(…)
Apesar de ser vice de quem tentou um golpe, quis dar lições
de respeito por eleições; apesar de andar de braço dado com quem ameaça
jornalistas, manda banir livros e limita a investigação científica, quis dar
lições de liberdade de expressão e pensamento.
(…)
Trump não é um apaziguador assustado, é um admirador e aliado
de Putin.
(…)
O governo das leis garante que a democracia não é uma
ditadura da maioria, que, como sabemos, se transforma sempre na ditadura de uma
minoria.
(…)
E, antes de discutirmos como nos armamos, seria bom
debatermos para que nos armamos e com quem nos armamos.
(…)
É evidente que a Europa não tem de gastar 5% do PIB em defesa.
(…)
Os EUA, (…), não gastam isso.
(…)
A Rússia não o gastava antes de invadir a Ucrânia.
(…)
[Mark Rutte] exige-o agora porque, se o fizermos
rapidamente, teremos de comprar esse armamento aos EUA.
(…)
[A Europa] não se vê como um bloco, mas como a esfera de
influência de duas potências decadentes.
(…)
[A ameaça interna] também é o que nos deve preocupar, e por
isso as próximas batalhas internas por esses valores e pela nossa segurança são
contra a quinta coluna de Trump e Putin nas eleições na Alemanha.
(…)
Contra os representantes de Trump, Putin e Musk devemos fazer
o contrário do que Vance nos exige: apertar a regulação dos instrumentos usados
pelos inimigos da democracia.
(…)
E, já agora, não cometer o erro de, para nos armarmos,
destruirmos o que sobra do Estado social.
(…)
O aumento da despesa em defesa tem de ser pago pelo fim da
corrida fiscal para o fundo, que desonera cada vez mais os mais ricos.
(…)
Se há coisa que a Europa percebeu no pós-guerra é que a
democracia política depende da democracia social.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Está visto que a bancada do Chega não vai descansar enquanto
o bullying não estiver devidamente representado na Assembleia da República.
(…)
Basta recordar a Alemanha nazi para saber que os modos mais
refinados são compatíveis com o pior do ser humano.
(…)
Quem anda pelos lados do Chega diz-se muito conservador, mas
o que se viu foi uma total ausência deste respeito.
Eugénia Galvão Teles, “Expresso” (sem link)
A
extrema-direita continua a contrapor o achincalhamento como forma de destruir a
política parlamentar pela tentativa de criar a percepção de que a sua poluição
interna é algo que se esquece ou que se varre para debaixo do tapete dos
outros.
(…)
Perante
casos monstruosos, penosos ou pitorescos, todos de gravidade aumentada pela
sociopatia e pelo manual de comportamentos desviantes que demonstram, a reacção
é sempre a de falar mais alto enquanto se atira a tudo o que mexe ao redor.
(…)
O Chega pode
querer esquecer que um seu deputado municipal, Nuno Pardal Ribeiro, apoiava a
castração química de pedófilos depois de ter tido relações sexuais com um menor
de 15 anos a troco de 20 euros.
(…)
Pode querer
fazer esquecer que essa mesma pessoa fazia parte do Grupo de Trabalho da
Assembleia das Crianças de Lisboa, enquanto está envolvida num esquema de
prostituição de menores agravada.
(…)
Quererá
fazer esquecer que o deputado Miguel Arruda furtava malas em aeroportos
(…)
O mesmo
deputado que declara “pertencer” ao neonazi Mário Machado.
(…)
Esquecer também que o seu deputado Raul Melo ameaçou de todas
as formas e feitios um militante do partido.
(…)
Esquecer que o deputado João Tilly renega as suas origens e
diz querer nivelar a escola por cima, abandonando os alunos com deficiência ou
necessidades especiais, atirando lama à Escola Inclusiva.
(…)
Quererá esquecer as escandalosas declarações e ofensas
proferidas contra a deputada Ana Sofia Antunes.
(…)
Um pântano, feito grupo parlamentar, que procura arrastar a
democracia para um ponto sem retorno.
(…)
Mas esta violência promovida pela extrema-direita está vista
e revista e, agora, finalmente denunciada por todos.
A
mentira política sempre foi um instrumento de exercício do poder e de luta pela
sua conquista. A diferença na mentira totalitária é ser uma produção em massa,
dizia Koyré.
(…)
[Hoje]
a produção em massa da mentira tornou-se um assunto de mercado, trabalho de marketing e muita ciência
atenta aos efeitos de persuasão, de mobilização e seu retorno financeiro.
(…)
A experiência de exterior deixou de importar a
não ser que tenha relevância para o mercado.
(…)
A mentira banalizou-se ao ponto de ser
moralmente indiferente. O político populista pode mentir e fica a rir.
(…)
Dizem verdades ou falsidades sem qualquer
preocupação em validar as informações que veiculam.
(…)
O que,
entretanto, se percebeu é que insuflar convicções também produz o mesmo efeito,
desde que desligadas do compromisso com a diferença entre dizer verdade e
mentir.
(…)
Já nem se trata sequer de defender que a
verdade tem de contar pelo lado da emancipação.
(…)
Carregando
um pouco mais na ironia, talvez tanto ou mais do que um elogio da verdade nos
falte hoje fazer um cauteloso elogio da mentira.
André Barata, “Público” (sem link)
Nestes
tempos de ataque cerrado aos valores da democracia e ao próprio regime
democrático, já perdi a conta ao número de análises histórico-geopolíticas que
começam com a clássica afirmação de que “a história não se repete”.
(…)
O
reconhecido especialista em nazismo [Johann
Chapoutot] traça um paralelo com a
atualidade, denuncia o papel fundamental da direita na ascensão de Hitler ao
poder e defende que não há fatalidade, mas escolhas de pessoas concretas.
(…)
Fingir
que o problema é a 'polarização política', em vez de reconhecer que foi um dos
polos que se deslocou para a extrema-direita.”
(…)
Os
exemplos são inúmeros de (ir)responsáveis da direita, seja nos EUA, em França
ou em Portugal, que assumiram sem complexos a agenda e o vocabulário da
extrema-direita.
(…)
Quando
vai [a esquerda] deixar de cair nas armadilhas óbvias da extrema-direita e de
correr sem fim atrás dos iscos dos casos e casinhos?
(…)
A
esquerda tem de entrar na arena, disputar a atenção, ganhar a batalha das ideias,
tem de ser força de proposição, e ir para além do “anti”.
(…)
Já não basta ser antifacista, anticapitalista,
antirracista ou antimachista. É necessário ser “pró” sem medos, com orgulho.
(…)
Defender com intransigência os valores
democráticos.
Luísa Semedo, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário