domingo, 22 de agosto de 2021

MAIS CITAÇÕES (143)

 
Não houve momento de maior avanço para os direitos das mulheres afegãs do que o regime comunista.

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Como na Pérsia de Reza Pahlavi ou na Turquia de Atatürk, apoiadas pelo Ocidente, a secularização foi forçada e repressiva. E as mulheres ganharam com ela.

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No início dos anos 80, um cartaz da norte-americana Afghan Freedom Figherts Fund pedia apoio financeiro ao “corajoso povo do Afeganistão no seu combate pela liberdade contra a agressão e ocupação soviéticas”.

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A resistência “pró-ocidental” [no Afeganistão] incluía fanáticos estrangeiros como Bin Laden.

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E ali nasceu a Al-Qaeda (e do caos posterior, os talibãs), graças ao apoio da CIA e da ISI paquistanesa. Sabiam bem que monstro alimentavam.

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Nos quatro anos entre a queda do regime comunista e a chegada dos talibãs ao poder as mulheres foram logo perdendo direitos. 

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20 anos de ocupação [ocidental] não travaram o islamismo radical e o terrorismo, que não parou de crescer até 2014. 

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Até a produção de droga disparou.

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Como é que 20 anos de proteção ocidental não produziram qualquer resistência ao regresso da tresloucada barbárie talibã? Sem responder a isto nunca se perceberá o erro cometido. 

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Duas décadas depois da aventura no Afeganistão e no Iraque, a propaganda do papel civilizador do império benigno ainda rende.

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E para disfarçarem as responsabilidades deste fracasso, pintam de humanitária e feminista uma ocupação que sempre foi imperial.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A TAP está a transformar-se no maior problema político do Governo.

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Pelo custo fiscal, pela incerteza quanto à salvação, pela subordinação a Bruxelas — e pelos cortes nos trabalhadores que falta saber.

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Este [Governo] cometeu um erro grave, o de fazer compromissos que não pode garantir. 

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Entretanto, desde o início da pandemia, 1700 contratados a prazo foram descontratados no prazo e centenas assinaram rescisões amigáveis.

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Haverá mais rescisões? Um despedimento coletivo? Os acordos de empresa terão de ser cerceados? A questão não é “se”, é quanto. Ou quantos.

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A TAP perderá slots, mas sobretudo poderá ter de cortar mais algumas centenas de milhões de custos para equilibrar o esforço da empresa com o do Estado.

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A demissão no sindicato de pilotos da TAP só adiou a ameaça de greve.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

A grande maioria de nós compreende que as vacinas são a melhor ferramenta que temos para sair desta pandemia.

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Em países onde o nível de cobertura vacinal é elevado, como é o caso português, o resultado das vacinas é real. 

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Quando uma pandemia deixa de ser uma ameaça grave à vida nos países mais ricos, a urgência diminui e as prioridades alteram-se.

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Temos de nos questionar quando hoje falamos num reforço imediato da vacina (a chamada 3ª dose) ou em vacinar os mais jovens, enquanto a cobertura de vacinação continua inexistente nos países de baixo rendimento.

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A verdade é que quando nós próprios não conseguimos sair do círculo vicioso de nós e mais nós e sempre nós e só muito depois talvez (e por caridade) o resto do mundo, o que esperar daqueles que são eleitos por nós?

Maria Manuel Mota, “Expresso” (sem link)

 

O que se consumou por estes dias no Afeganistão, (…), foi uma enorme e humilhante derrota política dos Estados Unidos da América.

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Durante vinte anos foi possível manter em Cabul um governo apoiado na força das armas, que ainda assim tomou medidas justas.

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O regime, de facto, jamais teve autonomia, sempre mergulhado na corrupção e na instabilidade.

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Os seus tutores justificavam agora a presença, já não pela necessidade de represálias e de prevenção, mas pelo desejo de impor uma ordem política artificial, avessa à história, à sociedade e à cultura afegãs.

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Ao reconhecer agora não se poder impor um modelo de sociedade a quem o não deseje, o próprio Joe Biden assinou por baixo a certidão de óbito do regime, cuja morte Trump determinara já quando decidiu retirar.

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Adivinha-se inevitável uma regressão dos direitos políticos e sociais dos afegãos, em particular os das mulheres, bem como o regresso à cultura das trevas determinada pela leitura rigorista do Alcorão e das normas da «sharia».

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Forma alguma de emancipação se obtém com invasões destinadas a impor um modelo de sociedade, mas também não pode conseguir-se abandonando aqueles que nela acreditaram às mãos dos seus algozes.

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[Russos e chineses] não estão ali para defender o pluralismo, sustentar direitos ou ajudar as mulheres e os homens do Afeganistão.

Rui Bebiano, “Diário as beiras”

 

Costuma dizer-se que o Afeganistão é um cemitério de impérios, quando na verdade é apenas a vala comum onde os sonhos vão a enterrar anonimamente.

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Os landay são uma forma tradicional de poesia no Afeganistão, sobretudo dos pashtun, a etnia maioritária.

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Em pashtun, landay quer dizer pequena cobra venenosa, o que define bem este curto poema, normalmente carregado de sarcasmo.

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Para as mulheres, muitas vezes roubadas à escola, os landay serviram e servem de grito de revolta.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Nestes dias de ira totalitária disfarçada de alguma candura, os taliban já mandam no Afeganistão e irão impor ao país que se reze cinco vezes. André, segundo o Facebook do Chega de Vila Real, reza todo o dia. Amen.

Domingos Lopes, “Público” (sem link)


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