às matérias-primas que os EUA precisam. Há
negócios.
(…)
Ontem foram ocupações, hoje são tarifas.
(…)
Também não me parece que Israel alguma vez tenha olhado para
os palestinianos de forma diferente de Trump.
(…)
Para os dois, o povo de sub-humanos que ali vive há séculos é
um obstáculo a ser removido, sem que tenha sequer o direito moral à resistência.
(…)
[Trump] não é uma excrescência do sistema, é o ponto a que o
sistema chegou.
(…)
O problema nunca são os avanços
tecnológicos. É o contexto institucional em que eles acontecem. E, neste
contexto, restará pouco espaço para a democracia.
(…)
A política deslocou-se
de tal forma que hoje [Reagan e Thatcher] quase parecem centristas.
(…)
A forma de [Trump] ver
o mundo e o Estado tenderá a tornar-se mainstream. Porque é a mais próxima do
capitalismo emergente.
(…)
As regras sempre foram
adaptáveis porque, no essencial, não é a ideologia, mas os interesses que
determinam o comportamento dos Estados.
(…)
Todas as supostas
regras liberais foram sendo destruídas por supostos liberais.
(…)
Na prática, vivem bem
com a concentração monopolista (económica e cultural)
(…)
Não é estranho
partilharem com Trump um grande entusiasmo com Javier Milei, um lunático
neoliberal de perfil autoritário.
(…)
Ele é a síntese do
lugar político para onde se encaminham. Um lugar onde a importação de reclusos
pode ser um negócio
(…)
Poderíamos perguntar se
faz sentido manter uma aliança militar com uma potência que ameaça usar a força
para tomar um território de um aliado.
(…)
Alguém acredita que a
Alemanha e a França, depois das próximas eleições, estarão em condições de
manter um braço de ferro comercial com Trump?
(…)
Depois do primeiro
susto, teremos os acordos desejados, como aconteceu com o Panamá, e, no meio de
foguetório, mentiras e contradições, Trump voltará a conseguir o que quer.
(…)
O que está a acontecer
desfaz, aliás, a ideia de que assistíamos a uma polarização entre extremos.
(…)
Assistimos, desde a
queda do Muro de Berlim, a uma rampa deslizante que levou as forças
progressistas a assumirem o essencial do neoliberalismo.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem
link)
A escola pública e os programas de
educação estão no centro de uma batalha feroz por parte da extrema-direita para
normalizar as suas ideias extremistas.
(…)
Os partidos de extrema-direita querem
fazer da escola “o bastião da sua batalha ideológica e cultural” contra um
“sistema educativo” que dizem estar dominado pela “chamada ideologia
progressista”.
(…)
A extrema-direita quer combater o
progressismo com um regresso ao que eles denominam como “valores tradicionais”,
mas “a partir de uma perspectiva de mercado.
(…)
[Estamos
perante] um “neofascismo educativo” que junta “elementos tradicionais do
fascismo com novos elementos provenientes do neoliberalismo”.
(…)
O seu objectivo é “questionar e
desacreditar” o modelo da escola pública, semear “a desconfiança” no trabalho
dos professores, “minar” a relação entre os pais e a escola, “fomentar o medo”
nos professores ao ponto de se autocensurarem.
(…)
[O objetivo da extrema-direita] é acabar
com essa ideia da escola que eduque cidadãos com base “em valores democráticos
plurais” que favoreçam “a igualdade social” e dar prioridade à decisão
individual contra a “ética pública e o bem comum”.
(…)
Acabar com o Departamento de Educação
era uma promessa de campanha e faz parte do leque de propostas do denominado Project 2025
(…)
[A extrema-direita leu toda a mesma
cartilha] acabar com as ideias de “esquerda” que aparentemente dominam todas as
políticas de educação nos países ocidentais.
(…)
Aquilo que [O Departamento de Educação
faz nos EUA] é supervisionar os programas de empréstimos, administrar as bolsas
dos estudantes de baixo rendimento, ajudar a financiar os programas de apoios a
estudantes pobres e com deficiência e impedir a discriminação com base na raça
ou no sexo.
António
Rodrigues, “Público” (sem link)
Mais do que da
responsabilidade política, este é o momento em que se percebe a
irresponsabilidade do Chega no momento da captação e da escolha dos candidatos
que apresentou a eleições.
(…)
[Nojo, mentira,
demagogia e falta de escrúpulos é o que revelam algumas notícias] que envolvem
dirigentes, deputados e quadros do partido de André Ventura a quem alguns
portugueses confiaram 50 deputados para “limpar Portugal”.
(…)
E assim se procede à
limpeza, recrutando oportunistas.
(…)
[O deputado Miguel Arruda] é mais um dos casos exemplares que atestam a lama que
a extrema-direita arrastou para a AR com a conivência do voto de muitos.
(…)
[Nenhum caso] deveria
espantar, senão pelo peso e gravidade explícita.
(…)
Quase um quinto dos
deputados tem ou teve problemas com a Justiça, enquanto agitam a bandeira do
combate ao crime, à corrupção ou à insegurança dos imigrantes.
(…)
A retórica do líder do
Chega começa a ter o confronto da realidade.
(…)
O modelo deste partido
personalizado em Ventura cresceu na exacta dimensão das mentiras que sempre
contou.
(…)
André Ventura foi e é apenas,
o exemplo-farol seguido pelos seus acólitos, onde vale tudo.
(…)
Agora a chafurdar
dentro da própria lama.
Se o autoritarismo e o supremacismo
racial, de género, de orientação sexual ou de classe de Trump não são uma
novidade, o ecossistema tecnológico dentro do qual exerce o seu poder é
absolutamente inédito.
(…)
[Os amadores de ficção científica da Silicon Valley] transformaram-se
numa espécie de techno-"bro"-oligarquia reacionária, com uma perna no
futuro e outra bem assente no passado, nomeadamente colonial e supremacista.
(…)
Se até há pouco tempo, o patrão de Meta
defendia a regulação dos conteúdos e até bloqueou a conta de Trump, ei-lo agora
a fazer, encurvado, o beija-mão ao rei.
(…)
Se os algoritmos das redes sociais já
nos confinam a bolhas ideológicas, Zuckerberg parece querer ir ainda mais
longe, erodindo a própria base comum que deveria sustentar a sociedade, uma
base assente em factos, na verdade e nos valores democráticos.
(…)
Voltar à
lei do mais forte, a “mais agressividade” como defende Zuckerberg.
(…)
Como os
interesses económico-ideológicos destes ciberimperialistas são mundiais, o
objetivo é destruir a democracia.
(…)
A nossa
democracia e as suas instituições são sólidas o suficiente para aguentar um
Trump português?
Luísa Semedo, “Público” (sem link)
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