sábado, 8 de fevereiro de 2025

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Quem decide agora os rumos do mundo? Os eleitos democraticamente ou aqueles que, com fortunas superiores ao PIB de países inteiros, onde se inclui Portugal, se fazem eleger manipulando massas através das redes sociais e controlando a narrativa global ao serviço dos seus próprios interesses?

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Assistimos (…) a captura da política por um punhado de ultra-ricos que, até há pouco tempo, se limitavam a comprar governos, mas que agora assumem diretamente o poder. 

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Foram eleitos, legitimados pelo desespero, pelo descrédito das instituições, pela erosão da democracia, pela cobiça e pela ganância.

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Desde sempre que as grandes potências impõem a sua força sobre os territórios e as suas populações para alimentar a sua ganância.

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O que antes era justificado pelo expansionismo colonial ou pelo progresso económico é hoje uma guerra aberta pelo controlo dos últimos refúgios naturais.

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Até onde vamos pactuar com isto?

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Hoje são os personagens do capital económico que se arrogam o direito de determinar como devemos viver, consumir, trabalhar e até sentir.

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Elon Musk, Jeff Bezos, Donald Trump e outros oligarcas modernos fazem-no diante dos nossos olhos e com o nosso consentimento.

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Aceitamos que a precariedade, a falta de perspetiva e a erosão dos nossos direitos sejam o preço a pagar por um modelo económico e político que já não nos serve socialmente, ecologicamente e culturalmente, mas continuamos apegados a ele.

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Ou vamos continuar a ser as marionetas neste teatro, ou encontraremos formas de reconfigurar a estrutura da sociedade para que o poder possa pertencer verdadeiramente às pessoas?

Fátima Alves, “diário as beiras”

 

Nos planos concetual e científico é pura manipulação [substituir o conceito trabalhador por colaborador] ao serviço de uma ideologia específica, que pretende estilhaçar quadros de relações de trabalho equilibradas e dignificantes, e funciona como travão ao desenvolvimento da sociedade.

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Os empresários sabem que temos falta de trabalhadores com profissões concretas, não de “colaboradores”.

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Uma boa parte prossegue no vício de recrutar trabalhadores com o melhor portefólio de competências possível, mas sem ter de as reconhecer.

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Nas universidades, onde o conceito já entrou no léxico de muitos académicos, tem diminuído o estudo do trabalho e do emprego, das organizações, das profissões e seus significados.

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Institucionalizar o conceito colaborador, em substituição de trabalhador, significa negar os sistemas de relações coletivas de trabalho. Fere de morte as disposições constitucionais, as leis do trabalho e as convenções e recomendações da OIT.

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Se não há trabalhadores desaparece um dos atores, logo todo o edifício do sistema colapsa e instala-se o poder unilateral do empregador.

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Quem colabora não está inserido, nem é protegido pelos quadros de direitos e deveres instituídos para os trabalhadores.

Carvalho da Silva, JN

 

Lisboa recebeu há dias a visita do sr. Mark Rutte, actual secretário-geral da NATO, que veio pressionar o Governo português para aumentar significativamente as despesas militares.

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[O sr. Mark Rutte] aponta para a meta dos 5%, o que no caso português implicaria um montante anual superior a 15 mil milhões de euros, a alcançar o mais rapidamente possível.

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É evidente que um tal objectivo só seria possível com subtracções dramáticas nos gastos orçamentais, entre outros, na saúde, na educação e na segurança social.

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Mais de 20% de tal despesa se destinaria a importações de equipamentos militares, sobretudo dos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

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Atrevo-me a levantar uma questão primordial (e talvez iconoclasta) a montante, a saber: tem Portugal interesse em permanecer membro da NATO?

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É legítimo, se não mesmo oportuno, organizar esse debate e avaliar os custos e benefícios de nos mantermos obrigados, nos termos do tratado fundador da NATO.

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Nunca a Rússia atacou ou planeia atacar qualquer país da NATO, embora o chamado Ocidente tenha violado todos os compromissos assumidos com a Rússia de não-alargamento da NATO aos países do Leste europeu.

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A história ensina-nos que os nossos ditos aliados só nos ajudarão militarmente se isso corresponder aos seus respectivos interesses estratégicos ou económicos.

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[Pela conversa do sr Rutte] deveríamos triplicar a nossa frota de tanques e reforçar o stock de mísseis, mesmo que isso implicasse encerrar uns tantos hospitais e escolas.

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Países europeus como a Irlanda ou a Suíça não são membros da NATO e, ao que consta, não vêem vantagem em entrarem no clube.

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Não deixa de ser irónico que, depois de o sr. Dijsselbloem ter cá vindo,  no tempo da troika (…) seja agora um seu compatriota a desembarcar na capital para nos exigir mais metralhadoras e submarinos.

Francisco Sousa Fialho, “Público” (sem link)

 

O clima que se respira na Argentina do presente, presidida pelo libertário Javier Milei, está mais propício ao fomento das ideias dessa ditadura [militar (1976-1983)] cinzenta e sanguinária que deixou marcas terríveis na juventude dos anos 1970.

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Quem entrava num Ford Falcon verde [durante a ditadura militar] raramente voltava e muitas vezes desaparecia da face da terra como se nunca tivesse existido (cerca de 30 mil pessoas foram dadas como desaparecidas.

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Sabedores da sua impunidade e cientes da máquina que conduzem, gravaram-se a apagar um mural das Avós da Praça de Maio que celebrava o facto de terem devolvido a biografia a mais uma criança raptada aos seus pais e entregue a famílias mais “amigas” da ditadura: o neto número 138.

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O filho de Marta Enriqueta Pourtalé e Juan Carlos Villamayor, militantes de Montoneros, a guerrilha peronista, soube agora que viveu uma mentira toda a sua vida.

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Também uma das características da direita extremista: além de encherem a boca com a liberdade, também dizem sempre a verdade – a sua liberdade deles e a sua verdade, claro está.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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