Trata-se
de uma entrevista não presencial, tal como aconteceu em relação aos outros
candidatos, feita pelo Jornal do Algarve, através de perguntas enviadas por
e-mail.
1
– Candidata-se porquê e para quê?
A minha motivação é mostrar
que é possível um concelho bem melhor, apoiando –me nas minhas ideias e crenças
políticas. A minha aposta é transpor o meu discurso para a prática, usar a
minha energia não para criticar, mas para agir. Esta é a minha principal vontade
e compromisso político.
Há uma taxa importante de
participação nas eleições municipais em Portugal, os eleitos municipais têm uma
representatividade de proximidade. Os eleitores, são pessoas que conhecemos,
que podem ser encontradas. Então, eles têm uma
'realidade'; as pessoas
sentem mais preocupação e interesse nas eleições autárquicas do que noutras
eleições. Intuitivamente, eles sabem que a sua opinião será tida em conta.
Eu vejo duas causas para a
perda de confiança no mundo político em geral: por um lado, a grande diferença
entre o discurso e os actos. O discurso político continua a acreditar que o
crescimento económico é ainda possível enquanto as pessoas têm cada vez mais
dificuldades em levar as suas vidas diárias. E, por outro lado, a crença no bem-estar
que na realidade só alguns têm. De repente, as pessoas sentem-se abandonadas,
traídas. É aqui que os eleitos municipais devem fazer a diferença, entregando-se de verdade à
causa das pessoas, dos seus eleitores.
Tenho grande prazer em
disputar este sufrágio municipal, função que não me atrai pelo protagonismo mas
sim pela magia de estar com o povo e para o povo. O que me inspira é aprender a
viver juntos, para aumentar a consciência que o comum está em cada um de nós.
Eu acredito nas pequenas acções, pequenas revoluções não necessariamente
ruidosas, mas que gradualmente se multiplicam para se tornar um padrão de
governo autárquico para Silves. É importante que nos dias de hoje surjam cada
vez mais iniciativas, defendendo a autonomia, um sistema mais justo e novos valores.
Contudo, é também importante que a nível local as políticas tenham um grande
papel a desempenhar para apoiar estas iniciativas e para encorajar a todos na tomada
de responsabilidades para que Silves caminhe na direcção certa, na direcção do
progresso.
2
– Consegue reduzir a sua campanha a uma só ideia?
Democracia
participativa
Administrar, ordenar o
território constitui uma das missões fundamentais de um estado moderno. Gerir
os espaços quotidianos e de proximidade no quadro de descentralização de
democracia local, assegurar o controlo administrativo e financeiro na acção
pública, antecipar o futuro para assegurar um melhor desenvolvimento graças à
perspectiva, devem ser os objectivos essenciais do poder local. Promover debates
populares no concelho e dar o grande salto para uma democracia moderna, dar
definitivamente voz aos munícipes. Melhorar o funcionamento das instituições e melhorar
a compreensão sobre as questões da sociedade e da forma como devemos encontrar
as soluções certas para o município de Silves.
3
– Quais serão as linhas que identifica como prioritárias?
Coesão Territorial, Consulta Popular e
Desenvolvimento
Sustentável.
COESÃO
TERRITORIAL
– Acabar com as assimetrias entre o território urbano; periferia urbana e o
território rural. Devemos propor e promover acordos de reciprocidade no sentido
de estruturar as trocas e complementaridades entre a sede de concelho Silves e
o seu ambiente imediato, as suas freguesias. Ambicionando, apoio a projectos em
benefício de cada território e de acordo com os pontos fortes de cada um,
combinando instituições económicas e parceiros da comunidade e dando mais
credibilidade às políticas públicas. Para que este processo resulte, o Bloco de
Esquerda propõe um reforço de cumplicidade entre a sede de concelho e as suas
juntas de freguesia independentemente do campo político que nelas opere.
As pessoas em primeiro lugar,
este é o único caminho para o sucesso da Coesão Territorial.
CONSULTA
POPULAR –
Todas as decisões tomadas pelo executivo municipal tem um impacto directo na
vida dos munícipes, muitas vezes impactos negativos. É aqui que nos devemos perguntar,
que tipo de sociedade é que nós queremos para nós e para os nossos filhos?
Porque não temos todos, uma
palavra a dizer sobre o que é aprovado ou não no nosso território? É importante
que todos os moradores, de qualquer área do concelho, possam expressar a sua
opinião a fim de contribuir para a escolha do futuro e ambiente que querem para
a sua área de residência. Para isso existem os referendos municipais que
reforçam e melhoram a democracia. Como resultado de uma consulta popular, se o
resultado não tem nenhum valor jurídico de vinculação, é simbolicamente
importante. Se uma grande parte da população apoia ou rejeita um projecto, que
legitimidade têm os decisores para ir contra o voto popular? Acima de tudo é um
exercício de democracia participativa. As autoridades municipais devem assumir
um compromisso leal e verdadeiro para com os munícipes.
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Os problemas de hoje
aumentarão e são diversificados devendo apostar na correcção dos mesmos para um
caminho mais inclusivo nas áreas que directamente ou indirectamente regem a
vida dos cidadãos.
O Bloco de Esquerda de Silves
propõe, desenvolver e aplicar em conjunto com a sociedade civil, empresarial e
o estado, programas de desenvolvimento baseado nos valores patrimoniais ecológicos
e urbanos, nos produtos locais e saberes tecnológicos ancestrais que se vão perdendo,
e aplicar e desenvolver acções de incentivo do auto emprego das populações ou programas
de fixação da população em locais onde o despovoamento se acentue, erradicação de
pobreza, para que de uma forma económica equilibrada criar mais-valias para as populações
das freguesias do município de Silves possuam melhor qualidade de vida. Sem
deixar de ter em atenção a aplicação de acções de prevenção e correcção de
riscos naturais.
4 – O que pode fazer de tão diferente que os outros
candidatos não possam estando na liderança do concelho?
Reservo-me o direito de
colocar esta questão de outra forma. “ o que pode fazer de tão diferente ?”.
Considero que esta seria a pergunta certa e que vai ao encontro do meu modo de estar
na política. A questão do que os outros candidatos possam fazer ou não, será
uma questão que lhes terá que colocar a eles. A respeito de quem está na
liderança do concelho, o que podem fazer ou não é relativo, e o querer? Será
que existe realmente vontade política para colocar o concelho no lugar que lhe
é merecido? Será que temos mais uma vez a velha máxima de que depois de
eleições ganhas é deixar passar os quatro aninhos que já cá cantam e depois
logo se vê?
O que posso fazer de tão
diferente? Por exemplo aplicar a minha experiência de vida internacional. Vivi
na Suiça até aos meus 18 anos, mais propriamente em Genebra. Já trabalhei em
vários países da Europa, nomeadamente França, Inglaterra, Itália. Posso
garantir-lhe que muito aprendi sobre sociedade moderna e sobre como viver nela.
Desde a desburocratização que existe noutros países e que simplificam de
verdade a vida das pessoas, em Portugal continua um horror para se tratar seja
o que for. O rigor urbanístico que em Portugal só em sonhos, porque o poder
local continua a ceder a favores, mostrando que o fim, ou pelo menos uma
diminuição significativa da corrupção no poder local é uma miragem. O respeito
pelo ambiente é uma realidade em vários países da Europa, enquanto em Portugal
continuamos aquém de alcançar um bom nível. O encaminhamento dos jovens para as
mais variadas profissões, mas a sério. Em Portugal colocou-se na ideia dos
jovens que todos têm que ser doutores, infelizmente tudo não passa de
estatística.
O poder local tem cada vez
mais importância e obrigação de responder às necessidades das populações. Pois
é nos municípios que tudo começa.
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