sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

CITAÇÕES

 
J.D. Vance veio a Munique exigir a capitulação das democra­cias europeias.

(…)

Apesar de ser vice de quem tentou um golpe, quis dar lições de respeito por eleições; apesar de andar de braço dado com quem ameaça jornalistas, manda banir livros e limita a investigação científica, quis dar lições de liberdade de expressão e pensamento.

(…)

Trump não é um apaziguador assustado, é um admirador e aliado de Putin.

(…)

O governo das leis garante que a democracia não é uma ditadura da maioria, que, como sabemos, se transforma sempre na ditadura de uma minoria.

(…)

E, antes de discutirmos como nos armamos, seria bom debatermos para que nos armamos e com quem nos armamos.

(…)

É evidente que a Europa não tem de gastar 5% do PIB em defesa.

(…)

Os EUA, (…), não gastam isso.

(…)

A Rússia não o gastava antes de invadir a Ucrânia.

(…)

[Mark Rutte] exige-o agora porque, se o fizermos rapidamente, teremos de comprar esse armamento aos EUA.

(…)

[A Europa] não se vê como um bloco, mas como a esfera de influência de duas potências decadentes.

(…)

[A ameaça interna] também é o que nos deve preocupar, e por isso as próximas batalhas internas por esses valores e pela nossa segurança são contra a quinta coluna de Trump e Putin nas eleições na Alemanha.

(…)

Contra os representantes de Trump, Putin e Musk devemos fazer o contrário do que Vance nos exige: apertar a regulação dos instrumentos usados pelos inimigos da democracia.

(…)

E, já agora, não cometer o erro de, para nos armarmos, destruirmos o que sobra do Estado social. 

(…)

O aumento da despesa em defesa tem de ser pago pelo fim da corrida fiscal para o fundo, que desonera cada vez mais os mais ricos.

(…)

Se há coisa que a Europa percebeu no pós-guerra é que a democracia política depende da democracia social. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Está visto que a bancada do Chega não vai descansar enquanto o bullying não estiver devidamente representado na Assembleia da República.

(…)

Basta recordar a Alemanha nazi para saber que os modos mais refinados são compatíveis com o pior do ser humano.

(…)

Quem anda pelos lados do Chega diz-se muito conservador, mas o que se viu foi uma total ausência deste respeito.

Eugénia Galvão Teles, “Expresso” (sem link)

 

A extrema-direita continua a contrapor o achincalhamento como forma de destruir a política parlamentar pela tentativa de criar a percepção de que a sua poluição interna é algo que se esquece ou que se varre para debaixo do tapete dos outros.

(…)

Perante casos monstruosos, penosos ou pitorescos, todos de gravidade aumentada pela sociopatia e pelo manual de comportamentos desviantes que demonstram, a reacção é sempre a de falar mais alto enquanto se atira a tudo o que mexe ao redor.

(…)

O Chega pode querer esquecer que um seu deputado municipal, Nuno Pardal Ribeiro, apoiava a castração química de pedófilos depois de ter tido relações sexuais com um menor de 15 anos a troco de 20 euros.

(…)

Pode querer fazer esquecer que essa mesma pessoa fazia parte do Grupo de Trabalho da Assembleia das Crianças de Lisboa, enquanto está envolvida num esquema de prostituição de menores agravada.

(…)

Quererá fazer esquecer que o deputado Miguel Arruda furtava malas em aeroportos

(…)

O mesmo deputado que declara “pertencer” ao neonazi Mário Machado.

(…)

Esquecer também que o seu deputado Raul Melo ameaçou de todas as formas e feitios um militante do partido.

(…)

Esquecer que o deputado João Tilly renega as suas origens e diz querer nivelar a escola por cima, abandonando os alunos com deficiência ou necessidades especiais, atirando lama à Escola Inclusiva.

(…)

Quererá esquecer as escandalosas declarações e ofensas proferidas contra a deputada Ana Sofia Antunes.

(…)

Um pântano, feito grupo parlamentar, que procura arrastar a democracia para um ponto sem retorno.

(…)

Mas esta violência promovida pela extrema-direita está vista e revista e, agora, finalmente denunciada por todos.

Miguel Guedes, JN

 

A mentira política sempre foi um instrumento de exercício do poder e de luta pela sua conquista. A diferença na mentira totalitária é ser uma produção em massa, dizia Koyré.

(…)

[Hoje] a produção em massa da mentira tornou-se um assunto de mercado, trabalho de marketing e muita ciência atenta aos efeitos de persuasão, de mobilização e seu retorno financeiro.

(…)

A experiência de exterior deixou de importar a não ser que tenha relevância para o mercado.

(…)

A mentira banalizou-se ao ponto de ser moralmente indiferente. O político populista pode mentir e fica a rir.

(…)

Dizem verdades ou falsidades sem qualquer preocupação em validar as informações que veiculam.

(…)

O que, entretanto, se percebeu é que insuflar convicções também produz o mesmo efeito, desde que desligadas do compromisso com a diferença entre dizer verdade e mentir.

(…)

Já nem se trata sequer de defender que a verdade tem de contar pelo lado da emancipação.

(…)

Carregando um pouco mais na ironia, talvez tanto ou mais do que um elogio da verdade nos falte hoje fazer um cauteloso elogio da mentira.

André Barata, “Público” (sem link)

 

Nestes tempos de ataque cerrado aos valores da democracia e ao próprio regime democrático, já perdi a conta ao número de análises histórico-geopolíticas que começam com a clássica afirmação de que “a história não se repete”.

(…)

O reconhecido especialista em nazismo [Johann Chapoutot] traça um paralelo com a atualidade, denuncia o papel fundamental da direita na ascensão de Hitler ao poder e defende que não há fatalidade, mas escolhas de pessoas concretas.

(…)

Fingir que o problema é a 'polarização política', em vez de reconhecer que foi um dos polos que se deslocou para a extrema-direita.”

(…)

Os exemplos são inúmeros de (ir)responsáveis da direita, seja nos EUA, em França ou em Portugal, que assumiram sem complexos a agenda e o vocabulário da extrema-direita.

(…)

Quando vai [a esquerda] deixar de cair nas armadilhas óbvias da extrema-direita e de correr sem fim atrás dos iscos dos casos e casinhos?

(…)

A esquerda tem de entrar na arena, disputar a atenção, ganhar a batalha das ideias, tem de ser força de proposição, e ir para além do “anti”.

(…)

Já não basta ser antifacista, anticapitalista, antirracista ou antimachista. É necessário ser “pró” sem medos, com orgulho.

(…)

Defender com intransigência os valores democráticos.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário